24 de agosto de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

O ATENDIMENTO AO PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DR SUELDO CAMARA

ESPECIALIZANDO: JORGE ORGES MARTINEZ

ORIENTADOR: MARIA BETANIA MORAIS DE PAIVA

 

Neste relato de experiência, será abordada a microintervenção sobre o atendimento ao planejamento familiar, pré-natal e puerpério na Unidade Básica de Saúde (UBS) Dr. Sueldo Câmara, com a finalidade de mostrar como funciona o atendimento à saúde da mulher, adolescentes e gestantes na Unidade.

Para dar início, vamos expor como funciona o atendimento atualmente na Unidade pelas ações programadas:

 

Figura 1 – Ações programadas no atendimento do planejamento familiar, pré-natal e puerpério, na Equipe de Saúde da Família (ESF) Drº. Sueldo Câmara, 2018.

 

Segunda-feira

Terça-feira

Quarta-feira

Quinta-feira

Sexta-feira

Manhã

 

Consulta Pré- natal

 

 

 

Planejamento familiar

 

 

Visita domiciliar

 

Consulta preventivo

 

Puericultura/ Puerperio

Reunião de Equipe e

Discussão de caso

Tarde

Puericultura (grupo de gestantes)

Consulta Pré- natal

Planejamento familiar

Visita domiciliar

Consulta Pré-natal

Fonte: Autor Próprio, 2018.

 

Na ESF realizamos ações promotoras de saúde através de atividades educativas que acontece nos grupos operativos e nas consultas individualizadas. Com base na organização programada da agenda acima demonstrada são realizadas ações de educação em saúde voltada para o pré-natal e o puerpério no grupo de gestantes com abordagem de temas diversos.

Uma temática frequentemente trabalhada na equipe está relacionada ao combate do desmame precoce, muito comum na minha área de abrangência, sendo as causas mais comuns quase sempre relacionadas à cultura na qual afirmam que o bebê chorava muito e que o leite da mãe é pouco ou fraco.

A escolaridade da mãe também é um fator de influência para o desmame precoce, assim como a gravidez precoce, uma vez que as adolescentes se sentem inseguras, estudam ou trabalham fora de casa e assim, seus filhos são cuidados pelos avós, que acabam introduzindo outro tipo de alimento, o uso de mamadeiras ou chupetas.

Para evitar o desmame precoce, trabalhamos estes fatores de risco, planejando ações educativas que favoreçam o aumento da prática da amamentação, fornecendo orientação adequada e incentivando o aleitamento materno exclusivo nos seis primeiros meses de vida, e com alimentação complementar até os dois anos ou mais.

Também durante o pré-natal, fazemos abordagem sobre a importância da amamentação exclusiva, avaliamos as mamas, orientando para prevenção de problemas com elas. Fazemos atividades de puericultura e reuniões de grupos de gestante onde orientamos sobre como o leite é produzido, os riscos do uso de chupetas, mamadeiras e qualquer tipo de bico artificial, também o correto posicionamento da criança e pega da aréola, apresentamos ainda guias de como deve ser a amamentação.

Aquelas mães que trabalham ou estudam, ensinamos-lhes como realizar a ordenha manual do leite, como guardá-lo e/ou doá-lo; oferecemos apoio emocional e estimulamos a troca de experiências, dedicamos tempo e ouvimos suas dúvidas, preocupações e dificuldades, ajudando assim, a aumentar sua autoconfiança.

Em relação à saúde da criança, abordamos a puericultura em sua promoção da saúde em educação de saúde com o grupo de gestantes e mulheres que acabaram de dar à luz.

