RELATO DE EXPERIÊNCIA
TÍTULO: OBSERVANDO A UNIDADE DE SAUDE
ESPECIALIZANDO: RAFAEL SANDRIN
ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO
COLABORADORES: EMANUELA OLIVEIRA, MARTA MOREIRA DE AGUIAR E TARCIANA FONTES.
A Saúde da Família (SF), criada em 1994, consolidou-se como a estratégia de organização da Atenção Básica do Sistema Único de Saúde (SUS) propondo uma mudança de modelo e contribuindo para a efetiva melhoria das condições de vida da comunidade. (MINISTERIO DA SAÚDE, 2008b).
A proposta da micro intervenção a seguir é observar estrutura e funcionalidade da unidade básica de saúde em que esta equipe trabalha, avaliando padrões a serem seguidos de acordo com o que preconiza o ministério da saúde e pontos que devem ser melhorados, buscando formas de solucioná-los. O objetivo do trabalho é intervir num problema que possa ser resolvido pela equipe de saúde sem que terceiros sejam envolvidos, obtendo uma resolução de forma rápida. Está micro intervenção é de suma importância para o desenvolvimento do trabalho em equipe e acolhimento dos usuários do sistema único de saúde.
A Unidade de saúde em que trabalho, está localizado na zona rural do município de Tobias Barreto, Sergipe, no povoado Jabiberi, atende a uma comunidade de 2.649 usuários e tem uma média de 1,5 consultas ao ano. A equipe de trabalho é reunida mensalmente para discutir sobre o desenvolvimento do processo de trabalho com o intuito de aprimorarmos o mesmo. No mês de abril foi marcada uma reunião extra com toda a equipe que compõe a UBS na tentativa de atualizar o instrumento AMAQ e avaliar os pontos negativos que não foram solucionados, como foi proposta nesta atividade.
A primeira tentativa de reunião foi para o dia 16 de abril de 2018, não podendo ser concretizado devido alguns agentes estarem impossibilitados de comparecer, foi percebido certa resistência por parte da equipe, quando houve comunicado sobre o tema da reunião. Foram então disponibilizadas mais duas datas possíveis que todos pudessem comparecer, a reunião então teve data fixada para o dia 19 de abril de 2018, às 09h00minhs.
Na data agendada a reunião teve início. Estiveram presentes os profissionais: Médico, Enfermeira, Auxiliar de Enfermagem e Agentes Comunitários de Saúde. Achei sensato dividir os temas e iniciei a reunião fazendo um breve relato sobre a estrutura, espaços físicos e ambiências de uma UBS que seguem os critérios do ministério da saúde, nossa unidade de saúde não atende exatamente todos os critérios exigidos pelo ministério por falta de infraestrutura e insumos.
Na recepção percebe-se a falta de uma placa que indicasse os serviços disponibilizados em nossa unidade, onde sugeri que esse pequeno problema poderíamos resolver digitando em uma folha de A4 e imprimir, e assim o fizemos. Alguns ambientes físicos como a sala de vacinação, a sala de observação, o banheiro, a sala de procedimentos e sala de coleta não existem e os ambientes existentes não seguem exatamente os padrões do ministério de saúde na íntegra. Foram discutidas adequações que poderiam ser realizadas para melhor aproveitamento dos espaços físicos que disponibilizamos atualmente, além desta unidade, atendemos em mais três comunidades distantes da UBS, em postos básicos de saúde onde são realizadas apenas consultas médicas e de enfermagem.
No segundo tema foi exposta a importância do preenchimento do instrumento AMAQ para que pudéssemos saber quais os pontos mais precários que nos cercam e tentar intervir de forma a encontrar uma solução viável que esteja dentro dos nossos limites. Houve grande resistência por parte dos agentes, pois já tinham conhecimento deste material, já haviam respondido em setembro de 2017 como requisito para o PMAQ. Senti muita dificuldade em manter a concentração e atenção da equipe, muitos estavam dispersos, em conversas alheias ao tema, recebi apenas contribuição da enfermeira e três agentes comunitários. Durante o preenchimento do AMAQ podemos perceber algumas necessidades imediatas que não estavam ao nosso alcance, pois são de responsabilidades da gestão municipal, encontramos alguns outros pontos que podem ser melhorados com a ajuda de toda a equipe de saúde, como por exemplo:
Dimensão: Educação permanente, processo de trabalho e atenção integral a saúde, Subdimensão: Educação permanente e qualificação das equipes de atenção básica, item 4.9 que diz “A equipe faz registro e monitoramento de suas solicitações de exames e encaminhamento às especialidades bem como os retornos.” (AMAQ, 2016).
