TÍTULO: PROBLEMAS SOCIAIS E SUA INFLUÊNCIA NA SAÚDE MENTAL DOS USUÁRIOS DA UBS DE BAIRRO NORDESTE.
ESPECIALIZANDO: JORGE AUGUSTO ALVES DE AZEVEDO
ORIENTADOR: MARIA BETÂNIA MORAIS DE PAIVA
COLABORADORES: RAILMA CARREIRO NOBRE DA SILVA, ARTHUR LEANDRO SANTOS ASSUNÇÃO, ADRIANA PATRICIA FERREIRA DA SILVA, FRANCINALBA MOREIRA RIBEIRO, FRANCISCA FERNANDES DE LIMA E RAIMUNDO NONATO LIMA.
A iniciativa de autoavaliar o desenvolvimento do trabalho é uma ferramenta fundamental para o aperfeiçoamento da atividade desenvolvida pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS). O acompanhamento e monitoramento dos processos de trabalho, assim como, das ferramentas de gestão só são possíveis pelas descobertas dos pontos que precisam de maior atenção e de novas ações fruto do resultado da autoavaliação. O uso de tais ferramentas é essencial para o avanço em ações de monitoramento, planejamento de intervenções, definição de prioridades, coleta de dados, expansão de experiências e busca pelo o aprimoramento constante de todas essas atividades.
O questionário de Autoavaliação de Melhoria do Acesso e Qualidade (AMAQ) se coloca como um instrumento de autoavaliação em relação à qualidade do serviço prestado a população adstrita e os processos internos de desenvolvimento do trabalho, permitindo assim a descoberta de falhas e potencialidades no desenvolvimento das ações.
Na construção do relatório autoavaliativo foi feita uma reunião com todos os membros da equipe 67 da unidade de saúde de Bairro Nordeste. Esse momento foi encarado como um processo de Educação Permanente (EP), foi explicitada a importância do AMAQ e do preenchimento correto dos quesitos do questionário para levantamento dos dados.
Um ponto bastante discutido pela equipe no relatório e com maior média inferior a 5,0 foi o item 4.53 que trata “A equipe de atenção básica trata de ações de identificação e enfrentamento dos problemas sociais de maior expressão local”. A unidade de saúde de Bairro Nordeste fica localizada na região oeste do município de Natal, região periférica da cidade, tem sua área circunscrita com limites bem próximos a favela do Japão, favela do mosquito e novo horizonte, parte que beira o Rio Potengi e que é bastante violento, estivemos a menos de dois (2) meses atrás na mídia nacional com a ação de criminosos que atearam fogo em um ônibus dentro do bairro, inclusive nas proximidades do posto. Já tivemos que fechar a unidade de saúde e cancelar os atendimentos devido um boato de que iriam fechar uma avenida próxima com uso de pneus, e que tal ordem veio das facções criminosas que dominam o bairro.
Bairro Nordeste contempla muitos problemas sociais, moradia, saneamento básico e, principalmente, sofre com o aumento da violência urbana no bairro. Casos semanais de homicídios, latrocínio, assalto e uso da violência de forma indiscriminada. A população sofre e uma das instâncias do ente público a qual todos podem recorrer é a UBS do bairro. Convivemos com problemas estruturais na Unidade, falta de insumos, medicamentos, materiais de apoio para o desenvolvimento das atividades e procedimentos, mas concordamos que temos avançado nesses quesitos, mesmo que de forma lenta e ainda insuficiente e que tal problemática é uma constante na saúde pública brasileira.
“A violência é um fator muito presente na vida dos brasileiros. O Atlas da Violência 2017, estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra números alarmantes. Em 2015, ocorreram 59.080 homicídios, uma taxa de 28,9 por 100 mil habitantes. Em apenas três semanas, mais pessoas são assassinadas no País que o total de mortos nos ataques terroristas no mundo nos cinco primeiros meses de 2017. Ao olhar as estatísticas da faixa etária entre 15 e 29 anos, 318 mil jovens foram assassinados de 2005 a 2015. As consequências dessa constante exposição resultam em prejuízos sociais e individuais, desde atraso no crescimento econômico das regiões e impactos na saúde pública a efeitos deletérios físicos e mentais, para as vítimas. Quem passa por situações traumáticas corre o risco de desenvolver uma série de reações que, com o tempo, podem se configurar em transtornos mentais. Dentre os mais comuns, há quatro: Transtorno de Estresse Agudo, Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e os quadros associados de ansiedade e transtorno de humor. (KRISTENSEN, 2018.)
