SAÚDE MENTAL NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE SANTA ROSA
ESPECIALIZANDA: LIUDA SALAZAR HERMOSILLA
ORIENTADORA: DANIELE VIEIRA DANTAS
A Saúde Mental pode afetar aspectos relacionados aos sentimentos, pensamentos, comportamentos e atividades ocupacionais, bem como em perturbações e problemas em relação a sua vivência social, familiar e pessoal como um todo. O sofrimento psíquico é compreendido como uma ameaça de ruptura da unidade/identidade da pessoa, que pode surgir quando um indivíduo é privado ou tem limitações de uma ou várias esferas que compõem a sua vida (BRASIL, 2003).
A população do município de Apodi tem disponíveis os serviços especializados do Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) composto por psiquiatra, psicóloga, psicopedagoga, educador físico, farmacêutica e assistente social e do Núcleo de Assistência à Saúde da Família (NASF) composto por fonoaudióloga, nutricionista, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e educador físico. As consultas das pessoas que tem doença mental são realizadas de forma agendada e programada.
Para realizar essa microintervenção, nossa equipe fez uma reunião, na casa de cultura. Os participantes foram a médica, a enfermeira, a técnica em enfermagem, a dentista, a auxiliar de saúde bucal e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), juntamente com as equipes do CAPS e do NASF. Os temas debatidos foram o não controle de pacientes com doenças mentais, usuários de drogas, álcool e outras substâncias, alto número de pacientes consumidores de medicamentos controlados e com uso prolongado e a falta de avaliação por psiquiatra devido o município ter uma demanda grande. O objetivo foi a organização dos pacientes de saúde mental e dos medicamentos controlados.
Depois do debate, fizemos a ficha de espelho (planilha) contendo as seguintes informações: nome e sobrenome, idade, sexo, data de nascimento, prontuário, endereço, ocupação, data de prescrição, doença psicológica, outras doenças, tratamento controlado, outros tratamentos, referência e contrarreferência. A data da prescrição foi sugestão do Agente Comunitário de Saúde (ACS) uma vez que os usuários procuram a Unidade antes da data estabelecida. De acordo com o cronograma da Unidade Básica de Saúde (UBS), as consultas do grupo Saúde/Diversão é realizada na segunda terça-feira de cada mês e esses pacientes têm prioridade no atendimento na UBS.
Nesta reunião, foi discutido o caso de uma paciente de 16 anos, estudante com problema na escola (bullying por ter cabelo cacheado e ser magra), com história de tentativa de suicídio. A paciente foi levada para consulta na UBS pela mãe, relatando que quando a filha chegava da escola, ficava só no quarto, sempre no celular e não queria comer, até que, a há 4 meses, a mãe percebeu que a paciente tinha feridas nas mãos e solicitou ajuda. A paciente foi encaminhada para o psiquiatra do CAPS, o qual prescreveu tratamento com sertralina e risperidona, depois ela seguiu em consulta na UBS e participou de grupo de terapia que se realiza na UBS.
A médica fez uma breve explicação de como foi a primeira consulta da paciente, que estava assustada, não queria falar. Foi realizado exame físico em que se observou as feridas nas mãos que ela fez com lâminas, foram solicitados exames de rotina e o encaminhamento para atendimento com psiquiatra no CAPS. A paciente está sendo acompanhada pela equipe do CAPS e pela equipe da UBS, inclusive com visita domiciliar. A paciente encontra-se estável, falou que se sente bem e na escola os companheiros não a molestam mais, se alimenta adequadamente, já não passa muito tempo no quarto e diminuiu o uso do celular. Segundo a mãe, ela está bem e de volta as suas atividades do dia-a-dia.
A reunião foi muito interessante, pois a equipe aprendeu que temos de ter um controle dos pacientes de saúde mental, manter o grupo de apoio para acolher os pacientes, para que se sintam bem assistidos e não rechaçados. Vimos como é importante o trabalho integrado dentro da equipe da UBS, para acolher e acompanhar os pacientes de saúde mental em seu tratamento, realizando um acolhimento humanizado. Além da importância da integração entre as equipes da UBS e do CAPS para realização de tratamento adequado a cada paciente, trabalhando suas necessidades e potencialidades, para que se sintam bem fazendo seu tratamento, vencendo assim o medo do preconceito, que tanto estigmatiza as pessoas com sofrimento mental.
REFERÊNCIA
BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação Geral de Saúde Mental e Coordenação de Gestão da Atenção Básica. Saúde Mental e Atenção Básica: o vínculo e o diálogo necessário. Brasília: MS, 2003. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/>. Acesso em: 25 ago. 2018.