TITULO: UM OLHAR DIFERENCIADO EM SAÚDE MENTAL NA UBS CENTRO I, ALEXANDRIA-RN ESPECIALIZANDO: AYLEN ALENIA MASSAGUE FUENTES
FACILITADOR: ISAAC ALENCAR PINTO
O município de Alexandria-RN é de médio porte e nele há uma quantidade considerável de pacientes com transtornos mentais na nossa área que é a UBS Centro I localizada no centro da cidade. A maioria destes pacientes são idosos e fazem uso de psicotrópicos por mais de 5 anos, por questão cultural e pelo fato da cidade não oferecer outras redes de atenção especializada como CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) para acompanhar os mesmos.
A equipe composta pela médica, enfermeira, técnica de enfermagem, dentista, Técnica de Saúde Bucal e 5 ACS ‘s se reuniu dois dias na sala de reunião da UBS para elaborar uma planilha como forma de acompanhamento dos pacientes com transtornos mentais. Apresentamos muita dificuldade na construção deste instrumento, visto que não tínhamos na unidade registros do número de pessoas acometidas por patologias como transtornos de humor, ansiedade, bipolaridade, esquizofrenia, depressão e etc.
A participação nessa construção permitiu conhecer um pouco o funcionamento das outras redes de atenção do município de Alexandria como o NASF (Núcleo de Apoio a Saúde da Família) e CRAS (Centro de Referência de Assistência Social, devido à violação de direitos) como suporte para atenção primária. Esta foi uma fase de muito aprendizado, de descobertas, de “comparação” dos SUS real com o SUS ideal.
Considerando os princípios do SUS, a universalidade é vista como uma ferramenta imprescindível para a atenção básica, muitas vezes não praticada no município. O cuidado integral é quase inexistente pela equipe devido à alta demanda de procura de atendimento médico na UBS o que contribui para a fragmentação do cuidado na assistência.
O princípio mais praticado é o da equidade pois o direcionamento das ações de saúde com risco de vulnerabilidade são encaminhados pelos ACS (Agentes Comunitários de Saúde) com as suas respectivas microáreas mais ainda é incipiente a discussão de casos de pessoas com transtornos mentais pela equipe.
A descentralização ainda é um impasse que a equipe vivencia sabendo que a UBS é porta de entrada para a prática do acolhimento dos usuários, que inicia na recepção com o fluxo de informações até o direcionamento das ofertas dos serviços em saúde na UBS Centro I.
Assim, percebendo a necessidade do usuário encaminho através da ficha de encaminhamento o paciente para ser acompanhado por psicólogos do NASF (são três psicólogos) e um Psiquiatra que atende quinzenalmente no município. Ou seja, a ação de saúde mais executada na minha realidade é o Encaminhamento através da ficha de referência, visto que a rede de atenção à saúde mental deveria ser feita incluindo associações, centros de convivência, CAPS, clubes de lazer, dentre outros.
Uma dificuldade que encontramos é que as especialidades, como psiquiatria, não fornecem a contrarreferência e a UBS não busca informação do tratamento do paciente com a especialidade.
A construção da linha de cuidado visou promover um pensamento crítico-reflexivo pelos profissionais da atenção básica acerca do trabalho em equipe, da importância da discussão de casos com pessoas de transtornos mentais entre as diversas redes de atenção à saúde existentes no município; de conhecer o real diagnóstico das mesmas e efetivar a corresponsabilização das equipes e das famílias junto aos casos.
Outro fator importante foi a equipe produzir um instrumento de acompanhamento desses pacientes como forma de organizar a assistência à saúde para este público e otimizar a satisfação dos usuários. Outro ponto positivo foi a criação do grupo de Saúde Mental na UBS centro I em parceria com os profissionais do NASF e Atenção Básica com um total de 20 pacientes, sendo acompanhados uma vez ao mês na sala de reunião da unidade para fazer roda de conversa, esclarecer e informar sobre os danos e efeitos colaterais do uso de psicotrópicos no organismo.
As dificuldades enfrentadas foram conseguir a integração da equipe causada pela exaustiva rotina de trabalho na UBS principalmente pela manhã em que o fluxo é maior, porque há migração de pacientes de outra área para esta UBS pela localização próxima, além da realização de busca ativa pelos ACS’s por meio de visitas domiciliares: muitas vezes os pacientes não queriam vir até a UBS para uma conversa. Através do trabalho articulado com os profissionais do NASF conseguimos reverter um pouco esta lacuna que havia na atenção básica.
INTINERÁRIO TERAPÊUTICO DE UM USUÁRIO DE SAÚDE MENTAL.
J.S.O, 64 anos, sexo masculino, viúvo, de cor branca, residente na rua sete de novembro, nº 50, município de Alexandria-RN.
Estudou apenas a segunda sério do ensino fundamental, apresenta confusão mental, desorientação, e está com dificuldade de dormir há duas semanas, durante a visita domiciliar observei o paciente com sintomas de angústia; tristeza além de referir que encontra-se nervoso e um pouco ansioso.
É usuário de álcool há 10 anos, o mesmo refere que o álcool é a sua “válvula de escape” devido morar só e não ter companhia. Faz uso dos medicamentos: atietanol 250 mg 1 comprimido ao dia, fluoxetina de 20 mg 1 comprimido ao dia durante 4 semanas. Refere escutar uma voz e de vez em quando sentir alucinações.
Foi avaliado e encaminhado para a Psicóloga e a Assistente Social do NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) além do psiquiatra para iniciar um acompanhamento devido as suas necessidades e a assistente social realizar uma busca de seus familiares devido o mesmo morar só, ou seja, de trazer a responsabilidade da família para cuidar deste idoso.
O município possui o CRAS (Centro de Referência da Assistente Social) que é composto por uma equipe técnica de assistente social, psicóloga, coordenadora, psicopedagoga em que tem um grupo de idosos, que é um espaço muito importante para inserir este idoso neste rede de atenção, para trabalhar suas potencialidades e a sua socialização. Também é importante inserir ele no grupo de Saúde Mental da UBS para ser acompanhado uma vez ao mês na sala de reunião da unidade junto os profissionais do NASF e Atenção Básica.
Ponto(s)