12 de novembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

CAPÍTULO I: Em Busca da Qualificação Para Melhor Atender

ESPECIALIZANDO: Raniel Xavier da Cunha Bezerra

ORIENTADORA: Daniele Vieira Dantas

Durante o mês de abril de 2018, na Unidade Básica de Saúde (UBS) de Igapó (Natal, Rio Grande do Norte), procurou-se avaliar como estava a qualidade do atendimento e do acesso dos usuários à unidade. Isso foi feito através de duas etapas. Primeiramente se fazendo uma autoavaliação através do Instrumento de Autoavaliação para a Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (AMAQ) e, a partir de um dos problemas com pontuação igual ou menor que 5, elaborando-se uma matriz de intervenção. A segunda etapa foi a construção de um instrumento para registrar e monitorar 3 dos indicadores do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade (PMAQ).

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), as doenças cardiovasculares (DCV), das quais a mais comum é a hipertensão arterial (HA), são a principal causa de morte no mundo. Essa realidade também se aplica ao Brasil. Em nosso país, de acordo com a 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, a HA atinge 32,5% (36 milhões) de indivíduos adultos, mais de 60% dos idosos, contribuindo de forma direta ou indireta para 50% das mortes por DCV.  Na UBS de Igapó, no mês de Março de 2018, pouco mais de 20% dos atendimentos tiveram como motivação a HA. Com base nesses dados, e na constatação de que em nossa equipe não se estava organizando a atenção às pessoas com HA com base na estratificação de risco, é que se optou pela elaboração de uma microintervenção com foco nos pacientes portadores dessa afecção.

Após os atendimentos do dia, nossa equipe organizou uma reunião para fazermos nossa autoavaliação através do AMAQ, entendendo que esse instrumento nos permitiria identificar os nós críticos que precisariam ser trabalhados e, assim, nortearia a elaboração das nossas ações de intervenção, visando a melhora da qualidade dos serviços da nossa UBS.

Nosso objetivo era elencar fragilidades no nosso serviço que tivessem viabilidade de modificação, baseando-se em perguntas-chave como: qual o problema que é passível de intervenção por nossa equipe, sem delegar a instâncias superiores? O que nós somos capazes de modificar, enquanto equipe, com os recursos que temos disponíveis? O que está dentro de nossa governabilidade? Nesse sentido, ao respondermos ao AMAQ, a dimensão que recebeu o nosso maior enfoque foi: Educação permanente, processo de trabalho e atenção integral à saúde, que, ao nosso ver, era a dimensão que reunia com maior representatividade os pontos que se enquadravam nesses critérios.

Durante nossa autoavaliação pudemos perceber que as nossas fragilidades estavam principalmente na subdimensão Atenção Integral à Saúde e em especial nos pontos referentes à organização da atenção às pessoas com base na estratificação de risco (como por exemplo, hipertensos, diabéticos, obesos, asmáticos e portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica) e na elaboração de ações para pessoas com sofrimento psíquico, usuários de álcool e drogas, tabagistas, para identificar casos de violência, para incentivar a inclusão social, ações de vigilância em saúde ambiental e com foco na saúde do trabalhador. Após algum tempo de conversa chegamos à conclusão de que deveríamos iniciar nosso processo de melhora da qualidade da atenção do mais simples para o mais complexo e estabelecemos como prioridade organizar melhor a atenção às pessoas com HA.

Abaixo nossa equipe em reunião na sala de atendimento, já que nossa unidade não possui sala de reuniões.

 

Abaixo nossa matriz de intervenção:

 

Dentre as dificuldades encontradas para execução dessa microintervenção pode-se citar a demora na marcação dos exames laboratoriais e de imagem para classificação do risco cardiovascular. Apesar disso, estamos confiantes e acreditamos que essa ação servirá como inauguradora de uma série de outras para melhorarmos a atenção a não só pacientes hipertensos, mas diabéticos, obesos e com outras doenças crônicas prevalentes na comunidade. Além disso, entendemos que dessa forma nós poderemos conhecer melhor nosso paciente, tratando-o de maneira mais adequada e diminuindo sua morbimortalidade.

Além de fazermos uma autoavaliação da nossa equipe através do AMAQ, elaboramos ainda uma planilha eletrônica que nos serviu de instrumento para registrar e monitorar alguns dos indicadores do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) e, assim, nos incentivou a atingir as metas propostas no manual do PMAQ.

Abaixo a planilha eletrônica:

 

Com base nesses dados e na leitura do manual do PMAQ, chegamos à conclusão de que alguns dos registros de consulta estavam sendo feitos de maneira equivocada, mas que mesmo assim o percentual de consultas por demanda espontânea estava bem aquém do que é proposto pelo PMAQ. Nessa perspectiva decidimos abordar em reuniões a maneira correta de registrar os atendimentos, procurar melhorar nosso acolhimento e destinar mais consultas para a demanda espontânea e menos para as consultas agendadas.

1 Star2 Stars3 Stars4 Stars5 Stars (No Ratings Yet)
Loading...
Ponto(s)