19 de julho de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

O APERFEIÇOAMENTO DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA PARA O ACOLHIMENTO

 

ESPECIALIZANDO: DARINA RODRIGUEZ BRINGA

ORIENTADOR: ISAAC ALENCAR PINTO

 

Nessa microintervenção II irei relatar a proposta de capacitação para o acolhimento da equipe e quais os efeitos essa proposta teve mediante a atenção em saúde realizada pela Unidade.

Acolher não é tão simples como se imagina, depende muito de cada profissional e de sua capacitação para lidar com determinados casos de usuários que procuram a Unidade e esperam pelo melhor atendimento possível.

Dessa forma, esta microintervenção se torna relevante pois irá partir do pressuposto de que acolher resulta na integralidade do cuidado e permite melhor acesso do usuário a Rede de Atenção em Saúde ofertada pela ESF.

Segundo o Ministério da Saúde (2011), com a Política Nacional de Humanização (PNH), afirma que acolhimento é uma diretriz que não necessita de precedentes para que seja executado, bem como nenhum profissional qualificado para tal prática. Pode ser definido como a junção dos serviços de saúde, tanto como primeiro contato, quanto o resultado dessa junção. Acolher e um compromisso de resposta as necessidades dos cidadãos que procuram os serviços de saúde.

Alguns autores afirmam usar o acolhimento como uma estratégia para atendimento à demanda espontânea. No processo de acolher, o primeiro contato estabelecido com o usuário permite avaliar a satisfação dos usuários referente ao atendimento prestado, sendo visto como uma importante ferramenta gerencial capaz de regular fluxos e contribuir para organização do processo de trabalho, possui um potencial transformador de práticas (SILVA; ROMANO, 2015).

Segundo Coutinho, Barbieri e Santos (2015), o acolhimento surgiu a partir das discussões sobre a reorientação da atenção à saúde, sendo elemento fundamental para a reorganização da assistência em diversos serviços de saúde, direcionando a modificação do modelo tecno-assistencial. É um dispositivo que está inserido na Política de Humanização do Ministério da Saúde (HumanizaSUS), e que vai além da recepção ao usuário, pois considera toda a situação da atenção a partir da entrada deste no sistema.

Para que o acolhimento seja presente e recorrente na unidade de saúde, é preciso que tenha contato direto e vínculos estreito com as equipes de saúde para que seja discutido a forma como está sendo implantado e, com empatia, sobre qual o caminho que o paciente está percorrendo dentro na unidade, ou seja, como ele chega, como e recepcionado, quem o recepciona, orienta e instrui, para onde tem que ir depois do atendimento.

Para isso, foi necessário elaborar uma capacitação com a equipe, convocando uma reunião com a presença da médica, enfermeira, técnica de enfermagem, agentes comunitários de saúde (ACS) (8), com o objetivo de discutir como está sendo feito o atendimento e acolhimento no serviço e esclarecer dúvidas a respeito de como acolher de forma humanizada.

Essa reunião de capacitação durou cerca de 3 horas, na qual foi realizada no período da tarde no dia 21/06/2018, na própria unidade de saúde, e que teve como método de planejamento o seguinte cronograma:

 

Temas da reunião

Capacitador

Capacitados

Acolhimento e rede HumanizaSUS

Médica da UBS

Enfermeira, Técnicos de enfermagem, Agentes comunitários de saúde, recepcionista.

A integralidade do cuidado

Médica da UBS

Enfermeira, Técnicos de enfermagem, Agentes comunitários de saúde, recepcionista.

Acesso avançado

Médica da UBS

Enfermeira, Técnicos de enfermagem, Agentes comunitários de saúde, recepcionista.

Fonte: próprio autor.

 

            A princípio, a equipe ficou apreensiva com a reunião, achando que se tratava de sermões ou para reclamar do serviço de alguém. Mas logo foi esclarecido que precisávamos trabalhar com o acolhimento na demanda espontânea e que seria realizado uma capacitação para tirar as dúvidas e formar profissionais plenos no atendimento.

            Com o tema “Acolhimento e rede HumanizaSUS”, a equipe se sentiu familiarizada, mas os Agentes Comunitários de Saúde relataram estarem com dificuldades em realizar o acolhimento nas visitas domiciliares. Suas dúvidas foram sanadas.

            Sobre a “integralidade” do cuidado, todos sentiram-se familiarizados, pois trabalhamos de forma multidisciplinar, onde um auxilia no serviço ou atendimento do outro, proporcionando um cuidado integral. A equipe recebeu muito bem este tema e não apresentou dificuldades em compreendê-lo.

            Sobre o “acesso avançado”, toda a equipe apresentou dúvidas e dificuldades para compreender essa proposta. Foi repassado que a Unidade funcionaria melhor e melhoraria seu acolhimento se o acesso fosse avançado, no qual os usuários seriam atendidos no mesmo dia, se possível, reduzindo o número de consultas agendadas.

