Microintervenção 4
Saúde mental
Para a Organização Mundial da Saúde, saúde mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade.
Desde os anos setenta e acompanhando a trajetória da reforma sanitária, o processo da reforma psiquiátrica vem alterando conceitos e práticas na atenção aos transtornos mentais no país. ”O foco fundamental deste movimento é a desinstitucionalização, sendo sua luta principal a redução do número de leitos nos manicômios e a implementação de ampla rede comunitária de serviços substitutivos”(BRASIL,2007).
“Estudos brasileiros apontaram que as queixas psíquicas estão entre as causas mais frequentes de procura por atendimento na Atenção Primária”(BRASIL,2007). Isto enfatiza o papel fundamental desta no diagnóstico e no tratamento das pessoas com transtornos mentais.
A Atenção Básica tem demonstrado um volume de possibilidades e potencialidades capazes de ir além do atendimento à doença, o que torna cada vez mais possível acreditar em ações de saúde mental que visem à produção de estados saudáveis. Essa condição evitaria o isolamento do paciente em hospitais, o sequestro do convívio social, a perda de vínculo familiar e social e prognósticos negativos
A atenção básica pode desenvolver dois principais tipos de ações de saúde mental. O primeiro detectar as queixas relativas ao sofrimento psíquico e promover uma escuta qualificada deste tipo de problemática; o segundo compreende as várias formas de lidar com os problemas detectados, oferecendo tratamento na própria atenção básica ou encaminhando os pacientes para serviços especializados.
A demanda de saúde mental no nosso município é grande e diversificada, também é considerada uma demanda complexa por conta da vulnerabilidade social que essas pessoas estão inseridas.
Em nosso município não há CAPS ou NASF,o atendimento é feito pelo médico generalista e a cada 15 dias por médico Psiquiatra a demanda é gigantesca principalmente para renovação de Benzodiazepinicos e antidepressivos, decidimos como equipe intervir nesse sentido e passamos a questionar os usuários o tempo de uso das medicações e se eles tinham consciência dos aspectos de seu tratamento.
Fui procurado pela paciente MJS 62 anos usuária de há 10 anos de benzodiazepínicos por conta de um transtorno generalizado de ansiedade, a mesma relata q faz 3 anos q não é avaliada por psiquiatra e que alterna doses dessa medicação relatou q só consegue dormir e se sentir bem com a medicação. Após algum tempo com a paciente fui entendendo q a mesma se sentia solitária, viúva há 5 anos morava com uma filha de 20 q havia se casado há 6 meses, ocupava seu tempo vendo tv já que a mesma estava aposentada. Questionei se a mesma reconhece a existência de outros tipos de tratamentos como: o atendimento psicológico, Centro de Convivência. Queixou-se que formas de tratamentos alternativos nuca foram propagadas pelas equipes que passaram e que entende que elas auxiliariam tanto quanto os remédio.
Foi proposta em reunião em equipe realizar mensalmente um encontro com pacientes da saúde mental, já que o munícipio no momento não possui esses centros de convivência, o intuito é socializar e mostrar para os mesmos q nem todo tratamento necessita ser medicamentoso, palestras , brincadeiras, atendimento clínico,são exemplos de ações que são realizadas nesses encontros.
A ideia das palestras com temas pertinentes a cada transtorno mental é importante pois a desinformação sobre o próprio tratamento, em cidadãos com o diagnóstico de transtorno mental na atenção primária, constitui uma das principais barreiras à atenção em saúde mental de qualidade, solicitamos a participação dos colegas psiquiatras e psicólogos do município.
O primeiro mês já tivemos resultado satisfatórios a ideia é que os usuários se sintam acolhidos, a paciente MJS concordou em realizar tentativa do desmame do benzodiazepínico, após 2 meses de acompanhamento a mesma relata melhor no humor e revela que também se inseriu no grupo da igreja católica do municipio.
Ponto(s)