29 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TÍTULO: A AUTOAVALIAÇÃO NOS PROCESSOS DE TRABALHO DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DR SUELDO CAMARA.

 

ESPECIALIZANDO: JORGE ORGES MARTINEZ

ORIENTADOR: MARIA BETÂNIA MORAIS DE PAIVA

 

 

Esse relato de experiência terá como objetivo relatar a construção da matriz de intervenção sobre o problema de parasitoses na UBS Dr Sueldo Câmara e a elaboração de um instrumento indicador de qualidade.

De acordo com o Ministério da Saúde (2018), o PMAQ-AB tem como objetivo incentivar os gestores e as equipes a melhorar a qualidade dos serviços de saúde oferecidos aos cidadãos do território. Para isso, propõe um conjunto de estratégias de qualificação, acompanhamento e avaliação do trabalho das equipes de saúde.

Assim, surgiu a necessidade em avaliar os serviços de combate as parasitoses intestinais que vem acometendo um número elevado de crianças na região atendida pela UBS e assim elaborar indicadores que mostrem a qualidade desse atendimento.

Em termos de patologia, as parasitoses intestinais ou enteroparasitoses, provem de protozoários ou helmintos, através da contaminação pela água, esgoto e alimentos mal lavados (PEDRAZA; QUEIROZ; SALES, 2014).

É importante destacar que essas parasitoses intestinais representam um grave problema de saúde pública, pois apresentam alto índice de contaminação e prevalência, sendo disseminadas em comunidades carentes onde as condições de vida seguem um padrão baixo.

O termo parasitose tem significado referente a presença de um ser vivo denominado parasita, o qual se instala e vive no interior de outro ser vivo denominado hospedeiro, prejudicando sua saúde. Existem vários tipos de parasitas, tais como fungos, vírus e bactérias, mas os mais incidentes são os helmintos e protozoários(FAUCE, 2009). 

Esses parasitas podem apresentam ciclos evolutivos que contam com períodos de vida parasitária em humanos, períodos de vida livre, no ambiente, e períodos de vida parasitária em outros animais e que sua transmissão relaciona-se com as condições de vida da comunidade(TOSCANI, 2007; MACEDO, 2008).

Em um estudo realizado sobre o levantamento das principais parasitoses intestinais que acometem crianças em uma comunidade no Rio de Janeiro, foi evidenciado que os parasitas mais frequentes achados foram: Ascaris lumbricoides (23%), Giardia lamblia (13%) e Entamoeba coli (3%)  (BARRETO, 2012).

Percebe-se que os índices de parasitoses são alarmantes quando voltados para a criança. Mediante isso, durante o trabalho como médico na Estratégia Saúde da Família (ESF) Santo Dr Sueldo Camara, foi observado a alta incidência de parasitoses na comunidade, principalmente em crianças em idade pré-escolar que em atendimento nas consultas médicas, eram diagnosticadas com algum tipo de parasitose. Dessa forma, essa problemática contribuiu para o encontro do tema, pois é necessário realizar uma intervenção em saúde com essa comunidade afim de reduzir os índices de infecções e elaborar indicadores da qualidade desses atendimentos.

No período dezembro de 2017 a maio de 2018 houve um aumento do número de casos de dores abdominais seguidos de diarreia, onde prevalece um aumento de casos assintomáticos diagnosticados pelo exame parasitológico de fezes no último ano. A situação sanitária nesta cidade é totalmente inadequada, principalmente no bairro atendido pela UBS, no qual encontramos ainda ruas com esgoto a céu aberto e coleta de lixo insuficiente.

No bairro atendido pela UBS, as condições de vida, moradia e saneamento básico são, em sua maioria, determinantes para a infecção e transmissão das parasitoses. Essa falta de infraestrutura sanitária colabora para a manutenção da prevalência dos casos e o desconhecimento de princípios de higiene pessoal e de cuidados na preparação de dos alimentos facilita a infecção e predispõe a reinfecção em áreas endêmicas.

Devido ao problema encontrado, foi realizada uma reunião com a equipe de saúde para uma autoavaliação dos atendimentos em parasitoses realizados nos últimos 6 meses na unidade.

