20 de julho de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

 

RELATO DE EXPERIÊNCIA

 

TÍTULO: O TABAGISMO COMO PRINCIPAL PROBLEMA DE SAÚDE NO BONFIM (SE).

ESPECIALIZANDO: NADIESKA CELESTE TRILLO GONZALEZ

ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO

 

A Estratégia Saúde da Família (ESF) busca promover a qualidade de vida da população brasileira e intervir nos fatores que colocam a saúde em risco, como falta de atividade física, má alimentação e o uso de tabaco. Com atenção integral, equânime e contínua, a ESF se fortalece como uma porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS).

A Estratégia Saúde da Família (ESF) é tida pelo Ministério da Saúde e gestores estaduais e municipais como estratégia de expansão, qualificação e consolidação da atenção básica por favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior potencial de aprofundar os princípios, diretrizes e fundamentos da atenção básica, de ampliar a resolutividade e impacto na situação de saúde das pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante relação custo-efetividade.

A primeira experiência foi na reunião de equipe, na qual realizamos a autoavaliação, que não é mais que o ponto de partida para as ações de melhoria e qualidade dos serviços, quanto aos tópicos solicitados no AMAQ (Autoavaliação para melhoria do acesso e da qualidade da atenção básica).  É um instrumento de autoavaliação que auxilia no planejamento de ações da equipe. Com ele são identificados os nós críticos que devem ser trabalhados, assim como, as ações de intervenção que devem ser implementadas. Foi uma experiência proveitosa, pois foi convocada uma reunião na equipe em conjunto com o médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e agentes comunitários de saúde com o objetivo de discutir os principais problemas presentes na UBS, cada um colocou seu ponto de vista e entrou num acordo quanto à nota final de cada tópico.

O principal problema de saúde encontrado em nossa UBS foi á atenção integral a saúde e as ações desenvolvidas aos usuários de tabaco no território. O tabagismo é uma das principais causas evitáveis de adoecimento e morte precoces do mundo. Fumar aumenta a morbimortalidade por doenças cardiovasculares, vários tipos de câncer e doenças pulmonares. Crianças que convivem com pais fumantes ou que estão expostas à fumaça ambiental do tabaco apresentam maior risco de episódios de asma, doença respiratória aguda, sintomas respiratórios como tosse e chiado e infecções de ouvido médio, do que crianças não expostas.

Para enfrentar a escalada da epidemia do tabaco, países membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolveram a Convenção Quadro Para o Controle do Tabaco (CQCT), primeiro e único tratado internacional de saúde pública do mundo, o qual se encontra em vigor desde fevereiro de 2005.  O Brasil ratificou a CQCT em novembro de 2005, mas já em 1989, com a criação do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), implementou uma série de medidas abrangentes e efetivas de controle do tabaco, tais como: proibição da propaganda em todos os tipos de mídia; proibição de descritores enganosos light, ultra-light e regular; proibição de fumar em ambientes públicos fechados; obrigatoriedade na implantação de advertências com imagens nos maços de cigarros; e, mais recentemente, uma política consistente de aumento de impostos e preços dos produtos do tabaco. Como consequência dessa política, a prevalência de tabagismo diminuiu consideravelmente, passando de 34,8% em 1989 a 14,7% em 2013 na população de 18 anos ou mais (inclusive entre os jovens adultos – 18 a 24 anos, passando de 29,0% a 10,6%). Porém o País ainda enfrenta muitos desafios nesse campo, como a necessidade de reduzir a iniciação e as inequidades provocadas pela maior prevalência de tabagismo em jovens e adultos de baixa renda.

Os fatores de risco para o uso de tabaco e outras drogas são características ou atributos de um indivíduo, grupo ou ambiente de convívio social, que contribuem para aumentar a probabilidade da ocorrência deste uso. Por sua vez, se tal consumo ocorre na comunidade, é no âmbito comunitário que terão lugar as práticas preventivas de maior impacto sobre a vulnerabilidade e o risco. Fatores de risco e de proteção podem ser identificados em todos os domínios da vida: nos próprios indivíduos, em suas famílias, em seus pares, em suas escolas e nas comunidades, e em qualquer outro nível de convivência sócio-ambiental. É importante notar que tais fatores não se apresentam de forma estanque, havendo entre eles considerável transversalidade, e conseqüente variabilidade de influência. Ainda assim, podemos dizer que a vulnerabilidade é maior em indivíduos que estão insatisfeitos com a sua qualidade de vida, possuem saúde deficiente, não detêm informações minimamente adequadas sobre a questão de tabaco e drogas, possuem fácil acesso às substâncias e integração comunitária deficiente.

Após isso, nos reunimos para a construção da matriz de intervenção, que não é mais que uma análise crítica do processo de trabalho pelos próprios trabalhadores (equipe e da gestão) que contribui para a melhoria da qualidade da AB. É um processo contínuo que recomenda ser realizado como mínimo uma vez ao ano, pois promove a reflexão sobre a necessidade de mudança para: quebra de resistência, compartilhar visões, mediação de conflito, compromissos e compõe 10% da nota para certificação da equipe no (PMAQ-AB).  Foi um pouco trabalhosa e demorada, mas boa para o aprendizado. Refletimos sobre os problemas e elaboramos intervenções possíveis de serem alcançadas para solucionar os problemas citados.

