15 de Maio de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

O ACOMPANHAMENTO DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS MENORES DE DOIS ANOS: UM RETO PARA MINHA EQUIPE.

ESPECIALIZANDO: DALILA GUERRA GONZALEZ

ORIENTADOR: CLEYTON CEZAR SOUTO SILVA

 

          A Atenção Básica no Brasil garante cobertura com ações de promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação da saúde a mais de 140 milhões de brasileiros e está acessível à demanda por atendimento à praticamente toda a população. São aproximadamente 41 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS) e mais de 600 mil profissionais atuando em todos os municípios do país. (BRASIL, 2017).

          O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade (PMAQ) é criado pelo Ministério da saúde com o fim de desenvolver ações voltadas para a melhoria do acesso e da qualidade no Atenção Básica.

          Durante o estudo e desenvolvimento do módulo de Observação na Unidade de Saúde, aprendi e coloquei em prática os conhecimentos aprendidos sobre o PMAQ, realizando uma microintervenção em minha equipe 001 da Unidade Básica de Saúde (UBS) Dr. Aberto Lima, do município Santana, Estado Amapá. Foi feita uma reunião com todos os integrantes, sendo utilizado como instrumento a Autoavaliação para melhoria do acesso e da qualidade da Atenção Básica (AMAQ).  Identificamos vários padrões com baixa pontuação, e escolhemos da Dimensão: Educação permanente, processo de trabalho e atenção integral à saúde, Subdimensão L:  Atenção integral à saúde o padrão 4.18: A equipe da Atenção Básica acompanha o crescimento e desenvolvimento das crianças menores de dois anos. Porque a equipe não acompanha a todas as crianças menores de dois anos de nossa área de abrangência, são faltosas a grande maioria as consultas de puericulturas com a periocidade que estabelece o padrão, devendo receber   durante o primeiro ano de vida da criança, no mínimo sete consultas de acompanhamento, sendo três com o médico e quatro de enfermagem (na 1ª semana e no 1º, 2º, 4º, 6º, 9º e 12º mês), Além de duas consultas no segundo ano de vida (18º e 24º). O acompanhamento mediante estas consultas constitui uma ferramenta para garantir um adequado crescimento e desenvolvimento das crianças.

          Puericultura é a arte de promover e proteger a saúde das crianças, a traves de uma atenção integral, compreendendo a criança como um ser em desenvolvimento com suas particularidades. (SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE SÃO PAOLO, 2015)

          Entre os objetivos das consultas dos serviços de puericultura estão: promover a saúde, prevenir doenças mediante a vacinação sistemática e educação, detectar e tratar doenças precocemente. (CONSOLINI, 2018).

          Em nossa área não existe um atendimento diferenciado, com a periocidade do acompanhamento que precisam as crianças menores de dois anos de risco, não estando identificado as que tem antecedentes de prematuridade e baixo peso ao nascer.

          De acordo com o Ministério da Saúde, prematuridade e baixo peso ao nascer são critérios que classificam o neonato como recém-nascido de risco. (OLIVEIRA ET AL, 2015)

          A importância da atenção e cuidado com o recém-nascido prematuro e/ou de baixo peso ao nascer deve-se ao fato dessas causas serem responsáveis pelo maior índice de morte neonatal. (OLIVEIRA ET AL, 2015)

          É no primeiro ano de vida que se estabelecem os hábitos de higiene oral, amamentação, alimentação e muitas vezes de sucção de chupetas e dedo que, se em desequilíbrio, poderão levar ao aparecimento de cáries, problemas gengivais e mal oclusões (mal encaixe entre os dentes e possível desarmonia de língua e lábios). Sim, bebês podem ter cáries, gengivite, e problemas de mordida! Mas tudo isto pode ser prevenido e evitado com uma primeira consulta ao dentista. (SCHAMES, 2003)

          Mas em nossa equipe não é realizada a consulta odontológica no 1º ano de vida da criança (quando se inicia a erupção da dentição decídua),nem tampouco  durante  o 2º ano de vida da criança (quando geralmente se completa a erupção da dentição decídua),tendo o recurso humano ao contar com o odontólogo, mas faltado  intencionalidade e organização do processo de trabalho.

