4 de setembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TÍTULO: Aperfeiçoamento dos cuidados dos pacientes com Transtornos Mentais.

ESPECIALIZANDO: Yelena Tabio Suárez.

ORIENTADOR: Tulio Felipe Vieira de Melo.

COLABORADORES: Amanda Pereira Ferreira (Enfermeira), Erineide Santos (ACS), Ronaldo Vinicio (ACS), Maria José Souza (ACS), Severina Bernardo (ACS) e Elisabete Andrade (ACS).

           

            Hoje,faz parte da nossa rotina diária uma alta demanda de consultas para renovar receitas de benzodiazepínicos, anti-depressivos, estabilizadores de humor e outros medicamentos de controle especial. Em muitos casos trata-se de pacientes que não tem acompanhamento adequado de suas patologias, situação esta que compartilham a maioria de meus colegas. E é por este motivo que desenvolvemos ações de análise e reflexão de nossa realidade.

            Esta microintervenção foi realizada com o objetivo de identificar todos os usuários em uso de psicofármacos e sofrimento psíquico do território de abrangência da ESF 4ta Equipe do município de Vera Cruz/RN, com vistas a promover um acompanhamento integral e com equidade, de acordo com as possibilidades de cuidado da Rede de Atenção psicossocial local e regional, da qual o usuário faz parte.

            A unidade possui registros dos usuários em uso de benzodiazepínicos, anticonvulsivantes, antidepressivos e estabilizadores de humor, assim como identificação do número de casos mais graves de usuários em sofrimento psíquico. Mas na realidade o registro é só uma evidência que o problema acrescenta, pois mostra cada vez mais um maior número de pessoas que nos procuram apenas para renovar sua/s receita/s. Ainda não conseguimos identificar a totalidade, ficando fora desse registro uma parte significativa que faz uso da medicação. Uma outra dificuldade é que a equipe não desenvolve ações para as pessoas com sofrimento psíquico no território.

            É importante ressaltar que as consultas dos pacientes com sofrimento psíquico são agendadas com prontidão, procuramos realizar um acolhimento e escuta humanizada, além de oferecer um tempo maior da consulta (25 minutos) para criar o vínculo médico – paciente e conhecer seus medos e preocupações. Também sustentado nas práticas de nosso nível de atenção, mantemos a longitudinalidade agendando consultas de retorno em um período mais próximo, assegurando a continuidade do processo.

            Percebemos que para melhor conhecimento da realidade na área abrangente, era preciso realizar uma análise da situação de saúde, diante o qual poderíamos identificar e conhecer os usuários em uso de psicofármacos do território. Informação que permitirá realizar uma avaliação ampliada daqueles pacientes com tratamento inadequado e assim contribuir para o adequado acompanhamento, seja adequando e atualizando o tratamento instituído, seja justificando a “descontinuidade” do uso de psicofármacos por meio de estratégias sistematizadas de desmame.

            Nosso primeiro passo foi convocar uma reunião de equipe com a presença de todos os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) onde socializamos e pactuamos estratégias para realização das mesmas. A primeira estratégia foi a criação de uma planilha para a coleta de todos aqueles dados do paciente que poderiam facilitar o processo. Acordamos um levantamento por microáreas diante a pesquisa ativa de usuários de psicotrópicos. O instrumento de coleta incluía os seguintes dados: nome completo do paciente, CNS, idade, sexo, medicamentos, tempo de tratamento, diagnóstico, data do último atendimento e em que nível de atenção está se dando o cuidado do usuário (ESF, CAPS, Ambulatório de Psiquiatria, Hospital geral ou psiquiátrico). A planilha irá incluir também a microárea e nome do Agente Comunitário de Saúde (ACS), que ficaram desta vez como responsáveis, já que circulam pelos bairros e pelos locais onde as pessoas vivem.

            Até o momento como resultado da territorialização dos usuários de psicotrópicos por microáreas e Agentes Comunitários de Saúde (ACS) temos um total de 129 pacientes, destes só 84 mantém a renovação de receitas regularmente e muitos não tem diagnóstico confirmado (por psiquiatra) de Transtorno Mental. Também identificou-se que o cuidado na maioria dos usuários é pela a Estratégia de Saúde da Família (ESF), não recebendo atenção dos outros componentes da rede de Saúde Mental no território.

            Estamos realizando as ações para mudar a realidade referente aos pacientes e os Transtornos Mentais com que convivem. Ações de Estratégias de Saúde da Família (ESF) que devem, em conjunto com a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), evitar o isolamento social destes pacientes e apoiar as famílias para que estas consigam lidar com suas situações mais problemáticas. Queremos inserir o uso de ferramentas não farmacológicas como grupos terapêuticos, artesanato, terapia de relaxamento e outras medidas. Além de procurar pontos de apoio especializado, fomentando a articulação com a RAPS do território.

 

ORGANIZAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL- VERA CRUZ/RN

Atenção Básica (ESF e NASF-AB): O NASF AB, oferece atendimento psicológico individualizado, terapia de grupo, e práticas integrativas complementares, atendimento nutricional, fonoaudiológico, práticas corporais e atividade física.

Hospital de Pequeno porte: Atendimento ambulatorial, emergência 24 horas.

CRE Vera Cruz (Centro de Referência em Especialidades): Atendimento psiquiátrico, duas vezes por mês.

 

CAPS1(São José do Mipibu): Os encaminhamentos são feitos pelo psicólogo do NASF, o contato é feito por telefone, e por ficha de referência. A contra referência se dá através de relatórios e reuniões. Este serviço oferece atendimento psicológico, psiquiátrico, oficinas de arte, trabalho de grupo, de segunda a sexta de 8:00h as 16:00h.

CAPS AD (Santo Antônio)(Álcool e outras drogas): Os encaminhamentos são feitos pelo psicólogo do NASF, o contato é feito por telefone, e por ficha de referência. A contra referência se dá através de reuniões. São oferecidos serviços de atendimento psicológico, psiquiátrico, oficinas e atividade física.

Hospital psiquiátrico (Natal): Os pacientes quando em surto, são encaminhados (regulados) pelo médico de plantão no hospital municipal. A contra referência se dá através de relatório que é entregue a família que por sua vez apresenta a equipe da ESF.

Comunidades Terapêuticas: Esse dispositivo só é acionado por iniciativa da família, nós enquanto trabalhadores do SUS acreditamos que os serviços de Internação, são sempre para condições extremas e optamos pelo cuidado em saúde mental de forma aberta e na comunidade, entendemos o CAPS como principal protagonista do atendimento às situações de crise em saúde mental e dispositivo essencial no processo de reforma psiquiátrica.

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