15 de julho de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

OBSERVAÇÃO DA UNIDADE DE SAÚDE

 

ESPECIALIZADA: RAIANA MACIEL MIRANDA

ORIENTADORA: DANIELE VIEIRA DANTAS

            O conhecimento da Unidade de Saúde (US) é uma etapa fundamental no processo de aprendizado sobre o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS). É através desse que podemos descobrir as potencialidades e necessidades em nossos processos de trabalho e, assim, planejar na forma de ações, ideias e pactuações a fim de podermos trabalhar da melhor forma possível, extraindo o que nossa equipe multidisciplinar tem a oferecer para juntos promovermos a melhor forma de assistência ao usuário.

Nesse módulo tivemos a oportunidade de conhecer a fundo as Redes de Atenção, os tipos de US de acordo com suas complexidades, o papel de cada integrante da equipe multidisciplinar, a abrangência e competências de uma US, discutimos formas de acesso, Parâmetros para Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ) na Atenção Básica e finalizando com o monitoramento e avaliação de desempenho através de meios como a Autoavaliação para Melhoria do Acesso da Qualidade da Atenção Básica (AMAQ).

O Ministério da Saúde nas avaliações anteriores preconizava o uso do PMAQ. Ele era composto de duas etapas: o processo de Autoavaliação das Equipes de Atenção Básica (EAB) e a Avaliação Externa feita por Universidades. Ele tem objetivo semelhante ao AMAQ, estimulando a observação da US com intuito de fortalecer a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). O PMAQ é constituído por vários indicadores que avaliam o acesso e continuidade do cuidado, coordenação do cuidado, resolutividade da EAB, abrangência da oferta de serviços, como também o índice de atendimentos realizados pelo NASF.

Em reunião (Figura 1), através do AMAQ foi possível visualizarmos nossa realidade a fim de formularmos estratégias de intervenção para melhoria dos serviços e relações. Assim, resgatamos a autoavaliação realizada recentemente pela minha equipe e identificamos a “Participação, Controle Social e Satisfação do Usuário” como ponto a ser discutido.

Figura 1. Reunião com a equipe da UBS Santarém, microárea 35.

 

Figura 1. Reunião com a equipe da UBS Santarém, microárea 35.

 

Dessa forma, destacamos o acesso e continuidade do cuidado, pois acreditamos que seja um dos principais entraves da Atenção Básica e o que mais pesa da questão da satisfação do usuário. A grande demanda termina tornando o número de consultas disponíveis insuficientes para atender de forma adequada toda a área de abrangência a fim de promover o cuidado continuado, bem como a demanda espontânea. Logo é algo que sempre deve ser visto e repensado para melhorar o acesso, tentando reduzir o desgaste do usuário, aproximando-o e não o afastando da US.

A média de atendimentos de médicos e enfermeiros, percentual de atendimentos de consultas por demanda espontânea, percentual de atendimentos de consulta agendada todos podem ser calculadas com o auxílio dos dados fornecidos pela digitação de fichas da Coleta de Dados Simplificados (CDS), conforme Tabelas 1 e 2).

 

Tabela 1. Média de atendimentos de médicos e enfermeiros por habitante da UBS Santarém, microárea 35.

Consultas

279

Procedimentos

104

Nº de habitantes

4242

Média

0,09 atendimentos/habitante

 

Tabela 2. Percentual de atendimentos de consulta agendada e por demanda espontânea da UBS Santarém, microárea 35.

Consultas

Consulta agendada

200

Consulta agendada programada/ Cuidado continuado

5

Demanda espontânea

Atendimento de urgência

0

Consulta do dia

74

Escuta inicial/Orientação

0

Percentual de atendimentos agendados

73,5%

 

Percentual de atendimentos por demanda espontânea

26,5%

 

 

Como podemos observar o número de usuários na área já excede o limite máximo preconizado de 3.500, contribuído ainda mais para o baixo média de atendimento por habitante. O percentual elevado de consultas agendadas, também termina dificultando o acesso daqueles que realmente precisam de consulta naquele dia, a demanda espontânea. Assim, cria uma sensação de insatisfação, pois nas vezes que ele mais precisa de atendimento nem sempre pode ser atendido.

Desse modo, a proposta para melhorar o acesso e atender melhor a população seria a implantação do acolhimento na unidade. Acreditamos que seria um ganho para equipe em termos de melhorar o processo de trabalho e satisfação do usuário em longo prazo. É claro que toda mudança traz novos desafios e readaptações, como também seria fundamental a unificação de todas as equipes da US no sentido de uniformizar o processo de trabalho para que o acolhimento possa ser efetivado.

Portanto, percebe-se que a autoavaliação é um espaço essencial e enriquecedor para construção da integralidade e melhoria do processo de trabalho. Por mais que seja algumas vezes difícil parar a dinâmica da rotina atribulada que temos na unidade, deve ser feita regularmente para sempre buscarmos identificar nossas potencialidades, acertos e erros. Tivemos a oportunidade de discutirmos e compartilharmos nossas dificuldades coletivas e individuais a fim de planejarmos formas mais eficazes de superarmos as adversidades e trabalharmos da melhor forma possível diante das limitações impostas. Assim, a conscientização sobre os ajustes que devemos fazer no processo de trabalho, ou seja, a mudança do pensamento a cerca das estratégias que devemos desempenhar foi o principal ganho da atividade.

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