23 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

Título: Organização do processo de trabalho na unidade básica de saúde 

Especializando: Ana Lúcia Lins Pinto

Orientadora: Maria Helena Pires Araújo

 

O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) tem como finalidade a ampliação da oferta qualificada dos serviços no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Para tanto, utiliza como ponto de partida da fase de seu desenvolvimento, a autoavaliação, uma vez que os processos orientados para a melhoria da qualidade têm início na identificação e reconhecimento das dimensões positivas e também problemáticas do trabalho da gestão e das equipes de atenção à saúde (BRASIL, 2016).

Nesse sentido, foi convocada uma reunião com a equipe de saúde (médica, enfermeira, técnica de enfermagem, agentes comunitários de saúde, dentista e técnica de saúde bucal) para a autoavaliação das ações utilizando o AMAQ (Autoavaliação para Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica).

A proposta inicial seria responder todas as questões desse instrumento de autoavaliação, porém como essa atividade demandava muito tempo e já havia sido realizada recentemente na Unidade Básica de Saúde (UBS), a equipe optou por resgatar as questões buscando identificar os padrões que obtiveram pontuação igual ou inferior a 5. Sendo assim, foi realizada uma leitura minuciosa da subdimensão: organização do processo de trabalho.

A organização do trabalho na atenção básica consiste na estruturação dos processos de trabalho da equipe que realiza o cuidado e envolve: adscrição do território e seu diagnóstico situacional; planejamento e ações de prevenção e promoção de saúde no território; acolhimento resolutivo em tempo integral (com análise de necessidades de saúde, avaliação de vulnerabilidade e classificação de risco); serviços com rotinas estabelecidas em cronogramas, fluxogramas e protocolos clínicos; linhas de cuidado com definição, monitoramento e regulação de fluxos; atenção orientada na lógica das necessidades de saúde da população, dentre outros (BRASIL, 2016).

Após reflexão e discussão sobre cada item pertinente a essa subdimensão, o padrão selecionado com maior relevância foi o 4.15 (a equipe realiza reuniões periódicas), pois percebemos o quão difícil é realizar uma reunião que possa contemplar toda a equipe devido à programação individual e o quão esse momento é importante para a organização e planejamento das ações no território. Notamos que ao realizar reuniões esporadicamente sem devida programação, geramos desorganização na rotina da unidade, resultando em atrasos nos atendimentos e insatisfação da população.

Partindo do princípio de que a autoavaliação busca, não somente, a identificação dos problemas relevantes, mas também realizar intervenções sobre os mesmos, construímos uma matriz de intervenção. Para isso, traçamos um plano de ação com o objetivo de realizar reuniões mensais programadas, mantendo a população sempre informada. Com base nisso, estabelecemos as estratégias para atingirmos essa finalidade, assim como os recursos necessários, os responsáveis pela promoção das mesmas e o prazo para seu progresso. Para um melhor entendimento, mostro a matriz a seguir:

 

MATRIZ DE INTERVENÇÃO

 
 

Descrição do padrão:  A equipe realiza reuniões periódicas

 

Descrição da situação problema para alcançar o padrão: A equipe não realiza reuniões regulares, apenas reuniões esporádicas.

 

Objetivo/Meta: Realizar reuniões de equipe mensalmente e manter população informada.

 

Estratégias para alcançar os objetivos/metas

Atividades a serem desenvolvidas (Detalhamento da Execução)

Recursos necessários para o desenvolvimento das atividades

Resultados esperados

Responsáveis

Prazos

Mecanismos e indicadores para avaliar o alcance dos resultados

 

CRIAR CRONOGRAMA

DEFINIR DATAS, HORÁRIOS E DURAÇÃO DAS REUNIÕES COM A EQUIPE

PAPEL OFÍCIO, COMPUTADOR E ATA

CRONOGRAMA COM 1 TURNO POR MÊS RESERVADO PARA  REUNIÃO

MÉDICA – ANA LÚCIA
ENF. CARÍSIA
ACS – ROSANA

DENTISTA: MAYARA

JUNHO/2018

CRONOGRAMA COMPLETO, COM DATAS FIXAS PARA REUNIÃO MENSAL

 

INFORMAR ANTECIPADAMENTE À POPULAÇÃO

DIVULGAR CRONOGRAMA NA SALA DE ESPERA E ATRAVÉS DOS ACS NOS DOMICÍLIOS

CRONOGRAMA IMPRESSO,
ROTINA DOS ACS

COMUNIDADE CIENTE DAS DATAS E DA IMPORTÂNCIA DAS REUNIÕES

TEC. ENF. – GIL
TODOS ACS

SEMANAL

POPULAÇÃO INFORMADA SOBRE OS DIAS DAS REUNIÕES

 

 

Desde o processo de autoavaliação até a criação dessa matriz, tivemos momentos ricos em reflexões críticas sobre as ações e práticas individuais e coletivas, discutindo e analisando a responsabilidade de cada um no processo de organização do trabalho. Tivemos algumas dificuldades para conciliar as agendas de toda a equipe e convencer alguns dos integrantes da equipe a participar desse momento e que essas mudanças veem para a melhoria do trabalho.  

Após colocarmos a matriz em prática, com cronograma completo e datas fixas para reuniões, percebemos o quanto uma tarefa relativamente simples facilita o funcionamento da UBS e qualifica nosso trabalho. Aprendemos que as reuniões periódicas devem ter uma duração adequada às necessidades de discussão da equipe e que aquele tempo deve ser utilizado para discutir sobre o funcionamento da unidade de saúde, planejamento das ações no território, casos complexos, bem como avaliação e integração com troca de experiências e conhecimentos. Além disso, devemos lembrar que aquele momento é sempre uma oportunidade para monitorar e avaliar as ações desenvolvidas, bem como os resultados obtidos, visando sempre a qualificação dos serviços prestados e satisfação dos profissionais e usuários.

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