Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Secretaria de Educação à Distância – SEDIS
Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde – LAIS
Programa de Educação Permanente em Saúde da Família – PEPSUS
Curso de Especialização em Saúde da Famíla
Especializando – Álvaro Rodrigues de Freitas
Orientadora – Maria Helena Pires Araujo Barbosa
CAPÍTULO II: Acolhimento à Demanda Espontânea e Programada
O acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade e resolutivos é um dos fundamentos/diretrizes da Política Nacional da Atenção Básica (PNAB). Com a implementação dessa política a Estratégia Saúde da Família (ESF) tornou-se a porta de entrada aberta e preferencial da Rede de Atenção à Saúde (RAS). Ela visa à reorganização da atenção básica, de acordo com os princípios do SUS (BRASIL, 2012).
Sabe-se que a ampliação da Atenção Primária à Saúde (APS) por meio da ESF aumentou o acesso ao cuidado. No entanto isso ainda pode ocorrer de maneira precária devido a insuficiência da oferta de serviços do sistema público de saúde, diante da alta demanda (TESSER; NORMAN, 2014). Uma APS resolutiva depende principalmente de um acesso facilitado, que promova a vinculação e corresponsabilização pela atenção as necessidades de saúde da população. Segundo Brasil (2012), o serviço de saúde deve se organizar para proporcionar a população o acolhimento, a escuta qualificada, a resolução da maioria dos seus problemas de saúde e/ou reduzir danos, e a responsabilização pela resposta, mesmo que seja ofertada em outros pontos da RAS, por meio do acesso.
Para isso, faz-se necessário estabelecer estratégias para que os usuários alcancem suas necessidades de saúde em tempo hábil e isso requer compromisso entre gestores, profissionais e usuários. Uma das estratégias para qualificar o acesso no cotidiano dos serviços de saúde é o Acesso Avançado (AA) que é um sistema de agendamento médico que consiste em agendar os usuários para serem atendidos no mesmo dia ou em até 48 horas após o seu contato com o serviço de saúde (VIDAL, 2013).
Entendendo a importância dessa ferramenta para a melhoria do acesso da população adscrita da Unidade Básica de Saúde (UBS) Centro, localizada no município de Campo Redondo/Rio Grande do Norte, a equipe de saúde optou em implementar o modelo do acesso avançado. Esse modelo de agendamento tem como objetivos reduzir o tempo de espera por uma consulta médica, diminuir o número de faltas às consultas médicas e aumentar o número de atendimentos médicos da população (VIDAL, 2013).
Antes, o acesso à consulta médica era feito por meio da distribuição de fichas aos usuários. Para conseguir essa ficha, os mesmos chegavam a UBS durante a madrugada. E isso era motivo de inúmeras reclamações. Reconhecendo essa problemática, a equipe de saúde da unidade se mobilizou para implementar esse tipo de agendamento tendo em vista principalmente as consulta médica, de enfermagem e odontológica que teve início em outubro de 2017.
Assim, o agendamento de consulta deixou de ser por meio de fichas e passou a ser por demanda espontânea e programada. Sendo assim, as de demandas espontâneas são realizadas no momento em que o usuário procura a UBS e, quando não for possível, em até 24 (vinte quatro horas). Já as programadas são os usuários que fazem parte dos programas hiperdia, diabetes, pré-natal, saúde mental, planejamento famíliar, crescimento e desenvolvimento da criânça (CD). Além disso há as visitas domiciliares realizadas as pessoas acamadas e que estão no momento com dificuldade de deambular, como por exemplo, as visitas domiciliares para a puérpera. Essas consultas dos programas citados acima continuam sendo feitas por agendamento pelo motivo de se ter um cuidado contínuo. Entretando, se algumas delas precisar de algum atendimento por algum profissional da unidade, se não atendida no dia, ela será atendida no prazo máximo de 24 horas.
Para realização desta microintervenção primeiramente foi realizado um estudo do perfil da demanda espontânea e programada da unidade. A equipe da UBS passou por uma capacitação referente à temática e foram realizadas palestras, tendo como público-alvo os usuários. Para apresentar a nova forma de agendamento de consultas médicas, de enfermagem e odontológica, a equipe desenvolveu um fluxograma de atendimentos principalmente para a demanda espontânea. Ao chegar o indivíduo vai ser acolhido por um profissional treinado para fazer uma classificação de risco. Caso o usuário seja classificado com as cores vermelha (emergência), laranja (muito urgente) e amarela (urgente), será atendido no mesmo dia. O indivíduo que for classificado com a cor verde (pouco urgente), será atendido no máximo em 24 horas, e o que tiver a cor azul (não urgente), será atendido no máximo em 48 horas.
Passaram-se 7 (sete) meses após o início da implementação do modelo acesso avançado e já foi possível perceber que a avaliação da população está sendo positiva. O número de consultas médicas, de enfermagem e odontológica aumentou em comparação ao modelo de agendamento utilizado anteriormente. O atendimento tornou-se mais dinâmico, proporcionando uma atenção mais qualificada e resolutiva, favorecendo o vínculo e o tratamento dos problemas de saúde em tempo hábil.
REFERÊNCIAS
VIDAL, Tiago Barra. O ace BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde mais perto de você: acesso e qualidade Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica(PMAQ). Brasília: Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/manual_instrutivo_pmaq_site.pdf. Acesso em: 20 de maio de 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional da Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.
TESSER, Charles Dalcanale; NORMAN, Armando Henrique. Repensando o acesso ao cuidado na Estratégia Saúde da Família. Saúde Soc. São Paulo, v. 23, n. 3, São Paulo, 2014, p. 869-883. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v23n3/0104-1290-sausoc-23-3-0869.pdfsso avançado e sua relação com o número de atendimentos médicos em atenção primária à saúde (Dissertação). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Porto Alegre, 2013. 86 p. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br>. Acesso em: 17 de maio de 2018
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