15 de agosto de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

 

Orientações para pacientes diabéticos

 

 

 

Meu nome é Clécio dos Santos, formado na Universidade Federal de Sergipe, no ano de 2016. Trabalhei anteriormente no PSF do município de Ribeirópolis, Sergipe, e atualmente estou no Programa Mais Médicos para o Brasil, no município de Monte Alegre de Sergipe, área urbana. Na área existe uma população de 2733 pessoas, 648 famílias, 236 hipertensos, 48 diabéticos, 14 gestantes, 49 crianças menores de 1 ano e 102 crianças entre 1 e 5 anos de idade.

 

Diabetes Mellitus é uma doença metabólica caracterizada pelo aumento anormal de glicose no sangue que ocorre quando o pâncreas deixa de produzir ou produz uma quantidade insuficiente de insulina – hormônio produzido por células beta do pâncreas. De acordo com a American Diabetes Association ADA (2010), o nível considerado normal de glicose no sangue em jejum é de 70 a 99 miligramas por decilitro de sangue e no pós-prandial, duas horas após o início da refeição, é até 139 miligramas por decilitros de sangue. Valores acima destes, caracterizam-se como diabetes, que pode ser classificado como tipo 1 e 2.

 

O tratamento de Diabetes Mellitus pode ser realizado através de farmacoterapia ou uso de insulina, além de adotar uma mudança no estilo de vida – adotar a prática de exercícios físicos, uma alimentação saudável, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e fumo, manter o controle do peso, realizar controle de pressão arterial, triglicerídeos, colesterol, ou seja, fazer revisões periodicamente para avaliar a saúde como um todo[j1] . O uso de insulina pode ocasionar algumas reações adversas como por exemplo, eritema e edema nos locais de aplicação, lipodistrofia insulínica e lipo-hipertrofia que é a presença de massas subcutâneas, discretamente hipoestésica, formadas de gordura e de tecido fibroso nos locais de aplicação de insulina. Em alguns usuários, podem aparecer nódulos endurecidos resultantes de traumas com as agulhas.

 

Os sinais e sintomas da hipoglicemia são tremores, tonturas, incoordenação, inquietação durante o sono, instabilidade ou estado de confusão, irritabilidade, fome, sonolência, sudorese e cansaço. Já a hiperglicemia é o aumento do nível de glicose, geralmente é assintomática.

 

A mortalidade por complicações agudas da doença, quase sempre preveníveis pelo pronto atendimento, mostrou um aumento significativo nos últimos anoso que nos mostra um mal controle glicêmico em grande parte da população diabética. O diabetes mellitus deve ser investigado em relação às complicações agudas e crônicas e sua relação com o tempo de diagnóstico. As complicações agudas incluem a hipoglicemia, o estado hiperglicêmico hiperosmolar e a cetoacidose diabética. Já as crônicas incluem a retinopatia, nefropatia, cardiopatia isquêmica, neuropatias, doença cerebrovascular e vascular periférica. As degenerativas mais frequentes são o infarto agudo do miocárdio, a arteriopatia periférica, o acidente vascular cerebral e a microangiopatia. (ADA 2010).

 

Após minha chegada pude observar que vários diabéticos da área possuíam um mau controle glicêmico, após reajuste de doses das insulinas NPH e regular, o controle irregular persistia, sendo aventada a possibilidade de má adesão ou até mesmo a administração errônea das insulinas.

 

Questionando esse problema na reunião mensal com minha equipe, que é composta de 1 enfermeira, uma técnica de enfermagem e 6 agentes comunitários da saúde, decidimos em conjunto realizar visitas periódicas por 1 mês aos pacientes com estado de hiperglicemia mais persistentes. Evidenciamos nessas visitas a aplicação de forma errônea por parte dos pacientes das insulinas[j2] [j3] .

 

Foi realizado um grande mutirão no dia 25 de janeiro de 2018 para orientações à população diabética da área[j4] [j5] .

 

É de responsabilidade de toda a equipe de saúde – agente comunitário de saúde, técnicos de enfermagem, enfermeiro, médico, cirurgião dentista, técnico em saúde bucal, atendente de consultório dentário, enfim toda a equipe multiprofissional – o processo educativo sobre Diabetes Mellitus. Processo este que deve acontecer de forma gradativa, contínua e interativa.

 

Para alcançar tais objetivos a equipe lançou mão de uma conversa informal com o usuário, onde procurou saber o que o mesmo sabia sobre o assunto e a partir daí o orientou. É importante que o profissional de saúde, ao transmitir informações, considere a idade e a situação socioeconômica, cultural e clínica do usuário, pois, se usar termos técnicos ou não necessariamente termos científicos, mas palavras que não façam parte do cotidiano do usuário, as informações fornecidas não terão sentido. 

