18 de Maio de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

Prevenindo, lutamos pelo amor.

Autora: Dra. Dayanis Lafargue Martìnez

Orientadora : Juliana Ferreira Lemos

         Esta microintervenção é um projeto realizado pela equipe 2 de PSF (Programa de Saúde da Família) do município de Araúa, estado de Sergipe, Brasil. Realizamos nosso trabalho em uma área rural carente que possui 8 microáreas distribuídas em 5 UBS (Unidades Básicas de Saúdes) e um assentamento de sem-terras. Nossa equipe é composta por uma enfermeira, uma assistente de enfermagem, 8 agentes comunitários de saúde e um médico especialista em Medicina Geral Integral.

         Para iniciar nossa microintervenção, realizamos uma reunião de equipe e aplicamos o AMAQ, que é um instrumento de autoavaliação do PMAQ-AB (Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica)( BRASIL, 2017), com o objetivo de avaliar os diversos parâmetros de infraestrutura, insumos médicos e o trabalho integral que é feito na equipe, a fim de detectar as fragilidades e deficiências que existem em nosso trabalho, além dos problemas com maior incidência.

         A equipe se reuniu na sala multifuncional de nossa matriz em Olhos de Água, com o auxílio de um computador e do AMAQ digital (BRASIL, 2017). Realizamos a discussão e atribuímos uma pontuação de 1 a 10 para cada um dos itens correspondentes à UBS, sempre levando em conta que temos uma extensa área de abrangência, com 5 UBS que apresentam infraestruturas diferentes, valorizando em profundidade o nosso trabalho profissional, se temos cumprido as expectativas esperadas e fundamentalmente a opinião de todos os funcionários sobre o que precisamos melhorar na atenção.

        Dos parâmetros analisados, houve dois deles que alcançaram 5 pontos de acordo com o consenso da equipe:

1. Padrão 3.1 A Unidade Básica de Saúde, considerando sua infraestrutura física e equipamentos, é adequada para o desenvolvimento das ações.

        Neste caso temos 3 UBS com infraestruturas adequadas e equipamentos básicos necessários, mas temos 2 UBS, além do local adaptado do assentamento de sem-terras que não atendem aos parâmetros mínimos, há problemas com o telhado, vazamentos no consultório médico, problemas nas instalações hidráulicas que impedem a água de atingir os diferentes níveis da instalação, além de faltarem equipamentos de emergência. Nossa equipe decidiu que esse não seria o objetivo da nossa intervenção porque esse problema já foi discutido com a direção do Secretário Municipal de Saúde que fechou as UBS de maiores deficiências e colocou a reparação dentro do orçamento da entidade com a objetivo de fazê-lo em um momento prudencial. Consideramos também que a solução de infraestrutura depende mais da gestão municipal de saúde.

2. Padrão 4.42 A equipe da Atenção Básica realiza o diagnóstico e acompanhamento dos casos de HIV/AIDS e demais doenças sexualmente transmissíveis (DST)

        Nesta seção a equipe considerou que, mesmo depois de detectadas as doenças sexualmente transmissíveis, foi dado todo o apoio psicológico e tratamento medicamentoso ao paciente, bem como notificação oportuna dos casos e se dirigiu para as unidades de referência, a baixa pontuação foi dada pela relativa ausência durante os três primeiros meses do ano (janeiro a março) de testes de HIV e sífilis, sendo que os testes para Hepatites Virais não são realizados no estado Sergipe por falta de insumo. Devido à falta de fundos naqueles meses, a quantidade de testes que foram designados à equipe para o trabalho impediu a pesquisa ativa dos grupos de risco de nossa comunidade. Só pôde ser garantida com estes as grávidas do primeiro e terceiro trimestre, os quais foram realizados e os positivos foram notificados à epidemiologia. O tratamento foi dado a elas e aos parceiros, assim como foram encaminhadas para uma consulta de alto risco de pré-natal. Não obstante, a população em geral não teve acesso a este serviço oportunamente trazendo como resultado que em abril, quando os primeiros 40 testes foram feitos com pacientes de risco de 2 UBS, 11 casos de sífilis e um HIV foram detectados, considerado uma alta incidência de mais de 25% dos que realizaram o estudo, além disso, verificou-se que 3 casais destes também contraíram a infecção. Conversando com esses usuários percebemos que provavelmente essas infecções ocorreram entre 3 e 6 meses anteriores à data de conclusão do teste, então, o fato de não ter os testes suficientes para a população de risco entre janeiro – março de 2018 e o não uso do preservativo aumentou a disseminação na área. Além do diálogo com os afetados, percebemos que há pouca instrução sobre as vantagens dos preservativos e que existem mitos diferentes sobre seu uso. Por ser um problema que afeta toda a comunidade, independentemente do sexo ou faixa etária, bem como a conotação física, psicológica e social que tem a doença, decidimos que este é o tema da nossa microintervenção, para agir tanto na detecção da doença e seu tratamento, quanto na conscientização das pessoas sobre o uso de preservativos para a prevenção de DST´s.

