AUTOAVALIAÇÃO PARA MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE DE ATENÇÃO BÁSICA: REFLEXÃO DA EQUIPE E A IMPLANTAÇÃO DE NOVO MODELO DE AGENDAMENTO
ESPECIALIZANDA: RAQUEL TIEZZI FERNANDES
ORIENTADORA: DANIELE VIEIRA DANTAS
Foi realizada reunião de equipe para realização do Autoavaliação para Melhoria do Acesso e da Qualidade de Atenção Básica (AMAQ) coletivamente. Os pontos eram discutidos entre os profissionais da equipe e as notas eram dadas a cada critério. Obtivemos classificação satisfatória em infraestrutura, equipamentos da unidade e insumos. A classificação foi insatisfatória em educação permanente, organização do processo de trabalho, atenção integral à saúde, participação social e satisfação do usuário, classificação da dimensão da equipe (perfil da equipe, processo de trabalho e atenção integral à saúde).
Durante a discussão para realização do AMAQ, foi possível uma reflexão a respeito dos pontos fortes e fracos da equipe e, desses pontos fracos, o que seria possível fazer para realizá-lo.
A fim de melhorar a participação social e satisfação do usuário, sugeri que as consultas não mais seguissem o modelo de agendamento por turno, mas por horário. O modelo por turno faz com que o usuário tenha que esperar longas horas pelo seu atendimento apesar de previamente agendado. O usuário tem que chegar na madrugada para ser um dos primeiros a ser atendido no início dos atendimentos da manhã, caso contrário acaba sendo um dos últimos da fila e tem que aguardar até o final da manhã. Esse usuário, então, passava muitas horas esperando. A situação gerava um estresse na população, um gasto de tempo que ele poderia utilizar fazendo outras coisas em casa ou no trabalho, além de gerar uma ansiedade no profissional, um aglomerado de pessoas na unidade, aguardando pelos corredores. Uma sobrecarga matinal na sala do preparo, já que todos os indivíduos da unidade com consulta agendada para aquele turno teriam que realizar o preparo no início, concentrando as atividades desse setor, favorecendo até mesmo ao erro, como troca de prontuários, aferições de Pressão Arterial Sistêmica (PAS) incorreta.
A princípio, foi me comunicado que poderia haver resistência ao modelo de horário marcado por parte de profissionais do preparo, que apesar da concentração de atividades por turno, poderiam preferir esse modelo, pois depois disso poderiam realizar outras atividades. Conversei com a técnica de enfermagem da equipe para que explicasse aos outros profissionais a ideia e o quanto ela seria benéfica principalmente ao usuário, e, consequentemente, ao profissional e à Unidade.
Não gostaria mais que o meu paciente fosse maltratado pelas longas horas de espera e propus realizar o preparo (aferição de PAS e peso) durante a consulta, para conseguir concretizar a mudança. Tive apoio dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da equipe e da enfermeira.
Imprimi fichas para serem entregues ao usuário com espaço para preenchimento da data e do horário da consulta médica pelo ACS responsável pelo acolhimento. E a partir daquele momento as consultas seriam colocadas por horário na minha agenda.
Desde o início da implantação, os usuários reagiram de forma positiva, aprovando a mudança e encarando-a como melhoria. Eu também fiquei muito satisfeita por oferecer ao usuário um serviço com maior qualidade e, como costumo dizer para a equipe, “não se acomodar com o mais simples e oferecer o serviço da forma como gostaríamos de tê-lo para nós mesmos”. A empatia e o colocar-se no local do usuário pode auxiliar a reflexão sobre o serviço que oferecemos.
Os pacientes então chegavam às consultas menos ansiosos e estressados, a agenda fluiu com atrasos máximos de quarenta minutos. A pressão arterial era aferida em condições mais calmas e próximas da ideal, com aparelho manual e técnica adequada.
Essa foi a primeira microintervenção. Muitas outras se fazem adequadas. Mas pouco a pouco vamos trabalhando para que levemos alguns questionamentos aos profissionais e às equipes e a necessidade de mudança e melhoria. Para isso, outro ponto a ser melhorado com prioridade é a Educação Permanente e Qualificação das Equipes de Atenção Básica. Pois qualquer mudança se inicia e tem mais força quando se tem conhecimento e se está atualizado profissionalmente.
Ponto(s)