 

Para American Diabetes Association ADA (2010), a pessoa com Diabetes precisa seguir algumas orientações:

 

◦ Realizar exercícios físicos: converse com seu médico sobre o tipo, intensidade e frequência do exercício;

 

◦ Evitar aplicar a insulina, antes de fazer uma atividade física, nas partes do corpo mais exigidas pelo exercício. A atividade física pode aumentar a velocidade de absorção e a metabolização da insulina, podendo ocasionar hipoglicemia; 

 

◦ Ter sempre junto alimentos que contenham açúcar para o caso de uma hipoglicemia (balas, bolachas, doces); não esquecendo de sempre portar o cartão de identificação do diabético;

 

 ◦ Manter uma alimentação saudável: alimentar-se corretamente, nas quantidades corretas e nas horas certas ajuda a controlar o diabetes;

 

 ◦ Fazer um rodízio dos pontos de aplicação de insulina, porque quando uma mesma área é utilizada muitas vezes pode ocasionar alterações no tecido subcutâneo e na pele podendo prejudicar a absorção da insulina. O rodízio torna-se importante para prevenir lipohipertrofia ou lipoatrofia insulínica;

 

◦ Nunca fazer a aplicação por cima da roupa; durante o transporte, a insulina pode ser mantida em condição não refrigerada, desde que não exposta ao calor ou frio excessivos. Se preferir, transporte-a em recipiente de isopor ou bolsa térmica e não coloque gelo;

 

◦ Seguir a prescrição médica quanto ao tipo, quantidade em unidades, frequência e horários das aplicações de insulina; observar a data de fabricação, aspecto e conservação da insulina; 

 

◦ Não utilizar a insulina quando notar qualquer alteração em seu aspecto, como formação de flocos ou alteração na cor;

 

Os locais de aplicação também foi um tema discutido e orientado de maneira incessante, os locais mais adequados para a autoaplicação são os que ficam afastados das articulações, grandes vasos sanguíneos e nervos. Devendo ser aplicada no tecido subcutâneo. Os locais indicados são face anterior e posterior do braço, abdômen, face anterior da coxa e superior do glúteo.

 

Após a intervenção realizada por meio desse mutirão foi evidenciado nos 2 meses seguintes uma melhora no controle glicêmico em pelo menos 50% dos pacientes considerados resistentes anteriormente. Esta experiência evidenciou que por menor que seja o recurso disponível no momento da consulta, se o profissional tiver interesse pela adesão ao tratamento do usuário, tem como fazer de uma maneira criativa todo o processo de orientação. São pequenos detalhes que farão toda a diferença na evolução do usuário. Portanto, cabe aos profissionais de saúde investir na educação com usuários, familiares e cuidadores para a promoção da saúde.

 

Continuaremos realizando mensalmente esses mutirões dando orientações não somente aos pacientes diabéticos como todos pacientes assistidos pela Atenção Básica.

 

 

 

 

 

Referências

 

 

 

1-American Diabetes Association. Economic costs of diabetes in the U.S. In 2010. Diabetes Care 2008;31:596-615.

Matriz de Intervenção

 

 

IDENTIFICAÇÃO DO PADRÃO

 

DESCRIÇÀO DO PADRÃO

 

DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO ENCONTRADA

 

RECOMENDAÇÃO / INTERVENÇÃO PROPOSTA

 

DETALHAMENTO DA EXECUÇÃO

 

 

 

 

PRAZO DE EXECUÇÃO

 

 

OBSERVAÇÕES

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A ESF dedica um período da semana para reunião de equipe

 

 

 

A ESF  se reúne semanalmente

 

 

 

Garantir reuniões mensais de equipe, com duração de 4 horas (por

 

 

 

1. Discutir a proposta com o coordenador, gerente de unidade ou gestor municipal;

 

2.  Informar sobre as razões e os horários dessas reuniões a todos os profissionais da Unidade de Saúde e moradores de todas as micro-áreas,

 

 

 

 

– Vanessa, enfermeira da equipe

 

 

 

– Clécio, médico da equipe

 

 

 

 

 

  ACS

 

 

 

– última semana do mês de março

 

 

Ultimas quintas feiras do mês

 

 

 

 

 

 

                 

 

 

SITUAÇÃO

DESCRIÇÃO DO RESULTADO ALCANÇADO APÓS PRAZO PREVISTO PARA EXECUÇÃO DA INTERVENÇÃO

NI

AND

 

CONC

 

 

 

 

 

X

 

 

 

Legenda: NI = não iniciada; AND = em andamento; CONC = concluída.

 

 

 

 

 


 

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