Construímos uma planilha no Excel como forma de instrumento, onde poderemos tentar monitorar os pacientes que eram encaminhados a especialistas através do sistema de saúde (e-SUS) e que não traziam contra referência médica ou até mesmo não retornavam a UBS deixando a equipe sem notícias da resolução das suas enfermidades.
O tema acima foi escolhido por ter uma nota abaixo de 5, e existir uma possível resolução, resolvemos utilizá-lo para a micro intervenção já que não temos uma contra referência da maioria dos profissionais que compõem o NASF que atendem a nossa unidade de saúde. Anteriormente foi tentado contato com o NASF a respeito deste mesmo assunto, não obtendo sucesso. Um agente comunitário sugeriu que fizéssemos um contato direto entre usuário, agente comunitário e equipe de saúde, onde o agente comunitário estará monitorando os usuários encaminhados aos especialistas levando consigo uma solicitação da equipe de saúde para que o especialista mande uma contra referência que deverá ser anexada ao prontuário. Então, o agente comunitário iria visitar o usuário, após consulta, para obter mais informações sobre possível tratamento e duração do mesmo, e manteria assim uma melhor conexão entre equipe de saúde e usuário para atualização das informações pertinentes nos prontuários.
MATRIZ DE INTERVENÇÃO |
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Descrição do padrão: A equipe faz registro e monitoramento das suas solicitações de exames, encaminhamentos as especialidades bem como os retornos. |
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Descrição da situação-problema para o alcance do padrão: A equipe não faz monitoramento de encaminhamento a especialidades bem como retornos. |
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Objetivo/meta: Equipe de saúde organiza fichas de usuários mantendo todas as informações pertinentes a diagnostico, tratamento e contra referencia de especialistas. |
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Estratégias para alcançar os objetivos /metas |
Atividades a serem desenvolvidas (detalhamento da execução) |
Recursos necessários para o desenvolvimento das atividades |
Resultados esperados |
Responsáveis |
Prazos |
Mecanismos e indicadores para avaliar o alcance dos resultados |
Realização de reunião com ACS e equipe de saúde. |
Acompanhamento com ACS das fichas de usuários. |
Agenda, caneta e papel. |
Adesão dos membros da equipe para manter as fichas dos pacientes |
Enf. Tarciana e Aux. Emanuela. |
Jun\18 |
Reunião mensal com ACS com resultados do acompanhamento. |
Reuniões com ACS reforçando importância das informações de usuários. |
Reforçar a importância do acompanhamento do histórico de saúde do paciente. |
Cronograma e agenda. |
Obter historia clinica completa do paciente. |
Enf. Tarciana e Aux. Emanuela. |
Jul\18 |
Médico saber historia clinica do paciente através da sua ficha. |
Potencialmente pensamos o quanto vai facilitar alguns atendimentos e tratamentos, que no momento temos dificuldades, principalmente com usuários que fazem uso de medicamentos psicotrópicos, que chegam a unidade apenas com o nome da medicação, solicitando renovação de receita, sem portar a mesma. A princípio ainda não sentimos dificuldades para implementar a ideia, senti uma certa motivação de alguns agentes comunitários e até do restante da equipe da saúde, pois proporcionará um melhor conhecimento do usuário que procura a UBS e, em contra partida, uma melhor orientação sobre o tratamento.
Com o passar dos dias percebemos que a ideia de acompanhamento vem sendo bem aceita, tanto pelo usuário que percebeu um interesse maior da equipe de saúde em ajudar no acompanhamento e resolução do seu problema de saúde, quanto pela forma trabalho da equipe, que pareceu um pouco mais unida e ativa no que diz respeito ao trabalho cotidiano.
Referências
Manual de estrutura física das unidades básicas de saúde: saúde da família / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2008.
BRASIL. Autoavaliação para melhoria do acesso e da qualidade da atenção básica – AMAQ\ Secretaria de Atenção a Saúde, Departamento de Atenção Básica, -2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de estrutura física das unidades básicas de saúde: saúde da família. 2. ed. Brasil: Ministério da Saúde, 2008. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Autoavaliação para melhoria do acesso e da qualidade da atenção básica: AMAQ. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.
Ponto(s)