Conforme o Ministério da Saúde (2004), as atribuições da equipe de saúde na promoção e acompanhamento do puerpério na atenção à criança são:

  • Verificação do cartão da criança/condições de alta da maternidade/unidade de assistência ao recém-nascido;
  • Avaliação geral da criança;
  • Identificação da criança de risco ao nascer;
  • Avaliação e identificação da alimentação; avaliação e orientação para o aleitamento materno – ressaltar a importância do aleitamento materno por 2 anos, sendo exclusivo nos primeiros 6 meses;
  • Observação e avaliação da mamada no peito para garantia do adequado posicionamento e pega da aréola;
  • Avaliação da mama puerperal e orientação quanto à prevenção das patologias, enfocando a importância da ordenha manual do leite excedente e a doação a um Banco de Leite Humano;
  • Teste do pezinho;
  • Aplicação das vacinas (BCG e contra hepatite para o recém-nascido, dupla tipo adulto e tríplice viral para a mãe, se necessário);
  • Agendamento de consulta para o recém-nascido e para a puérpera (30 dias após o parto);
  • Acompanhamento e avaliação do desenvolvimento e crescimento.

            Para especificar a promoção de saúde na puericultura, de acordo com o Ministério da Saúde (2015), houve a criação da Política de Atenção à Saúde da Criança, cujos 07 eixos estratégicos são: atenção humanizada e qualificada à gestação, parto, nascimento e recém-nascido; aleitamento materno e alimentação complementar saudável; promoção e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento integral; atenção a crianças com agravos prevalentes na infância e com doenças crônicas; atenção à criança em situação de violências, prevenção de acidentes e promoção da cultura de paz; atenção à saúde de crianças com deficiência ou em situações específicas e de vulnerabilidade; vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e materno.

Um fator preocupante na população atendida se trata do alto índice de gravidez na adolescência e para minimizar esse problema, a equipe da unidade precisa ser convocada para uma reunião para expor ideias de resolutividade deste problema.

Após a reunião, a equipe decidiu intervir através da educação em saúde, elaborando uma estratégia de abordagem de acordo com a disponibilidade de cada um dentro da equipe. Assim temos:

  • Equipe de Saúde: Enfermeiros, técnicos de enfermagem, ACS e Médicos: Desenvolver ações de saúde que possam contribuir a prevenir a gravidez na adolescência, organizar agenda de trabalho com o tempo necessário e disponível para ouvir o adolescente, estabelecer um vínculo de confiança que permitam abordar temas de sexualidade, orientação sexual, prática de sexo seguro, métodos contraceptivos, assim como aconselhar e acolher os adolescentes através de diálogos, construir e fortalecer relações de confiança e desenvolvimento, entre o profissional de saúde e o indivíduo que permita a tomada de decisões sobre ter filho ou não e prevenir gestações não planejadas. Fazer levantamento da faixa etária de adolescentes e avaliar possíveis riscos;
  • Escolas: fazer reuniões que envolva adolescentes, profissionais da saúde, profissionais da educação e pais, abordar temas referentes à sexualidade e questões relacionadas a pratica sexual e o uso adequado dos métodos contraceptivos, abuso de álcool, drogas, violência física, psicológica e sexual, baixa autoestima e assim aumentar o nível de conhecimento acerca da saúde sexual e esclarecer dúvidas e questionamentos mais frequentes das adolescentes;
  • Na visita domiciliar: no contexto familiar dar apoio ao adolescente, promover momentos de conversas, diálogos entre os pais e seus filhos de forma explícita sobre sexo e sexualidade e as consequências da gravidez na adolescência, planejamento familiar e métodos contraceptivos, bem como Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), Vírus da Imonodeficiência Humana (HIV) e  Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS);
  • Com a Comunidade: centros comunitários, população em geral fazer trocas de experiências e informações com diferentes grupos etários sobre o sexo e suas consequências.

            Observou-se durante a realização dessa microintervenção que a principal fragilidade gira em torno dos próprios adolescentes, que ignoram tais fatos a serem discutidos, mas a equipe apresentou sua potencialidade em querer propor uma resolução para o problema e está disposta a tentar implementá-la.

            Espero com a continuidade dessa estratégia que haja um dia específico de atendimento em grupo com consultas coletivas, podendo envolver os procedimentos da consulta de pré-natal, de modo a realizar a avaliação da gestante e de sua gestação de maneira rápida e resolutiva.

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Agenda de compromissos para a saúde integral da criança e redução da mortalidade infantil / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004

BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério cria Política de Atenção à Saúde da Criança. 2015.Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/18951-ministerio-cria-politica-de-atencao-a-saude-da-crianca> . Acesso em 10 de julho de 2018.

 

 

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