          Durante o debate percebemos que os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) não tem conhecimento da periocidade das consultas de puericultura, tampouco esta atualizado o cadastro das crianças menores de dois anos, não existe um cronograma de atendimento continuado das mesmas, manifestando os ACS falta de preparação para desenvolver atividades de educação em saúde com as famílias e comunidade sobre a importância do acompanhamento das crianças menores de dois anos, além das atividades de promoção e educação em saúde, sendo necessário orientar a mãe, família e cuidador sobre os cuidados com a criança (alimentação, higiene, imunizações, estimulação e aspectos psicoafetivos).

          É muito importante que as crianças sejam imunizadas segundo o calendário preconizado pelo Ministério de Saúde para que se evitem a ocorrência de doenças imunopreveníveis. A adequada higiene da criança, dos alimentos, do ambiente e de todos aqueles que lidam com ela são essenciais para seu bom crescimento. Isso implica na disponibilidade de água potável, de meios sanitários para esgotamento sanitário, e destinação de lixo e conhecimentos, atitudes e práticas corretas sobre o manuseio, armazenamento, preparo e conservação dos alimentos, de higiene corporal e do ambiente. (COSTA, ET AL, 2002).

          Depois de fazer um complexo analise sobre o padrão 4.18: a equipe Atenção Básica acompanha o crescimento e desenvolvimento das crianças menores de dois anos, e através das discussões e sugestões de cada membro da equipe, além de identificar os problemas já relatados, desenhamos uma matriz de intervenção (Anexo II) com as Estratégias e Atividades a serem desenvolvidas, para a solução dos mesmos, alcançar melhores resultados  e cumprir com os objetivos e metas traçados.

          Ao culminar esta atividade, como parte do PMAQ fizemos um analise dos indicadores propostos no terceiro ciclo e escolhemos o indicador: percentual de recém-nascidos atendidos na primeira semana de vida, tendo em conta, que este indicador tem uma grande relação com o padrão que a equipe escoliou durante o analise do AMAQ.

          Este indicador mede a relação entre os atendimentos (ambulatorial e atenção domiciliar) a recém-nascidos, na primeira semana de vida, realizados por médicos e enfermeiros e o total de crianças nascidas vivas a serem acompanhadas na primeira semana de vida. (BRASIL, 2017).

          Destaca-se ainda que em relação ao primeiro atendimento do binômio mãe e filho na atenção básica, o preconizado pelo Ministério da Saúde é que isto aconteça na primeira semana após o parto, por ser um período mais vulnerável em que se concentram os mais altos índices de óbito infantil (GALLI, 2017).

          Durante os analises identificamos que a equipe não faz monitoramento do indicador, não coleta os dados que permitem seu cálculo, então desenhamos um instrumento para o monitoramento deste indicador (Anexos III e IV). Sendo importante o monitoramento dos indicadores para poder fazer uma real avaliação dos problemas e uma melhor tomada de decisões.

          O desenvolvimento desta microintervenção foi uma gratificante experiencia já que com a com a construção da matriz de intervenção e do instrumento nossa equipe aprendeu muito, pois identificamos e refletimos sobre problemas que presentava nossa equipe que limitavam fazer um atendimento com qualidade, traçamos ações para resolver estes problemas.  Além disso foi identificada a falta de monitoramento dos indicadores pela equipe, sendo muito útil a construção dos instrumentos para controlar e monitorizar estes, então ganhamos em experiencia sobre a organização do processo de trabalho com estas duas atividades.