        As doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) são doenças graves, frequentes em todo o mundo. Estima-se que, no mundo, a cada ano, ocorram cerca de 333 milhões de novos casos de DST. As DSTs são consideradas como processos infecciosos causados por um grupo heterogêneo de agentes, agrupadas devido à significância epidemiológica da transmissão por meio do contato sexual, embora este não seja necessariamente o único meio de transmissão. Entre as DSTs mais frequentes encontramos a sífilis, gonorreia, cancro mole, donovanose, além da AIDS.(SANTOS, TL; ABUD, ACF; INAGAKI, ADM; 2009)

        Essas doenças encontram-se entre os problemas de saúde pública mais frequentes no mundo. Podendo causar infertilidade, transmissão de mãe para filho, determinando perdas gestacionais ou doenças congênitas, além do aumento do risco para a infecção por Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). (SANTOS, TL; ABUD, ACF; INAGAKI, ADM; 2009). Por isso consideramos de grande importância este tema pela repercussão em diferentes níveis: físico, psicológico e social que tem a doença.

        Depois de detectar a maior problemática que está afetando nossa comunidade, decidimos fazer uma Matriz de Intervenção para guiar nosso trabalho e alcançar nossos objetivos.

 

Matriz de Intervenção

Descrição do Padrão:

Padrão 4.42 A equipe de Atencao Basica realiza diagnóstico e acompanhamento dos casos de HIV/aids e demais doencas sexualmente transmissiveis.

Descrição da situação problema para o alcance do Padrão

Baixa detecção de DST na comunidade por deficit de Testes Rapidos na equipe

 Objetivo/Meta:

Elevar a detecção e tratamento de DST na comunidade. Concientizar a população sobre o uso de preservativo para a prevenção de DST

Estrategias para alcançar os objetivos /metas:

Realizar reunião da equipe PSF2 para a troca de experiencias sobre o tema da microintervenção

Atividades a serem desenvolvidas( detalhamento da execução):

1-     Identificar pessoas das comunidades com risco de DST

2-   Realizar uma Palestra por cada UBS+ Assentamento de sem terra sobre DST e medidas preventivas

3-   Realizar os testes rapidos aos 90% dos usuarios de risco de DST

4-   Impor tratamento a 100% dos casos positivos de DST

 Recursos necessarios para o desenvolvimento das atividades:

1-    ACS

2-    Folhetos sobre DST e caixas de preservativos

3-    Teste Rapidos de HIV/ Sifilis

4-    Penicilina Benzatinica(ampolas 1200000  UI)

 Resultados esperados:

1-    População de risco identificada

2-    Concientizar a população sobre DST, os riscos e medidas preventivas

3-    Detetar pacientes positivos a DST

4-    Cura do 100% dos usuarios com DST

 Responsáveis:

1-    Agente comunitario de cada microárea

2-    Líder Dra. Dayanis

3-    Enfermeira Ronaide

4-    Líder Dra. Dayanis

Prazos:

1-    Avaliação de Maio

2-    Avaliação de Junho

3-    Avaliação de Junho

4-    Avaliação de Junho

        Após a realização da Matriz de Intervenção, solicitamos uma reunião com a Secretaria Municipal de Saúde para conscientização sobre a microintervenção a ser realizada e a pertinência de fazê-la. O gerente concordou com o tema e a Matriz e ofereceu todo o apoio logístico para realizá-la.

       Criou-se um instrumento para monitorar os aspectos do PMAQ e da microintervenção. O Mural Situacional do PSF 2 é construído e colocado na matriz UBS da equipe a ser visualizada por todos os membros. Consiste em três tabelas fundamentais. A primeira reflete os diferentes indicadores avaliados no PMAQ. A segunda reflete o comportamento da DST na área e a terceira o desenvolvimento dos itens da microintervenção, todos esses indicadores durante o ano de 2018.

Ano 2018 J F M A M J J A S O N D
Total de pacientes atendidos pelo medico
Total de pacientes atendidos pela enfermagem
Total de grávidas
Total de puericultura
Total de HTA atendidos
Total de DM atendidos
Total de Visitas Domiciliar
Doencas de transmissão sexual año 2018 J F M A M J J A S O N D
HIV/ Aids
Sífilis
Hepatite Virais ( C )
Blenorragia
Trichomoniase
Clamydeas
 Resultados da Microintervenção 2018 M J J A S O N D
 Test rápido de HIV/ Aids
 Test Sífilis de Sífilis
Total de casos positivos de HIV/Aids
Total de casos positivos de Sífilis
Total de pacientes tratados
Total de Palestras realizadas

 

             Conclusão:  

Consideramos de grande importância esta microintervenção porque estamos intervindo em um problema de alcance mundial e que reflete na saúde de nossa comunidade. Esperamos com ela poder identificar a população de risco para agir tanto na detecção da doença e seu tratamento, quanto na conscientização das pessoas sobre o uso de preservativos para a prevenção de DST´s.

 

         Bibliografia:

  1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Autoavaliação para melhoria do acesso e da qualidade da atenção básica : AMAQ [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2017. 164 p. : il. Disponível em: http://amaq.lais.huol.ufrn.br
  2. SANTOS, TL; ABUD, ACF; INAGAKI, ADM. Vulnerabilidade às doenças sexualmente transmissíveis entre mulheres com alta escolaridade. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 out/dez; 17(4):502-5.Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v17n4/v17n4a08.pdf
  3. BRASIL Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.     Autoavaliação para a Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica : AMAQ / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2012.     134 p.: il. – (Série B. Textos básicos de saúde)

   

Foto da reunião de equipe para fazer a microintervenção

 

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