24 de agosto de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

MICROINTERVENCAO I

CAPÍTULO I:

MELHORAS NA QUALIDADE NA ATENÇÃO BÁSICA E PRIMEIRO PLANO DE AÇÃO NA UBS AFRICA

ESPECIALIZANDO: LUIS ANDRES CARRASCO GARATE 

ORIENTADOR: MARIA BETANIA MORAIS DE PAIVA

 

COLABORADORES:

IRIS ALVES DA CUNHA, diretora da UBS.

EDNA MARIA MENEZES, administradora da UBS.

ANALU RODRIGUES XAVIER, cirurgião dentista da estratégia de saúde da família.

ENAURA ALMEIDA SILVA, enfermeira da estratégia de saúde da família.

FRANCIELMA BATISTA DE ARAUJO, auxiliar de enfermagem da estratégia de saúde da família

CAROLINE ALVES MAIA EMIDIO DE OLIVEIRA, técnico de enfermagem da estratégia de saúde da família.

CRISTIANE DE FARIAS DAS CHAGAS, agente comunitário de saúde.

FRANCISCO GILBERTO DOS ANJOS DA SILVA, agente comunitário de saúde.

LUCIANA ANDRE DO NASCIMENTO, agente comunitário de saúde.

MARIA DA CONCEIÇAO GOMES, agente comunitário de saúde.

JOSINEIDE FERREIRA DA SILVA, agente comunitário de saúde.

 

Considerando a importância de identificar as fragilidades nos serviços de saúde prestados e a necessidade da sua avaliação para serem tomados como pontos de partida para uma intervenção se necessita de um instrumento de auto avaliação que auxilie no planejamento de ações da equipe de saúde. Com o qual sejam identificados os nós críticos que devem ser trabalhados, assim como, as ações de intervenção que devem ser implementadas.

 

Nesta experiência será relatado o processo de auto avaliação dos serviços de saúde prestados pela Equipe de Atenção Básica (EAB) 93 da Unidade Básica de Saúde (UBS) África – Distrito Sanitário Norte I, Natal Rio Grande do Norte.  Através dos critérios avaliativos do manual de Autoavaliação para Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (AMAQ).

Será descrito também a processo de realização e elaboração de uma matriz de intervenção a partir de questões e fragilidades encontradas durante realização do AMAQ que é um instrumento de monitoramento dos indicadores de qualidade do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ).

Considerando como Objetivo principal a melhoria do acesso e da qualidade da atenção Básica na UBS AFRICA, área 93. Cabe ressaltar que a área 93 encontrava-se sem um profissional médico há dois anos, para alcançar essa melhora na atenção básica será necessária uma reorganização completa da forma de trabalho, um nove enfoque já que com um profissional médico a equipe poderá realizar a maioria das intervenções para a melhora dos serviços da atenção básica. Pelos motivos acima expostos considerou-se fundamental   a realização desta intervenção.

A ampliação do acesso e a melhoria da qualidade dos serviços de saúde apresenta-se atualmente como um dos principais desafios do SUS. Essa qualidade deve, necessariamente, considerar os princípios de integralidade, universalidade, equidade e participação social. Nesse contexto, o Ministério da Saúde apresenta a ferramenta Autoavaliação para Melhoria do Acesso e da Qualidade (AMAQ). O AMAQ é uma ferramenta validada nacional e internacionalmente. Ela é capaz de promover reflexões sobre as responsabilidades dos profissionais e gestores de saúde no âmbito da atenção básica, com a finalidade de promover o acesso com qualidade aos serviços oferecidos (Ministério da Saúde, 2012). Através da autoavaliação, o AMAQ permite estimular mudanças na prática de saúde do dia-a-dia, para que cada vez mais os serviços se aproximem dos princípios do SUS e às políticas nacionais de saúde.

 

Para realização do AMAQ, foi agendada reunião com toda a equipe de Saúde a fim de realizar a leitura e realizar a avalição dos indicadores expostos no material. Foram convocados para reunião todos os membros da equipe de saúde. Houve a presença da médico, enfermeira e 5 Agentes Comunitários de Saúde (ACS’s). Nossa UBS deveria contar com 6 ACS, mas por problemas de gestão estamos sem um ACS o que deixa uma microárea descoberta, contamos também, com a presença da diretora da Unidade. Foi discutido inicialmente o motivo e a necessidade desta avaliação, tendo algumas opiniões contrárias a essa avaliação. As pessoas que estavam contra, consideravam que  não havia necessidade  de realizar alguma mudança na forma de trabalho, mais chegou-se a um consenso geral  de que precisamente por não ter sido feita essa avaliação há muito tempo, aparentemente a qualidade da atenção estava sem nenhuma dificuldade,  porém ao decorrer da  avaliação identificaram-se muitas fragilidades e deficiências nos serviços oferecidos, A equipe entendeu que essas avaliações são realmente necessárias, mas que era necessário ter um ponto de partida, que neste caso foi o AMAQ, já que anteriormente discutiam-se apenas os problemas mas sem ter um modelo de avaliação.