Depois  da reunião e da autoavaliação, foi gerada no próprio instrumento, a matriz de intervenção, que propõe o problema, as estratégias, as atividades a serem desenvolvidas, os recursos necessários, o prazo, os responsáveis, os resultados esperados e os mecanismos de avaliação das ações.

Assim, mediante a elaboração da matriz de intervenção, tem-se:

  • A descrição do padrão: elevação no número de casos de parasitoses na UBS nos últimos 6 meses;
  • Descrição da situação problema: não tem-se indicadores do atendimento em parasitoses na Unidade;
  • Objetivo/Meta: Elaborar indicadores para avaliação dos atendimentos;
  • Estratégias para alcançar os objetivos/metas: Registrar os atendimentos realizados mediante consultas, abordagem em visita domiciliar  e exames clínicos com coleta de números de atendimentos;
  • Atividades a serem desenvolvidas: exames clínicos, consultas, visitas domiciliares, registro no prontuário, elaboração de indicadores;
  • Recursos necessários para o desenvolvimento das atividades: prontuário, fichas do SIAB-AB;
  • Resultados esperados: 100% dos atendimentos realizados registrados e transformados em indicadores;
  • Responsáveis: Médico; Enfermeiro; Técnico de enfermagem; ACS;
  • Prazos: 20/08/2018;
  • Mecanismos/indicadores para avaliar os resultados: Número de atendimento registrados por profissionais x 100/ total de atividades realizadas pela equipe AB.

Espera-se com a realização dessa ação, que um instrumento de indicador seja elaborado conforme modelo abaixo:

 

 

Quadro 01 – Indicadores da autoavaliação sobre número de casos de parasitoses em crianças atendidas pela Unidade de Saúde da Família Dr Sueldo Camara.

Indicadores

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

N de crianças atendidas com suspeita de parasitoses

 

 

 

 

 

N de crianças de 0 a 2 anos

 

 

 

 

 

N de crianças de 2 a 5 anos

 

 

 

 

 

N de crianças de 5 a 7 anos

 

 

 

 

 

N de crianças diagnosticada com parasitose

 

 

 

 

 

N de exames fecais realizados

 

 

 

 

 

N de exames fecais positivos

 

 

 

 

 

 

Como potencialidades teve o trabalho em equipe e a disponibilidade e fácil acesso as informações no SIAB-AB, bem como o companheirismo dos agentes comunitários de saúde que se mostraram bem motivados a realizarem a coleta de informações durante as visitas domiciliares.

Como fragilidade percebemos a falta de materiais e insumos para podermos realizar ações de atendimento as parasitoses bem como as dificuldades encontradas na realização de educação em saúde com os pais.

Portanto, há necessidade de aplicação de medidas de prevenção através da promoção em saúde, com políticas intersetoriais que garantam o acesso universal aos serviços de saúde e a promoção de projetos de intervenção em educação em saúde, visando a melhoria da qualidade de vida das pessoas atendidas.

 

REFERENCIAS

 

BARRETO, T. C. et al. Levantamento das principais parasitoses intestinais que acometem crianças da comunidade Tamarindo em Campos dos Goytacazes – RJ. Revista Perspectiva online: Biologia e Saúde, v. 7, n. 2, 53-61, 2012.

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de atenção básica. Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). Disponível em: < http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_pmaq.php>. Acesso em 22 de julho de 2018.

 

FAUCE, A.S. Harrison Medicina Interna. 17. Ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2009.

 

MACEDO, M. F. M. Helmintíases em pré – escolares de uma escola pública no município de Manaus, Amazonas, Brasil. Boletim da saúde.v.22, n.1, p.39 – 47, Jan./Jun.,2008.

 

PEDRAZA, D. F; QUEIROZ, D; SALES, M. C. Doenças infecciosas em crianças pré-escolares brasileiras assistidas em creches. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, n. 2, 511-528, 2014.

 

TOSCANI, N. V. Desenvolvimento e análise de jogo educativo para crianças visando à prevenção de doenças parasitológicas. Interface – Comunic, Saúde, Educ. v.11, n. 22, p. 281 – 294, mai./ago., 2007.

 

 

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