29 de julho de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

RELATO DE EXPERIÊNCIA

 

 

TÍTULO: Microintervenção para melhoria do controle glicêmico e prevenção do pé diabético na Unidade de Saúde da Família do Povoado Barriga em Tobias Barreto – Sergipe.

 

ESPECIALIZANDO: WEDJA CARLA DO CARMO

 

ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO

 

COLABORADORES: MURIEL LIMA DO NASCIMENTO

    FLÁVIA EMILIA TEODOZIO NUNES

 

A equipe do ESF 11 do município de Tobias Barreto/Sergipe se reuniu para discutir uma melhor forma de intervenção e monitoração ao diabetes melito em nosso território, pois existem indivíduos acometidos pela doença que não apresentam acompanhamento periódico, ou não compreendem a doença como um todo. Então, criamos um cronograma com medidas programadas de ações para facilitar a assistência a estes indivíduos, de forma individual e conjunta.

O diabetes melito é um distúrbio metabólico crônico e complexo caracterizado por comprometimento do metabolismo da glicose, associado a uma variedade de complicações. Estas complicações crônicas são diretamente condicionadas à duração do diabetes, à presença de hipertensão arterial, ao descontrole glicêmico, ao tabagismo, aos hábitos de vida, entre outros fatores e condições.

Devido a suas sequelas, o pé diabético, uma grave complicação do diabetes melito, é a complicação mais frequente em nosso território e de maior vigilância. Conceituado no glossário do Consenso Internacional como infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos moles associados a alterações neurológicas e vários graus de Doença Arterial Periférica(DAOP) nos membros inferiores.

O aparecimento de pontos de perda da sensibilidade protetora plantar, podem ou não evoluir com o aparecimento de úlceras como consequência da neuropatia diabética, uma das mais devastadoras complicações crônicas cujo risco de amputação é 15 vezes maior quando comparados com não diabéticos correspondendo a 70% das amputações não traumáticas.

A assistência à saúde dos diabéticos é uma atividade de fundamental importância em função da vulnerabilidade do ser humano. As complicações nos pés causam impacto na qualidade de vida da pessoa e no sistema de saúde, pois geram encargos e custos financeiros com internações prolongadas. Nessa vertente, o autocuidado e a avaliação dos fatores de risco por parte da equipe multiprofissional de saúde são medidas necessárias para a detecção precoce e prevenção do pé diabético (ANDRADE; MENDES; FARIA et. al., 2010).

Pensando em uma forma de minimizar seu desenvolvimento na população da Unidade de Saúde da Família do Barriga, estamos avaliando e tentando prevenir o desenvolvimento de pé diabético em portadores de diabetes adscritos.

Nosso maior dilema será conscientizar a população da importância de conhecer a doença e ter consciência da sua própria condição. Existe uma baixa adesão ao HiperDia, e muitos dos nossos pacientes, utilizam medicações ansiolíticas e antidepressivas, sem acompanhamento médico especializado. Muitos estão desempregados e tem baixa escolaridade, além da questão do etilismo e do uso de drogas ilícitas que está presente em muitas famílias.

Outra dificuldade tem relação com as medicações. As medicações em sua maioria são liberadas nas farmácias da sede do município, muitos pacientes não têm condições de pagar passagem para busca-las, as medicações que poderiam ser liberadas na farmácia da UBS geralmente estão em falta. As receitas são válidas por 6 meses e após sua validade, os pacientes solicitam que os agentes comunitários de saúde solicitem a médica ou a enfermeira, a sua atualização. Com isso, muitos pacientes passam períodos longos sem comparecer a uma consulta. Quando os mesmos aparecem, já apresentam complicações.

Os pacientes relatam que não apresentam sintomas, então diminuem o uso da medicação, chegando a retira-la por conta própria. Insulino-dependentes não utilizam corretamente as medicações pois relatam incomodo no uso ou preço elevado, quando sua falta na farmácia central do município. A dieta é outro motivo para a não utilizar a medicação, pois muitos não se alimentam corretamente, a maioria por não ter alimentos apropriados em sua residência, e pelo entendimento dos pacientes, se não mudam a medicação não há necessidade de uso de insulina.

Na outra ponta encontra-se a dificuldade de acompanhamento por equipe multiprofissional e especialistas. E quando há, não existe contrarreferência.

Os pontos mais complicados para a execução é a liberação de verba para produção de panfletos, a liberação da agenda do NASF e o interesse da comunidade, pois a mesma reclama de ações como esta pois diminui o atendimento ambulatorial médico, muitos afirmam que essas ações são formas encontradas pela equipe para não trabalhar.

Desejamos que ao final dessa intervenção toda a equipe de saúde da família da Unidade de Saúde do Barriga seja capaz de orientar e estimular a qualquer paciente sobre o autocuidado e controle do Diabetes melitos e prevenir o aparecimento do pé diabético, assim como todos os pacientes participantes tenham aprendido sobre o autocuidado e apoderem-se da responsabilidade com relação a prevenção, tratamento e complicações, que sejam mais ativos, participativos e que possam disseminar conhecimento a quem interessar. Esperamos que independente dos agentes presentes na equipe, essas ações permaneçam na Unidade de Saúde e que se torne rotina.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANEXO 1

 

 

MATRIZ DE INTERVENÇÃO

Descrição do padrão: A equipe de atenção básica identifica e mantém registro atualizado de todos os diabéticos do seu território e organiza a atenção com base na sua classificação de risco.

Descrição da situação-problema para o alcance do padrão: A equipe de atenção básica não faz busca ativa para identificar e manter o registro atualizado de todos os diabéticos do seu território e não organiza a atenção com base na sua classificação de risco.

Objetivo/meta: Fazer busca ativa para identificar e manter o registro atualizado de todos os

diabéticos do seu território e organiza a atenção com base na sua classificação de risco.

Estratégias para alcançar os objetivos /metas

Atividades a serem desenvolvidas (detalhamento da execução)

Recursos necessários para o desenvolvimento das atividades

Resultados esperados

Responsáveis

Prazos

Mecanismos e indicadores para avaliar o alcance dos resultados

Organizar um cronograma

 

Busca ativa na comunidade

Painel/Cadastros(Tablets)

Atualização dos cadastros

Médica/Enfermeira/ACS

Mensalmente

Comparativo trismestral dos dados

Ações individuais e conjuntas

Palestras sobre doença

Panfletos/Data Show/

Conscientização da comunidade

NASF/Médica/Enfermeira/Auxiliar de enfermagem/ACS

Trimestralmente

Comparativo trimestral das ações

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Referências Bibliográficas

 

  1. Andrade NHS, Dal Sasso-Mendes K, Faria HTG, Martins TA, Santos MA, Teixeira CRS, et al. Pacientes com diabetes mellitus: cuidados e prevenção do pé diabético em atenção primária à saúde. Rev enferm UERJ. 2010;18(4):616-21.   
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