Visto que a UBS África encontra-se em reforma, o atendimento desde o mês de Março vem sendo realizado nos ambientes disponíveis da UBS Redinha, a qual encontra-se localizada a 3km da nossa unidade. Desse modo, temos enfrentado muitas dificuldades nos atendimentos, já que alguns períodos não há salas disponível para atendimento médico ou de enfermagem, os profissionais aguardam uma ou duas horas alguma sala desocupar para poder realizar os atendimentos. Vale destacar que no momento da reunião não havia no serviço um computador disponível com internet motivo pelo qual foi utilizada versão impressa do material, ano 2016, que foi entregue à direção em 2017 pela secretaria municipal de saúde.

Foram respondidos os critérios relativos à duas dimensões: dimensão “Unidade Básica de Saúde”, subdimensões: Infraestrutura e equipamentos (H); Insumos, imunobiológicos e medicamentos (I).  Dimensão Educação permanente, processo de trabalho e atenção integral à saúde, subdimensões: Educação permanente e qualificação das equipes de atenção básica (J); Organização do processo de trabalho (K); Atenção integral a saúde (L); Participação, controle social e satisfação do usuário (M) e; Programa Saúde na Escola – PSE (N). A pontuação de cada critério era atribuída após debate e consenso do grupo a cerca do tema disposto.

O resultado das pontuações e classificação conforme critério do AMAQ foi o disposto na seguinte tabela.

 

Tabela 1 – Resultado das Pontuações e Classificações dos Critérios Avaliados

Subdimensão

Pontuação

Classificação

H – Infraestrutura e Equipamentos

17

Muito insatisfatório

I – Insumos, Imunobiológicos e Medicamentos

40

Regular

J – Educação Permanente e Qualificação das Equipes de Atenção Básica

15

Regular

K – Organização do Processo de Trabalho

95

Satisfatório

L – Atenção Integral a Saúde

254

Satisfatório

M – Participação Social e Satisfação do Usuário

30

Satisfatório

N – Programa Saúde na Escola

27

Regular

 

           

Após realização da autoavaliação foi escolhido um dos problemas levantados pelo questionário para confecção de uma matriz de intervenção. Foi escolhido o problema, considerando os seguintes critérios: nota ≤ 5, factibilidade de resolução e independência da gestão municipal para realização.

A matriz de intervenção formulada pela equipe abordou o tema acolhimento a demanda espontânea, visto ser um ponto inexistente na unidade e causador de muitos conflitos entre funcionários e usuários. Já que a área da UBS estava sem médico, o acolhimento para os pacientes dessa área era quase inexistente, eles eram atendidos conforme disponibilidade de atendimento na outra equipe.

 O padrão número 13, subdivisão K, “A equipe realiza acolhimento à demanda espontânea” obteve nota 2 na avaliação. Os principais problemas encontrados foram: os pacientes devem madrugar para conseguir marcar uma consulta no dia na UBS, não há disponibilidade de vagas para urgências (“consultas de encaixe”), não há fluxo para a demanda espontânea na unidade; não há uma correta classificação de gravidade dos pacientes de urgência; não são utilizados protocolos ou critérios para agendamentos de consultas e não é feita classificação de risco e vulnerabilidades dos pacientes.

 

 

 

 

 

Quadro 1 – Matriz de Intervenção

Descrição do padrão: 4.13 – A equipe realiza acolhimento à demanda espontânea

Descrição da situação-problema para o alcance do padrão: A equipe não oferece acolhimento humanizado a todos os usuários do território; Não há fluxograma estabelecido para acolhimento da demanda espontânea; Não são utilizadas ferramentas de classificação de risco e vulnerabilidades.

Objetivo/meta: Realizar acolhimento humanizado da demanda espontânea através de fluxograma na unidade e da estratificação de risco e vulnerabilidades da população, realizar um mínimo de quatro (04) atendimentos médicos por demanda espontânea por turno.

Estratégias para alcançar os objetivos/metas

Atividades a serem desenvolvidas

Recursos necessários para o desenvolvimento das atividades

Resultados esperados

Responsáveis

Prazos

Mecanismos e indicadores para avaliar o alcance dos resultados

 

Capacitação dos funcionários

Reuniões para capacitação em acolhimento a demanda espontânea.