          Uma limitação identificada foi que alguns dos membros da equipe não estão acostumados a assistir sistematicamente as reuniões, tendo falta de consciência sobre a importância do debate, intercâmbio de experiências e o planejamento das ações em equipe para assim obter melhores resultados no trabalho, isto provocou no início, resistência de alguns dos ACS na hora do processo de reorganização do trabalho, mas acho que estas limitações podem-se melhorar através das atividades educativas sistemáticas com os membros da equipe.

          A minha participação neste Curso de especialização acredito que é uma potencialidade porque permite enriquecer meus conhecimentos e obter instrumentos que posso compartir com minha equipe e colocar em prática, melhorando nosso trabalho e também o atendimento da população.

          Fiquei muito satisfeita com a realização da microintervenção porque esta tive impactos e mudanças positivas na minha equipe; logramos ganhar em experiencia sobre a organização do trabalho, a maioria dos membros da equipe reconhecerem importância fazer uma autoavaliação sistemática de nosso trabalho, para juntos identificar os principais problemas e traçar objetivos e estratégias para lograr a resolutividade destes, todo isto permitiu fortalecer nosso trabalho em equipe. Também logramos que a dra. Odontóloga e a técnica de odontologia assistiriam as reuniões e participaram no intercambio para lograr melhoras no desempenho integral da equipe. Com estas mudanças nossa equipe poderá brindar atendimento com maior qualidade a população.

          Com a continuidade da microintervenção esperamos obter resultados positivos como incrementar os conhecimentos e o comprometimento da equipe sobre o acompanhamento das crianças menores de dois anos, maior preparação dos ACS para desenvolver as atividades educativas, ,maior vinculo e comprometimento da equipe com as famílias das crianças menores de dois anos, lograr um controle e acompanhamento das crianças menores de dois anos assim como as que tem fatores de risco como prematuridade e baixo peso ao nascer, também acompanhar as crianças nas consultas de odontologia.

          O acompanhamento da criança permite também o vínculo com a UBS, permitindo a abordagem de ações para a promoção da saúde, prevenção de problemas e agravos e fornecendo o cuidado em tempo oportuno.

REFERÊNCIAS

  1. BRASIL. Manual instrutivo para as equipes de atenção básica e NASF. Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) terceiro ciclo (2015- 2017), págs. 7-9, 68.
  2. ALVES, Claudia Regina, saúde da criança e do adolescente: crescimento, desenvolvimento e alimentação, Belo Horizonte Coopmed 2008, p10;
  3. COSTA, Coitinho Denis, Et al, 2002, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil, Brasília, 2002, p 20-26. 76-80.
  4. G. Monte Cristina Maria, Guia alimentar pra crianças menores de dois anos, série A, normas e manuais técnicos, Brasília 2002, p 11.
  5. SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE SÃO PAULO, Puericultura: a atenção integral as crianças, 2015. http://www.ebc.com.br/infantil/para-pais/2015/03/puericultura-atencao-integral-saude-das-criancas
  6. M. Consolini Deborah, Puericultura,2018 Merck Sharp & Dohme Corp., una subsidiaria de Merck & Co., Inc., Kenilworth, NJ., USA. https://www.merckmanuals.com/pr/professional/pediatr%C3%ADa/puericultura/puericultura
  7. P. U. Schames Cintia, Odontopediatria: a primeira consulta ao dentista, 2003.

https://www.alobebe.com.br/revista/odontopediatria-a-primeira-consulta-ao-dentista.html,163

    8. OLIVEIRA, Pessoa Tiara Aída, Et al, O crescimento e desenvolvimento frente à prematuridade e baixo peso ao nascer, 2015, pag. 403. http://www.scielo.org.co/pdf/aven/v33n3/v33n3a08.pdf.

    9. GALLI, Canani Renata Et al, acompanhamento do neonato na primeira semana de vida: papel do enfermeiro da atenção básica, 2017, pag. 3. http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp-content/uploads/2017/09/Renata-Galli-Canani.pdf

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