O problema que teve menor nota na avaliação de nossa equipe foi o tabagismo principalmente em adolescentes e adultos jovens.

 

MATRIZ DE INTERVENÇÃO

Descrição do padrão: 4.39. A equipe de Atenção Básica desenvolve ações voltadas aos usuários de tabaco no território.

Descrição da situação-problema para o alcance do padrão: Desenvolvimento de ações voltadas ao uso indiscriminado de tabaco em adolescentes e adultos jovens no território.

Objetivo/meta: Reduzir a prevalência de fumantes e a consequente morbimortalidade relacionada ao consumo do tabaco

Estratégias para alcançar os objetivos /metas

Atividades a serem desenvolvidas (detalhamento da execução)

Recursos necessários para o desenvolvimento das atividades

Resultados esperados

Responsáveis

Prazos

Mecanismos e indicadores para avaliar o alcance dos resultados

Prevenir iniciação ao tabagismo em adolescentes e adultos;

Implantar o programa nacional de combate do tabagismo;

Ter um acompanhamento rotineiro dos usuários tabagistas.

 

Realizar ações educativas para famílias, destacando os riscos e consequências do cigarro para a saúde, tantos em fumantes ativos quanto passivos;

 Promover e  fortalecimento de um ambiente favorável à implementação de todas as medidas e diretrizes de controle do tabaco (avaliação clínica, abordagem mínima ou intensiva, individual ou coletiva, e se necessário tratamento medicamentoso);

Acompanhar de perto cada usuário afim de reduzir os danos causados pelo tabagismo.

Utilizar impressos e multimídias em palestras, que causam impacto para saúde humana;

Ter uma equipe treinada, realizar preenchimento de formulário dos usuários, realizar reuniões com usuários e prescrever a medicação quando necessário;

Criar um dispositivo de armazenamento de informações dos usuários envolvidos no tratamento, contendo dados pessoais, patológicos, assiduidade em reuniões e evolução da clínica.

Conscientização de jovens e adultos que ainda não tiveram contato com o tabaco sobre seus malefícios;

Potencializar ações educativas, de comunicação, de atenção à saúde, junto com o apoio a adoção ou cumprimento de medidas legislativas e econômicas, para prevenir a iniciação do tabagismo, principalmente entre adolescentes e jovens; para promover a cessação de fumar; e para proteger a população da exposição à fumaça ambiental do tabaco e reduzir o dano individual, social e ambiental dos produtos derivados do tabaco;

Redução de adoecimento da população, principalmente por doenças crônicas, e assim de hospitalizações e mortes. 

-médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde.

– médicos e enfermeiros

-médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde.

60 dias

– Número cada vez maior de ouvintes nas palestras;

– Aumento d a procura para o tratamento e fidelidade do paciente até o fim do tratamento;

– Aquisição de mudança no estilo de vida do paciente, e consequentemente redução da morbi-mortalidade.

 

Logo, fizemos a construção de dois instrumentos para facilitar o monitoramento dos indicadores avaliados no AMAQ. Resolvemos fazer duas tabelas para facilitar o acompanhamento.

INSTRUMENTO 1

FICHA DE CADASTRO DE PACIENTES TABAGISTAS NO TERRITÓRIO

 

Nome e

Sobrenome

 

Idade

 

Sexo

 

Micro área

 

Tempo que leva fumando?

 

Quanto cigarro fuma ao dia

Já tentou parar de fumar?

Sim

Não

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                 

 

INSTRUMENTO 2

FLUXO DE IDENTIFICAÇÃO E ABORDAGEM DO TABAGISTA NO TERRITÓRIO

 

Identificação dos tabagistas do território

a) ficha de cadastro individual.

b) atendimento/acolhimento na unidade.

 

 

Orientações aos Usuários que não querem parar de fumar:

a) malefícios do tabagismo

b) tipos de tratamento para tabagismo

c) disponibilidade de tratamento na rede e do fluxo que os usuários devem seguir para inicia-lo

d) redução de danos.

 

 

Orientações aos Usuários que querem parar de fumar:

a) Acompanhar o usuário periodicamente, abordando a questão do tabagismo

b) Realizar abordagem individual, monitorando:

b.1) nível de dependência ao Tabaco;

b.2) motivação para o tratamento;

b.3) disponibilidade para o tratamento.

 

Minha área é caracterizada por ser uma região de baixo nível socioeconômico e desemprego. Aliado a isso as taxas de alcoolismo também são altas, o que contribui para o uso abusivo do tabaco. No inicio observamos a resistência da população alvo no programa de controle ao tabagismo, ocorrendo descontinuidade e abandono. Mais a traves de palestras conseguimos mobilizar a população. Então, que aderiram ao programa e hoje procuram melhorar sua qualidade de vida.   

 

Referências

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Autoavaliação para melhoria do acesso e da qualidade da atenção básica: AMAQ. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. 164p.

 

FIGUEIREDO VC, SZKLO AS, COSTA LC, KUSCHNIR MCC, SILVA TLN, BLOCH KV et al. Erica: prevalência de tabagismo em adolescentes brasileiros. Rev Saúde Publica. 2016; 50(supl 1):12s.

1 Star2 Stars3 Stars4 Stars5 Stars (1 votes, average: 3,00 out of 5)
Loading...
Ponto(s)