Prevenindo, lutamos pelo amor.
Autora: Dra. Dayanis Lafargue Martìnez
Orientadora : Juliana Ferreira Lemos
Esta microintervenção é um projeto realizado pela equipe 2 de PSF (Programa de Saúde da Família) do município de Araúa, estado de Sergipe, Brasil. Realizamos nosso trabalho em uma área rural carente que possui 8 microáreas distribuídas em 5 UBS (Unidades Básicas de Saúdes) e um assentamento de sem-terras. Nossa equipe é composta por uma enfermeira, uma assistente de enfermagem, 8 agentes comunitários de saúde e um médico especialista em Medicina Geral Integral.
Para iniciar nossa microintervenção, realizamos uma reunião de equipe e aplicamos o AMAQ, que é um instrumento de autoavaliação do PMAQ-AB (Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica)( BRASIL, 2017), com o objetivo de avaliar os diversos parâmetros de infraestrutura, insumos médicos e o trabalho integral que é feito na equipe, a fim de detectar as fragilidades e deficiências que existem em nosso trabalho, além dos problemas com maior incidência.
A equipe se reuniu na sala multifuncional de nossa matriz em Olhos de Água, com o auxílio de um computador e do AMAQ digital (BRASIL, 2017). Realizamos a discussão e atribuímos uma pontuação de 1 a 10 para cada um dos itens correspondentes à UBS, sempre levando em conta que temos uma extensa área de abrangência, com 5 UBS que apresentam infraestruturas diferentes, valorizando em profundidade o nosso trabalho profissional, se temos cumprido as expectativas esperadas e fundamentalmente a opinião de todos os funcionários sobre o que precisamos melhorar na atenção.
Dos parâmetros analisados, houve dois deles que alcançaram 5 pontos de acordo com o consenso da equipe:
1. Padrão 3.1 A Unidade Básica de Saúde, considerando sua infraestrutura física e equipamentos, é adequada para o desenvolvimento das ações.
Neste caso temos 3 UBS com infraestruturas adequadas e equipamentos básicos necessários, mas temos 2 UBS, além do local adaptado do assentamento de sem-terras que não atendem aos parâmetros mínimos, há problemas com o telhado, vazamentos no consultório médico, problemas nas instalações hidráulicas que impedem a água de atingir os diferentes níveis da instalação, além de faltarem equipamentos de emergência. Nossa equipe decidiu que esse não seria o objetivo da nossa intervenção porque esse problema já foi discutido com a direção do Secretário Municipal de Saúde que fechou as UBS de maiores deficiências e colocou a reparação dentro do orçamento da entidade com a objetivo de fazê-lo em um momento prudencial. Consideramos também que a solução de infraestrutura depende mais da gestão municipal de saúde.
2. Padrão 4.42 A equipe da Atenção Básica realiza o diagnóstico e acompanhamento dos casos de HIV/AIDS e demais doenças sexualmente transmissíveis (DST)
Nesta seção a equipe considerou que, mesmo depois de detectadas as doenças sexualmente transmissíveis, foi dado todo o apoio psicológico e tratamento medicamentoso ao paciente, bem como notificação oportuna dos casos e se dirigiu para as unidades de referência, a baixa pontuação foi dada pela relativa ausência durante os três primeiros meses do ano (janeiro a março) de testes de HIV e sífilis, sendo que os testes para Hepatites Virais não são realizados no estado Sergipe por falta de insumo. Devido à falta de fundos naqueles meses, a quantidade de testes que foram designados à equipe para o trabalho impediu a pesquisa ativa dos grupos de risco de nossa comunidade. Só pôde ser garantida com estes as grávidas do primeiro e terceiro trimestre, os quais foram realizados e os positivos foram notificados à epidemiologia. O tratamento foi dado a elas e aos parceiros, assim como foram encaminhadas para uma consulta de alto risco de pré-natal. Não obstante, a população em geral não teve acesso a este serviço oportunamente trazendo como resultado que em abril, quando os primeiros 40 testes foram feitos com pacientes de risco de 2 UBS, 11 casos de sífilis e um HIV foram detectados, considerado uma alta incidência de mais de 25% dos que realizaram o estudo, além disso, verificou-se que 3 casais destes também contraíram a infecção. Conversando com esses usuários percebemos que provavelmente essas infecções ocorreram entre 3 e 6 meses anteriores à data de conclusão do teste, então, o fato de não ter os testes suficientes para a população de risco entre janeiro – março de 2018 e o não uso do preservativo aumentou a disseminação na área. Além do diálogo com os afetados, percebemos que há pouca instrução sobre as vantagens dos preservativos e que existem mitos diferentes sobre seu uso. Por ser um problema que afeta toda a comunidade, independentemente do sexo ou faixa etária, bem como a conotação física, psicológica e social que tem a doença, decidimos que este é o tema da nossa microintervenção, para agir tanto na detecção da doença e seu tratamento, quanto na conscientização das pessoas sobre o uso de preservativos para a prevenção de DST´s.
As doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) são doenças graves, frequentes em todo o mundo. Estima-se que, no mundo, a cada ano, ocorram cerca de 333 milhões de novos casos de DST. As DSTs são consideradas como processos infecciosos causados por um grupo heterogêneo de agentes, agrupadas devido à significância epidemiológica da transmissão por meio do contato sexual, embora este não seja necessariamente o único meio de transmissão. Entre as DSTs mais frequentes encontramos a sífilis, gonorreia, cancro mole, donovanose, além da AIDS.(SANTOS, TL; ABUD, ACF; INAGAKI, ADM; 2009)
Essas doenças encontram-se entre os problemas de saúde pública mais frequentes no mundo. Podendo causar infertilidade, transmissão de mãe para filho, determinando perdas gestacionais ou doenças congênitas, além do aumento do risco para a infecção por Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). (SANTOS, TL; ABUD, ACF; INAGAKI, ADM; 2009). Por isso consideramos de grande importância este tema pela repercussão em diferentes níveis: físico, psicológico e social que tem a doença.
Depois de detectar a maior problemática que está afetando nossa comunidade, decidimos fazer uma Matriz de Intervenção para guiar nosso trabalho e alcançar nossos objetivos.
Matriz de Intervenção
Descrição do Padrão:
Padrão 4.42 A equipe de Atencao Basica realiza diagnóstico e acompanhamento dos casos de HIV/aids e demais doencas sexualmente transmissiveis.
Descrição da situação problema para o alcance do Padrão
Baixa detecção de DST na comunidade por deficit de Testes Rapidos na equipe
Objetivo/Meta:
Elevar a detecção e tratamento de DST na comunidade. Concientizar a população sobre o uso de preservativo para a prevenção de DST
Estrategias para alcançar os objetivos /metas:
Realizar reunião da equipe PSF2 para a troca de experiencias sobre o tema da microintervenção
Atividades a serem desenvolvidas( detalhamento da execução):
1- Identificar pessoas das comunidades com risco de DST
2- Realizar uma Palestra por cada UBS+ Assentamento de sem terra sobre DST e medidas preventivas
3- Realizar os testes rapidos aos 90% dos usuarios de risco de DST
4- Impor tratamento a 100% dos casos positivos de DST
Recursos necessarios para o desenvolvimento das atividades:
1- ACS
2- Folhetos sobre DST e caixas de preservativos
3- Teste Rapidos de HIV/ Sifilis
4- Penicilina Benzatinica(ampolas 1200000 UI)
Resultados esperados:
1- População de risco identificada
2- Concientizar a população sobre DST, os riscos e medidas preventivas
3- Detetar pacientes positivos a DST
4- Cura do 100% dos usuarios com DST
Responsáveis:
1- Agente comunitario de cada microárea
2- Líder Dra. Dayanis
3- Enfermeira Ronaide
4- Líder Dra. Dayanis
Prazos:
1- Avaliação de Maio
2- Avaliação de Junho
3- Avaliação de Junho
4- Avaliação de Junho
Após a realização da Matriz de Intervenção, solicitamos uma reunião com a Secretaria Municipal de Saúde para conscientização sobre a microintervenção a ser realizada e a pertinência de fazê-la. O gerente concordou com o tema e a Matriz e ofereceu todo o apoio logístico para realizá-la.
Criou-se um instrumento para monitorar os aspectos do PMAQ e da microintervenção. O Mural Situacional do PSF 2 é construído e colocado na matriz UBS da equipe a ser visualizada por todos os membros. Consiste em três tabelas fundamentais. A primeira reflete os diferentes indicadores avaliados no PMAQ. A segunda reflete o comportamento da DST na área e a terceira o desenvolvimento dos itens da microintervenção, todos esses indicadores durante o ano de 2018.
Ano 2018 | J | F | M | A | M | J | J | A | S | O | N | D |
Total de pacientes atendidos pelo medico | ||||||||||||
Total de pacientes atendidos pela enfermagem | ||||||||||||
Total de grávidas | ||||||||||||
Total de puericultura | ||||||||||||
Total de HTA atendidos | ||||||||||||
Total de DM atendidos | ||||||||||||
Total de Visitas Domiciliar |
Doencas de transmissão sexual año 2018 | J | F | M | A | M | J | J | A | S | O | N | D |
HIV/ Aids | ||||||||||||
Sífilis | ||||||||||||
Hepatite Virais ( C ) | ||||||||||||
Blenorragia | ||||||||||||
Trichomoniase | ||||||||||||
Clamydeas |
Resultados da Microintervenção 2018 | M | J | J | A | S | O | N | D |
Test rápido de HIV/ Aids | ||||||||
Test Sífilis de Sífilis | ||||||||
Total de casos positivos de HIV/Aids | ||||||||
Total de casos positivos de Sífilis | ||||||||
Total de pacientes tratados | ||||||||
Total de Palestras realizadas |
Conclusão:
Consideramos de grande importância esta microintervenção porque estamos intervindo em um problema de alcance mundial e que reflete na saúde de nossa comunidade. Esperamos com ela poder identificar a população de risco para agir tanto na detecção da doença e seu tratamento, quanto na conscientização das pessoas sobre o uso de preservativos para a prevenção de DST´s.
Bibliografia:
Foto da reunião de equipe para fazer a microintervenção