          Em minha equipe não existia uma programação das consultas, todo atendimento era por demanda espontânea, pois não existia um adequado acompanhamento dos pacientes com doenças crônicas não transmissíveis, saúde mental, pré-natal, C e D, os pacientes não eram recepcionados adequadamente, existindo a dificuldade com a triagem dos mesmos.

A agenda programada da minha Equipe funciona da seguinte forma:

 

Horário

Segunda-Feira

Terça-feira

Quarta-feira

Quinta-feira

Sexta-feira

Manha

C e D

HIPERDIA

Saúde Mental

Pré-natal

Especialização

Tarde

Demanda Espontânea

Demanda Espontânea

Grupo de idoso/ D.Esp.

Visita Domiciliar

Especialização

  Fonte: autor próprio

 

 

Após a realização da reunião, começamos com a nova programação de consultas e a princípio foi um pouco difícil, pois os pacientes não estavam acostumados. Houve melhora significativa do acolhimento dos pacientes, a triagem passou a ser feita pela técnica de enfermagem sendo organizada e de boa qualidade. Houve melhora com as consultas sendo programadas e de demanda espontânea, deixando espaço para as urgências, colocando em prática o acesso avançado.

Portanto, podemos concluir que essa capacitação foi muito proveitosa e teve efeito positivo sobre a equipe que melhorou em 80% o ato de acolher os usuários atendidos, que relatam haver uma melhora no atendimento da unidade.

O Acolhimento como parte da integralidade vai influenciar diretamente o processo de trabalho, que de maneira geral, é o modo como desenvolvemos nossas atividades profissionais, o modo como realizamos o nosso trabalho.  Na prática, por exemplo, referente a integralidade e hierarquização, minha Unidade Básica de Saúde está inserida no primeiro nível da atenção e configura-se como a “porta de entrada” preferencial do sistema, ou seja, o serviço de saúde com o qual os usuários têm o primeiro contato.

A gestão da unidade está sempre articula para outros níveis de atenção secundaria dos problemas ou casos particulares de pacientes, como por exemplo pacientes com problemas visuais, psiquiátricos ou de câncer para assim regular consultas de atenção especializada já que nossos reguladores não podem conseguir vaga para essas especialidades. Dessa forma, a equipe onde estou inserida vem atuando acolhendo da melhor forma possível os pacientes e procurando orientá-los, para que a integralidade possa realmente acontecer.

Como potencialidade na realização dessa microintervenção relato a disposição da equipe e sua motivação em sempre querer evoluir e melhorar a capacidade de atendimento da unidade, pois sem uma parceria e comprometimento nada seria possível.

Como fragilidades, posso perceber que o tempo que cada um da equipe dispõe para realizar suas funções é curto, devido a muitos atendimentos em nosso território, mas que se mantivermos a multidisciplinaridade e acolhimento, conseguiremos elevar o nível e atender cada vez melhor os usuários de saúde.

Conclui-se com essa microintervenção que é preciso também ter acolhimento dentro da equipe para haver fatores favoráveis ao próprio trabalho em equipe, tais como: dar e pedir sugestões e ideias, responder aberta e francamente, encorajar e aceitar contribuições, envolver todos os membros, registrar informações e relacionar ideias, ouvir tão bem quanto falar, estar aberto a críticas, envolver se com as atividades, respeitar diferentes opiniões e pontos de vista, compartilhar responsabilidades, comunicar se de forma clara e oportuna, identificar e trabalhar as dificuldades pessoais, ser propositivo e positivo.

É preciso também ter acolhimento dentro da equipe para haver fatores favoráveis ao próprio trabalho em equipe, tais como: dar e pedir sugestões e ideias, responder aberta e francamente, encorajar e aceitar contribuições, envolver todos os membros, registrar informações e relacionar ideias, ouvir tão bem quanto falar, estar aberto a críticas, envolver se com as atividades, respeitar diferentes opiniões e pontos de vista, compartilhar responsabilidades, comunicar se de forma clara e oportuna, identificar e trabalhar as dificuldades pessoais, ser propositivo e positivo.

 

REFERENCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Diário Oficial [da] União. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2011.

COUTINHO, Larissa Rachel Palhares, BARBIERI, Ana Rita e SANTOS. Acolhimento na Atenção Primária à Saúde: revisão integrativa. Saúde em Debate [online]. 2015, v. 39, n. 105 [Acessado 3 Julho 2018] , pp. 514-524. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0103-110420151050002018>. ISSN 2358-2898. https://doi.org/10.1590/0103-110420151050002018.

SILVA, Tarciso Feijó da e ROMANO, Valéria Ferreira. Sobre o acolhimento: discurso e prática em Unidades Básicas de Saúde do município do Rio de Janeiro. Saúde em Debate [online]. 2015, v. 39, n. 105 [Acessado 3 Julho 2018] , pp. 363-374. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0103-110420151050002005>. ISSN 2358-2898. https://doi.org/10.1590/0103-110420151050002005.

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