Aula monitorada pelo médico acerca do tema;

Material impresso sobre o acolhimento a demanda espontânea do MS,( 2018).

Melhorar o acolhimento humanizado.

Médico

30 dias

Exposição de impressões em reunião técnica quinzenal

 

Definição do fluxo dos usuários na UBS

Debate da equipe de saúde para definição dos fluxos;

 

Notebook;

Impressora.

Melhorar o acolhimento humanizado.

Médico;

Enfermeira;

Técnica de enfermagem;

Direção da unidade.

30 dias

Exposição de impressões em reunião técnica mensal

 

Aplicação de ferramenta de estratificação  de risco e vulnerabilidades

Estabelecer ferramenta para classificação de risco e vulnerabilidades da demanda espontânea;

Utilizar método cromático para identificação da prioridade no prontuário do paciente.

Aula sobre o tema;

Notebook;

 

Aumentar o acolhimento da demanda espontânea;

Diminuir o tempo de espera dos pacientes com casos agudos.

Médico;

Enfermeira;

Técnica de enfermagem;

Direção da unidade.

60 dias

Exposição de impressões em reunião técnica mensal;

Avaliação do número de atendimentos de demanda espontânea em consolidado mensal.

 

 

            A segunda parte da reunião tinha por finalidade estabelecer uma ferramenta para registrar e monitorar um dos indicadores de qualidade do PMAQ. Estes indicadores são: média de atendimentos de médicos e enfermeiros por habitante; percentual de atendimentos de consultas por demanda espontânea; percentual de atendimentos de consulta agendada; índice de atendimentos por condição de saúde avaliada; razão de coleta de material citopatológico do colo do útero; cobertura de primeira consulta odontológica programática; percentual de recém-nascidos atendidos na primeira semana de vida; percentual de encaminhamentos para serviço especializado; razão entre tratamentos concluídos e primeiras consultas odontológicas programáticas; percentual de serviços ofertados pela EAB; percentual de serviços ofertados pela Equipe de Saúde Bucal e índice de atendimentos realizados pelo NASF.

            A UBS África não possui uma ferramenta para monitorização dos atendimentos de consultas por demanda espontânea. Foi debatida qual seria a melhor forma de registrar e monitorar esse indicador (instrumento). Ficou estabelecido então que para o registro e monitoramento dos atendimentos de consultas por demanda espontânea serão registrados num caderno específico, onde devera constar nome do paciente, número do prontuário e motivo da consulta. Este método de registro foi escolhido considerando a maior facilidade na coleta de dados e importância na prática diária da equipe, e principalmente, em virtude da falta de espaço físico já que nos encontramos em uma UBS alheia, onde não temos um painel ou parede onde possamos colocar alguma informação e registro.

 

 

FIGURA 1 – foto da capa do caderno de Registro dos atendimentos de consultas por demanda espontânea.

 

 FIGURA 2 – Foto do interior do caderno de Registro dos atendimentos de consultas por demanda espontânea no qual são. (Na imagem aparecem sobrepostos quadros brancos com a finalidade de preservar os dados pessoais dos pacientes).

 

 Referências bibliográficas:
Consulta pública do produto do grupo de trabalho de revisão da terminologia de tipos de estabelecimentos de saúde. Terminologia de tipos de estabelecimentos de saúde. Disponível em: <http://portalsbn.org/pdf/CNES_consulta_publica.pdf>. Acesso em: 10 de maio 2018
Ministério da saúde. Programa de requalificação de unidades básicas de saúde – Ministério da Saúde, departamento da atenção básica. Disponível em: <http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_requalifica_ubs.php>. Acesso em: 10 de maio 2018
Ministério da saúde. Ações e serviços disponibilizados nos diferentes níveis de densidade tecnológica do SUS
Documento Relação Nacional de Ações de Serviços de Saúde: Disponível em:
<http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Renases2012.pdf>. Acesso em: 12 de maio 2018.
Ministério da saúde. Autoavaliação para melhoria do acesso e da qualidade da atenção básica AMAQ.  Instrumentos e tutoriais da autoavaliação. Disponível em: < http://amaq.lais.huol.ufrn.br/amaq_homologacao/static/assets/docs/AMAQ_AB_SB_3.pdf>. Acesso em: 08 de maio 2018.
Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea. 1. reimpr. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 56 p. (Cadernos de Atenção Básica; n. 28, v 1).
Ministério da Saúde. Caderno de atenção domiciliar. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. (2 volumes).

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA – CFM. Código de Ética Médica, Capítulo XI, artigo 73, 2010. Disponível em:
< http://www.portalmedico.org.br/novocodigo/integra_9.asp>. Acesso em: 12 de maio 2018.

 

 

 

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