NOVA VISÃO SOBRE ACOLHIMENTO E ORGANIZAÇÃO DA AGENDA
ESPECIALIZANDO: CAROLINE PIRES ALVES
ORIENTADOR: CLEYTON CEZAR SOUTO SILVA
Um dos princípios do SUS é o de resolutividade, representado pela capacidade dos serviços em solucionarem as demandas dos pacientes. Esse princípio também se aplica à atenção primária, que como porta de entrada do sistema, deve contar com uma resposta rápida à demanda da população. A Estratégia de Saúde da Família, como meio para melhorar sua resolutividade vêm repensando a forma de programar sua agenda. Onde antes predominavam as consultas agendadas, hoje tende a ser substituída gradativamente pelo conceito de acolhimento à demanda espontânea (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).
Para garantir sua resolutividade, tendo em vista a complexidade de situações e demandas às quais é exposta, a Atenção Básica deve lançar mão de uma variedade de serviços para conseguir contemplar de forma efetiva cada cidadão que busca atendimento, adequando-se, assim, à realidade de sua comunidade. Para tal feito, a equipe de saúde da família deve ter também uma capacidade ampliada de escuta (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).
Nesse contexto, surge o conceito de acolhimento, que não tem uma definição exata, mas consiste, em geral, de uma prática inserida nas relações de cuidado entre os membros da equipe de saúde e usuários. O acolhimento sempre existe, porém a forma como é realizado difere entre os diversos serviços e pode classifica-lo em bom ou ruim (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).
O objetivo da intervenção foi realizar o aperfeiçoamento da equipe, a partir da apresentação do modelo de acolhimento à demanda espontânea e acesso avançado e discutir formas de melhorar o acesso do usuário e a resolutividade da equipe, adequando à realidade local.
A intervenção proposta foi realizar o aperfeiçoamento da equipe, instruindo-a sobre o funcionamento e conceito de demanda espontânea e, dessa forma, levantando possibilidades para implantação gradual desse sistema no serviço.
O atual modelo de agenda constitui-se quase 100% de consultas agendadas, sendo os atendimentos por demanda espontânea realizados quando há procura dos pacientes para solução de situações que exigem resolução imediata ou o mais breve possível. Os dias de consulta são divididos de acordo com os programas de atenção à saúde (HIPERDIA, pré-natal, atendimento pediátrico, dentre outros). O agendamento ocorre de duas formas: Na própria unidade em dia da semana específico ou por meio dos agentes comunitários de saúde, que agendam segundo necessidades verificadas em suas visitas ou quando são contatados pelos pacientes.
Durante a reunião, a primeira etapa tratou sobre o modelo de agendamento atual, e a opinião de cada membro sobre seu funcionamento, vantagens e desvantagens. Foi questionado sobre a abrangência do modelo e se este realmente atendia de forma universal às necessidades da população.
A maioria dos membros concordou que o atual modelo tem falhas de acesso que diminuem nossa resolutividade. Pacientes que buscam atendimento com certa queixa, acabam sendo atendidos quando esta já foi resolvida espontaneamente, ou pacientes que esperam semanas por uma consulta apenas para solicitação de exames de rotina ou encaminhamento a serviços especializados.
Em um segundo momento, foi solicitado que os membros propusessem formas de aprimorar o acesso da população à consulta médica ou outros serviços da unidade. Os ACS divergiram quanto ao melhor modelo de agendamento, pois alguns preferiam o modelo antigo em que as consultas eram agendadas apenas para a semana vigente, não havia consultas de retorno e a responsabilidade de agendamento era exclusiva das técnicas em enfermagem, que o realizavam em um dia específico da semana na unidade de saúde. Outros concordaram que a abertura de espaço para agendamento por meio de contato direto com eles, facilitava o acesso à população, uma vez que durante as visitas eles podiam notar a necessidade de consulta até mesmo para aqueles pacientes que não pensavam em buscar atendimento.
Foi então apresentado o modelo de acolhimento à demanda espontânea e discutido as vantagens, desvantagens e dificuldades de implantação.
As possíveis vantagens percebidas pela equipe foram: aumento do número de atendimentos; maior facilidade de acesso à população no momento em que surgir a queixa ou demanda; redução da possiblidade de filas; e maior contato com a população.
As possíveis dificuldades encontradas no processo de implantação da mudança foram:
Apesar de se tratar de um processo de mudança e adaptação difícil, acreditamos que com a entrega do novo espaço, poderemos organizar o processo de trabalho e introduzir gradualmente o acesso avançado. Com a aceitação da equipe, aumentaremos o número de atendimentos da semana, identificaremos melhor o perfil de demanda da comunidade, o que trará subsídios para elaboração de projetos e planos de ação, além de aprimorar o atendimento e resolutividade da equipe. O processo de implantação pode ser lento, mas deve ser iniciado e implantado de acordo com a realidade local.
Espera-se que em um futuro próximo, possamos implantar novas técnicas de acolhimento, trazendo à população facilidades crescentes de acesso, maior contato com a equipe e, consequentemente, maior resolutividade, com demandas resolvidas em curto prazo e com maior eficiência.
REFERÊNCIAS: