TÍTULO: APERFEIÇOAMENTO DA EQUIPE PARA IMPLANTAR O ACOLHIMENTO
EPECIALIZANDO: AYLEN ALENIA MASSAGUE FUENTES
FACILITADOR: ISAAC ALENCAR PINTO
A Política Nacional de Humanização propõe este tema da Humanização como prática norteadora em saúde. E nele está inserido o acolhimento como nova proposta para a Estratégia de Saúde da Família de forma a escutar os usuários, assumindo uma postura que implica em acolher e oferecer respostas adequadas a estes (BRASIL, 2006).
O acolhimento é uma das ferramentas utilizadas no processo de trabalho em saúde, com objetivo de atender a todos os pacientes que procuram o serviço de saúdes na atenção básica, mas para isto acontecer é preciso que crie espaços de escuta, ou seja, de abertura entre o profissional e o paciente, e a partir disso começar os laços de vínculo, confiança, humanização no atendimento e dar solução aos problemas dos usuários. Pois sabe-se que o acolhimento merece atenção especial dentro da equipe: o mesmo é tido como ponto central no atendimento ao usuário (TEIXEIRA, 2008).
Através do acolhimento espera-se desempenhar o exercício dos princípios do SUS de universalidade e equidade na relação entre serviços de saúde com os usuários (CAMPOS et al, 2010). Com isso o paciente sente-se acolhido através da forma como ele é escutado pois muitas vezes ele chega na UBS (Unidade Básica de Saúde) aflito, nervoso e não há escuta qualificada pelos profissionais da Atenção Básica. Há uma “acolhida” rápida que se resume apenas na prescrição de medicamentos.
Diante disso optei por descrever um aperfeiçoamento oferecido à equipe para implantar o acolhimento na UBS em que estamos inseridos. Com isto temos como objetivo implantar na UBS Centro I no município de Alexandria –RN, o fluxograma de acolhimento (anexo I) baseado na demanda espontânea visando: facilitar o processo de trabalho em saúde de forma a atender todas as pessoas que procuram os serviços de saúde; e aprimorar a relação entre usuário e equipe de saúde, estreitando o vínculo entre ambos.
A microintervenção foi realizada com a equipe composta pela Médica, Enfermeira, Técnica de Enfermagem, cinco Agentes Comunitários de Saúde, Dentista, uma Auxiliar de Saúde Bucal, Diretora da Unidade e três Recepcionistas na sala de reunião da Unidade Básica de Saúde e foram detectados os problemas existentes na área como: o elevado número de atendimentos ,a inexistência da classificação de risco para o acolhimento, ou seja, a falta da identificação das necessidades dos usuário para o acolhimento, conforme preconizado pela Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde (BRASIL, 2006).
Atualmente, o modelo de recepção da nossa UBS está baseada no modelo de filas, no qual o acesso dos usuários para serem atendidos pelas especialidades como médica, enfermeira, dentista ocorre através de fichas que são entregues pela recepção da UBS.
No geral, escutar o usuário e dar informações são ações que muitas vezes ficam a cargo da Enfermeira, que é sobrecarregada e trabalha sem o auxílio dos outros membros da equipe. Isso ocorre devido à falta de implementação da política de educação continuada para os profissionais, o que estimularia o planejamento de ações que visem escutar melhor o usuário.
Nesse sentido, o acolhimento é uma ação mais ampla do que a garantia do acesso á unidade pois ela pressupõe modificações no processo de trabalho da equipe de saúde e não se limita apenas no ato de receber, mas também a uma sequência de ações e modos que compõem o processo de trabalho em saúde. Dentre essas ações destacamos a primeira ação da acolhida na recepção da UBS informando ao paciente os serviços de saúde que são ofertados no município e logo em seguida, o paciente ser encaminhado para o que ele deseja acessar.
Tendo como ponto de partida a escuta do profissional para o usuário, a ideia é ouvir as suas angústias, avaliar o indivíduo do ponto de vista biopsicossocial: a sua relação com a sua família e sociedade, o meio que ele convive e que interfere no processo saúde-doença.
Uma das principais dificuldades que encontramos na nossa equipe em realizar o acolhimento é devido à alta demanda da população na demanda espontânea que, na maioria das vezes, dá-se através da busca de prescrição por remédios controlados, devido uma cultura existente no munícipio de Alexandria-RN. Esse fato sobrecarrega o trabalho em equipe e reduz o tempo de escuta do profissional e usuário, que muitas vezes não existe, colocando em risco a saúde deste usuário.
Outra dificuldade enfrentada pela equipe é o espaço físico inadequado da UBS que interfere no processo de trabalho pois existem duas Equipes de Saúde da Família funcionando em um mesmo local. Por exemplo: na coleta do exame citopatológico existe uma única sala para as enfermeiras realizarem esse procedimento, e não há privacidade do usuário com relação a este exame.
Durante a formação da implementação do fluxograma do acolhimento percebeu-se a resistência de alguns profissionais da enfermagem como a técnica de enfermagem em não aceitar em colocar a prática o acolhimento como o primeiro espaço de escuta a este usuário, relatando que é uma perca de tempo e de espera deste usuário em ser atendido pela consultas médica e de enfermagem.
Concomitante a implantação do acolhimento faz com que haja o deslocamento de algumas opiniões ou decisões da equipe que, antes, eram centradas no médico para outros profissionais, como os da enfermagem, o que pode não ter uma boa percepção pelos usuários.
Como aprendizado, a equipe percebeu que não havia acolhimento na UBS, o que existia eram uma enorme fila de pessoas no posto de saúde para serem atendidas, e com esta problemática a equipe começou a discutir o diagnóstico situacional do território e estabelecer estratégias para o enfrentamento dos problemas existentes com gravidez na adolescência, alto índice de drogas na adolescência, baixa cobertura vacinal nas crianças, a ausência de alguns pacientes portadores de hanseníase, doenças cardíacas e etc.
Portanto construímos um fluxograma de acolhimento (anexo I) de acordo com a necessidade da população na nossa UBS de forma a pôr em prática o vínculo e a corresponsablização da continuidade no cuidado para com os usuários. A construção deste fluxograma contribui de forma significativa para a tomada de decisões sobre o acolhimento, bem como a escuta qualificada e organização do processo de trabalho de saúde de forma a eliminar barreiras que dificultem o acesso aos serviços.
REFERÊNCIAS:
BRASIL, Ministério da Saúde. Acolhimento nas práticas de produção de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
CAMPOS, G. W. S. et al, Acolhimento e (des)medicalização social: um desafio para as equipes de saúde da família. Ciênc. saúde coletiva vol.15 supl.3 Rio de Janeiro Nov. 2010.
TEIXEIRA,S .M .Envelhecimento e trabalho no tempo do capital: implicações para a proteção social no Brasil .São Paulo:Cortez,2008.326 p.
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