CAPÍTULO I:
O DESAFIO DE ALCANÇAR A ASSISTÊNCIA INTEGRAL DOS USUÁRIOS DA ESF HILDA FERREIRA II
ESPECIALIZANDA: ÁQUILA TALITA LIMA SANTANA ALVES
ORIENTADORA: JULIANA FERREIRA LEMOS
COLABORADORES: ACS- BETÂNIA RODRIGUES SANTOS
CARLOS MACHADO SOUZA
DANIELA DA SILVA
ISAMARY COSTA ARAUJO
JOSEMARIA ALVES DOS SANTOS
LENALDA DOS SANTOS
MARIA APARECIDA DOS SANTOS SILVA
ENFA-TATIANA SANTOS CAMPOS
O dia a dia da UBS é permeado de alguns desafios, não só para o médico, mas para toda equipe de saúde. O médico na UBS lida com problemas e patologias diversas, desde consultas apenas para pedir exames até casos clínicos complexos. Além disso, lida com diferentes realidades sociais e embates do próprio sistema, de modo que o médico precisa ser flexível e conduzir cada caso de modo individualizado, sempre priorizando o USUÁRIO. Nesse contexto, são pertinentes autoavaliações periódicas do processo de trabalho da equipe, garantindo melhorias no acesso e na qualidade de atendimento.
Esse relato abordará a microintervenção realizada a partir do processo de autoavaliação de uma Equipe de Saúde da Família (ESF), iniciando com a observação na Unidade de Saúde, tal processo precisa ser continuo e dinâmico. A autoavaliação é o ponto de partida na construção e desenvolvimento da qualidade de um serviço, pois permite a identificação de problemáticas e de pontos positivos associados a ESF, esse é o momento de reflexão e de produzir iniciativas visando o aprimoramento dos serviços. O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) situa a avaliação como estratégia permanente para a tomada de decisão e ação central para a melhoria da qualidade das ações de saúde, sendo esta considerada como atributo fundamental a ser alcançado no SUS (MINISTÉRIO DA SAUDE, 2017).
A integralidade é um dos princípios do SUS e está relacionada à condição integral da compreensão do ser humano. Os usuários associam a Atenção Integral à Saúde ao tratamento respeitoso, digno, qualificado e acolhedor. Para isso, deve-se estabelecer um conjunto de ações na ESF que vão desde a prevenção à assistência (PINHEIRO,2018). Um estudo com enfermeiras da Atenção Básica no estado de São Paulo mostrou que a concepção sobre integralidade, para essas profissionais, está diretamente relacionada à prestação de assistência (FRACOLLI, et al, 2011). No cotidiano da Unidade Básica de Saúde podemos citar alguns exemplos de diferentes profissionais que podem utilizar de suas funções para aplicar a integralidade. A consulta médica, na qual os fatores de risco são explorados e se investiga outras doenças que ainda não se manifestaram. Quando o Agente Comunitário de Saúde nas visitas domiciliares detecta algo que o morador ainda não tenha identificado. Ou ainda, quando um enfermeiro numa consulta de puericultura, aborda as condições sociais da família (MATTOS,2001).
Frente ao exposto essa microintervenção apresentou as seguintes etapas: 1. realizar a autoavaliação, utilizando o AMAQ; 2. construir a matriz de intervenção;3. construir um instrumento que permita monitorar os indicadores de qualidade.
Inicialmente, utilizou-se a reunião mensal de avaliação da equipe (prática contínua na unidade) para um momento diferenciado: autoavaliação através do instrumento do PMAQ. Que permitiu avaliar as seguintes subdimensões: Infraestrutura e equipamentos; Insumos, imunobiológicos e medicamentos; Educação permanente e qualificação das equipes de Atenção Básica; Organização do processo de trabalho; Atenção integral à saúde; Participação, controle social e satisfação do usuário; e Programa Saúde na Escola. Esse momento proporcionou a identificação das dificuldades e pontos positivos da ESF, permitindo ao grupo o planejamento das ações para o enfrentamento das problemáticas.
Após realizada a autoavaliação, foi construída a matriz de intervenção baseado no padrão -Atenção Integral a Saúde, a situação problema descrita foi a dificuldade de adesão dos usuários à atenção integral. Uma vez que foi notado que devido as condições de vulnerabilidade social da área, os usuários carecem de tratamento digno e acolhedor para que se sintam seguros em seguir o plano terapêutico proposto pela equipe, além disso muitos usuários têm procurado o serviço para assistência, não valorizando a prevenção das doenças crônicas. O objetivo geral da intervenção foi alcançar a plenitude na assistência integral. Para alcança-lo foram traçadas as seguintes estratégias: 1. aproximar os usuários do serviço; 2. Motivar os usuários para utilização dos serviços; 3. Ofertar e complementar ações de interesse. Além disso, foram pensadas atividades como: rodas de conversa, promoção de temáticas do interesse dos usuários, palestras para grupos específicos.
Em seguida, foram analisados os indicadores do PMAQ e pensando nas problemáticas detectadas, escolheu-se: 1. Média de atendimentos do médico por habitante; 2. índice de atendimentos por condição de saúde avaliada; 3. percentual de recém-nascidos atendidos na primeira semana de vida; 4. percentual de encaminhamentos para serviço especializado. A partir disso foi construída uma planilha em um programa de edição de dados para ser alimentada mensalmente na reunião periódica de avaliação da equipe, possibilitando a monitorização desses indicadores.
Esse momento de avaliação é uma prática rotineira na ESF Hilda Ferreira II, porém a utilização de um instrumento avaliativo proporcionou uma sistematização do processo e contribuiu para que as problemáticas saíssem da subjetividade e tomassem forma de indicadores passiveis de acompanhamento. Essa microintervenção deixou claro que dentro existem vários padrões que podem ser avaliados e que contribuem para a qualidade na atenção básica, de modo que, também, podem existir várias soluções para determinado problema levantado pela equipe.
A dificuldade da execução dessa microintervenção foi a extensão do instrumento, pois como fizemos em um momento único, tornou-se cansativo para a equipe. No entanto, todos compreenderam o objetivo e esse tornou-se um ponto a melhorar na próxima atividade.
Espera-se que a realização dessa autoavaliação motive a equipe para manter a continuidade dessa prática, bem como aplicar a matriz de intervenção e realizar a monitorização dos indicadores de qualidade escolhidos.