Estamos elaborando o primeiro momento da microintervenção, será uma palestra com o público alvo de adolescente sobre o tema “Drogas ilícitas, violência urbana, saúde e cidadania” na escola municipal Chico Santeiro, localizada na Rua da Cruz, 59042-150, Bairro Nordeste. Estamos trabalhando conjuntamente com a psicóloga da Unidade de saúde e procurando Organizações Não Governamentais (ONG) que trabalham e estão relacionadas com a temática em questão.
Esperamos que essa primeira experiência nos mostre que é possível trabalhar o tema dos problemas sociais conjuntamente com a saúde pública. Observamos que as consequências nocivas da exposição, cada vez mais constante, afetam diretamente a saúde pública e individual, no desenvolvimento de transtornos ansiosos de pacientes que convivem com a realidade da violência urbana, além de estresse pós-traumático para aqueles que já sofreram infelizmente alguma situação de violência.
Matriz Julho 2018
4.53 Descrição do padrão: A equipe de Atenção Básica participa de ações de identificação e enfrentamento dos problemas sociais de maior expressão local.
Descrição da situação problema para o alcance do padrão: Aumento dos casos de violência no bairro.
Objetivo/Meta: desenvolver ações voltadas para esse tipo de problema
Estratégias para alcançar os objetivos/metas. |
Desenvolver ações para combater a violência, ações de promoção da inclusão social e ações de cidadania. |
Atividades a serem desenvolvidas (Detalhamento da Execução). |
1. Palestras e reuniões com a comunidade buscando sensibilização perante os problemas sociais. 2. Buscar parcerias com organizações governamentais e não governamentais. 3. Ações coletivas de coletivas com atividades culturais. |
Recursos necessários para o desenvolvimento das atividades |
Espaço físico para reuniões, palestras e atividades educativas. |
Resultados esperados |
Sensibilizar a população em relação ao combate a violência urbana, noções de cidadania, participação social e ações coletivas. |
Responsáveis |
Equipe 67 |
Prazos |
6 meses |
Mecanismo e indicadores para avaliar o alcance dos resultados |
Índices de violência |
Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) trabalham juntamente com a equipe de enfermagem na coleta e armazenamento dos dados de indicadores de saúde através de dois formulários específicos, são eles; Ficha de visita domiciliar, Ficha de atendimento individual e formulário para levantamento de dados quadrimestral. Fichas em anexo.
INDICADOR |
EQUIPE 67 |
SAÚDE DA MULHER |
|
Proporção de gestantes cadastradas (sobre as estimadas. |
67,20 |
Número médio de atendimento de pré-natal por gestante cadastrada. |
5,80 |
Proporção de gestantes que iniciaram o pré-natal no 1º trimestre. |
95,96 |
Proporção de gestantes com pré-natal em dia. |
100,00 |
Proporção de gestantes com vacina em dia |
98,04 |
Proporção de mulheres com Papanicolau na faixa etária de 15 anos ou mais. |
0,00 |
SAÚDE DA CRIANÇA |
|
Média de consultas de puericultura por criança cadastrada. |
4,14 |
Proporção de crianças menores de quatro meses com aleitamento exclusivo. |
38,57 |
Proporção de crianças menores de um ano com vacinação em dia. |
62,32 |
Proporção de crianças menores de dois anos pesadas. |
54,81 |
Média de consultas médicas para menores de um ano. |
1,18 |
Média de consultas médicas para menores de cinco anos. |
* |
DOENÇAS CRÔNICAS |
|
Proporção de pessoas com diabetes cadastradas. |
64,69 |
Proporção de pessoas com hipertensão cadastradas. |
53,51 |
Média de atendimentos por diabéticos. |
0,56 |
Média de atendimentos por hipertensos. |
0,32 |
PRODUÇÃO GERAL |
|
Média de consultas médicas por habitante. |
0,09 |
Percentual de consultas médicas para cuidado continuado. |
29,35 |
Percentual de consultas médicas de demanda agendada. |
69,52 |
Percentual de consultas médicas de demanda imediata. |
1,13 |
SAÚDE BUCAL |
|
Média da ação coletiva de escovação dental supervisionada. |
9,57 |
Cobertura de primeira consulta odontológica programática. |
0,25 |
Cobertura de primeira consulta odontológica à gestante. |
6,13 |
Razão entre tratamentos concluídos e primeiras consultas odontológicas programáticas. |
76,67 |
ANEXOS:
1. Formulário para levantamento de dados quadrimestral
2. Foto da reunião de trabalho
REFERÊNCIAS:
AMAQ. Autoavaliação para Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica. 2018. Disponível em:< http://amaq.lais.huol.ufrn.br/>Acesso em 12 de julho de 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
KRISTENSEN. PUCRS Revista Eletrônica. 2018. Disponível em: <http://www.pucrs.br/revista/os-efeitos-da-violencia/> Acesso em 12 de julho 2018.
Ponto(s)