Uma das prioridades da Unidade Básica de Saúde (UBS) é a atenção voltada para saúde sexual dos indivíduos da comunidade. É complexo falar sobre sexo e sexualidade, pois envolve aspectos socioeconômicos, assim como está relacionado a cultura, ao ambiente e a realidade que o indivíduo está inserido.
Promover saúde é por em prática ações que possam evitar surgimento de doença nos indivíduos da comunidade realizando ações que levem informações por meio de oficinas educativas para abordagem de determinados temas. Na UBS que atuo o foco escolhido para esta microintervenção foi a saúde sexual e reprodutiva entre os adolescentes e adultos jovens da comunidade do bairro Planície das Mangueiras, zona norte da cidade de Natal-RN. Prevenir é impedir que a doença ou agravos desenvolva-se nos indivíduos desta comunidade.
Para execução da promoção da saúde sexual e reprodutiva desses jovens do bairro da planície das Mangueiras desenvolveremos ações com grupos de adolescentes e adultos jovens para discussão sobre determinados assuntos como: sexo, gravidez indesejada na adolescência, Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e o uso de métodos contraceptivos.
As informações sobre sexualidade precisam ser mais abordadas nas escolas e nas Estratégias de Saúde da Família (ESF) tendo em vista que a realidade desses jovens muitas vezes é ambiente de extrema pobreza, o que não é determinante para que existam pessoas com falta de informação ou marginalizadas, mas contribui para alguns comportamentos de risco que podem interferir no processo saúde-doença.
A abordagem inteligente com diálogo, exposição de problemas relacionados à saúde reprodutiva e sexual exerce papel importante na prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, além da prevenção de gravidez indesejada, e proporciona construção de indivíduos mais conscientes de suas ações. Sendo assim este assunto é importante para ser trabalhado, visto que essas informações nem sempre são bem abordados entre as famílias na realidade de seu ambiente domiciliar.
Falar sobre sexo e sexualidade parece algo considerado muito difícil em algumas famílias. Talvez haja um medo de exposição precoce sobre assunto e temor sobre incentivo de práticas sexuais por medo ou vergonha de falar sobre assunto. Os adolescentes acabam procurando informações, que muitas vezes são insuficientes ou inadequadas vindas de colegas e/ ou meios de comunicação como a internet para sanar as curiosidades relacionadas ao assunto.
O que tenho presenciado na ESF é que muitos adolescentes chegam a unidade acompanhados geralmente pelas mães entristecidas e desesperadas por já terem descoberto o início da atividade sexual. Os adolescentes possuem as mais variadas idades e, às vezes, ainda nem conhecem seu corpo nem mesmo sabem as consequências de relação sexual desprotegida. Recebo diariamente diversas adolescentes que a maior preocupação das mães após a descoberta do início da atividade sexual era engravidar e a primeira opção é o pedido para iniciar o contraceptivo oral ao profissional médico.
Durante abordagem a este tipo de adolescente é feita uma sensibilização sobre questões relacionadas ao sexo e a sexualidade. Ademais, aborda-se temas como a prevenção de doenças e gravidez e uso de contraceptivo para que se entenda a preocupação da família do adolescente, assim como o autocuidado seja o foco da atenção à saúde.
Percebo através da anamnese minuciosa que no lar dessas pessoas nem sempre há a abordagem sobre sexo e sexualidade, apenas proibições, sem deixar explícita a importância do uso de preservativo. Sem dúvidas é compreensível a atitudes das mães em iniciar o contraceptivo oral, porém não é a principal coisa a ser mudada. Nitidamente os próprios pais nem sempre dispõem da informação adequada para seus filhos. Desta forma, fala-se sobre a prevenção da gestação, no entanto não há abordagem para prevenção de IST, uma vez que não é prevenida pelo uso do anticoncepcional oral (ACO).
Durante todos os atendimentos dos adolescentes há incentivo sobre a necessidade do uso de preservativo em todas as práticas sexuais, pelo falo de diminuir risco de contrair doenças como HIV, hepatite, dentre outras doenças e também por ser um método de barreira que vai contribuir para que não haja uma gravidez indesejada. Explico sobre o ACO que não protege de IST, e embora diminua o risco de gravidez indesejada, há maior risco para contrair doenças relacionadas às práticas sexuais.
O objetivo deste trabalho é sensibilizar os jovens adscritos em uma Estratégia de Saúde da Família localizada zona norte da cidade de Natal-RN sobre sexo e sexualidade. Para isso foram abordados temas como sexualidade, IST, métodos contraceptivos e gravidez não planejada.
Para execução deste trabalho tivemos o auxílio dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) que desenvolveram papel importante na divulgação das atividades executadas na ESF. Houve a formação de grupos de adolescentes e adultos jovens, debates sobre tema e seminários sobre IST.
O esclarecimento sobre sexualidade, contracepção e conhecimento sobre IST favorece que os adolescentes tenham consciência sobre suas escolhas e conhecimento sobre as consequências de uma relação sexual desprotegida.
A ação inicialmente se deu na ESF. Aproveitamos o momento em que a maior parte das pessoas estivessem reunidas no local para começarmos a atuar.
A estratégia inicialmente foi iniciar a distribuição de preservativos, masculino e feminino, para o público alvo que frequentou a unidade. Juntamente com os ACS foi possível a distribuição de preservativos e a conversa individual com os usuários presentes na unidade. Houve diálogo relacionado ao sexo seguro, abordagem de algumas IST e gravidez não planejada. Abordamos risco da exposição às DST como sífilis HIV, gonorreia e hepatites.
Como esta ação pudemos perceber que a maior parte dos adolescentes presentes não possui o hábito de usar preservativos, principalmente o preservativo feminino. Foi questionado também se houve orientação sobre sexo e sexualidade por um familiar em algum momento da vida e a maior parte das respostas foi negativa. A justificativa para isso, de acordo com algumas falas, deu-se pelo fato do assunto ser vergonhoso e que não houve aproximação suficiente dos pais com os filhos.
Falar sobre sexo e sexualidade é algo prazeroso e foi possível perceber o interesse do público ao tratar desses assuntos. A abordagem desses temas é importante para os jovens, pois neste grupo pode haver uma maior promiscuidade sexual, aumentando o risco de ocorrer uma gravidez não planejada e IST.
Com relação às dificuldades para a realização da microintervenção, destaca-se o desafio de reunir os usuários em um único local, pela limitação física e precariedade da unidade. Um ponto positivo da microintervenção é que este é um assunto de bastante aceitação entre os jovens, portanto muito fácil de conversar e expressar opiniões durante abordagem dos assuntos.
A partir dessa abordagem pode-se observar nítido esclarecimento sobres os temas mencionados durante ação, e o interesse dos jovens em ações constantes sobre o tema proposto, sendo então necessário a realização de novas oficinas com realização de atividades em grupo, realização de questionários e dinâmicas de grupo para exposição de temas relacionados a saúde sexual e reprodutiva capacitando os próprios ACS (Agente comunitário de Saúde) para levar determinadas informações para comunidade e incentivar o uso de preservativos.
Com esta ação espera-se que haja maior número de usuários que façam uso de preservativos para realização de um sexo seguro e consequente redução das IST e gravidez indesejada entre os jovens. É possível também esperar que haja disseminação das informações mensionadas nas reunião do ESF. Para isto é importante que mais trabalhos sejam realizados voltados para saúde sexual e reprodutiva sejam realizados na unidade.