Titulo: Saúde mental com qualidade: Um novo desafio para minha equipe.
Especializando: Dalila Guerra Gonzalez.
Orientador: Cleyton Cezar Souto Silva.
A Atenção Básica tem como um de seus princípios possibilitar o primeiro acesso das pessoas ao sistema de Saúde, inclusive daquelas que demandam um cuidado em saúde mental. Neste ponto de atenção, as ações são desenvolvidas em um território geograficamente conhecido, possibilitando aos profissionais de Saúde uma proximidade para conhecer a história de vida das pessoas e de seus vínculos com a comunidade/território onde moram, bem como com outros elementos dos seus contextos de vida. Podemos dizer que o cuidado em saúde mental na Atenção Básica é bastante estratégico pela facilidade de acesso das equipes aos usuários e vice-versa. Por estas características, é comum que os profissionais de Saúde se encontrem a todo o momento com pacientes em situação de sofrimento psíquico. No entanto, apesar de sua importância, a realização de práticas em saúde mental na Atenção Básica suscita muitas dúvidas, curiosidades e receios nos profissionais de Saúde. (BRASIL, 2012).
A Saúde Mental e Atenção Básica são campos que convergem a um objeto comum e o que está em jogo em ambos é a superação das limitações da visão dualista do homem, a construção de um novo modelo dinâmico, complexo e não reducionista e a orientação para novas formas de prática na área de Saúde. (BRASIL, 2012)
A Organização Mundial de saúde (2001) acredita que os transtornos mentais serão a segunda causa de adoecimento da população em 2020. Em virtude disso, observasse a importância da melhoria dos serviços de saúde dedicados aos pacientes com transtornos mentais nas diversos âmbitos de saúde. (FIGUEREIDO, 2010)
Tendo em conta o anteriormente exposto e também os requisitos mínimos do Programa de Melhoria de Acesso e da Qualidade da Atenção (PMAQ) nossa equipe fez uma reunião para debater e refletir sobre este tema da Saúde mental determinando que haviam que fazer mudanças e criar estratégias com o fim de melhorar a qualidade de atendimento dos pacientes portadores de alguma doença mental ou dependentes de álcool o outras drogas e também brindar apoio as famílias destes.
Como primeira dificuldade identificamos que nossa equipe não tinha um registro número dos casos mais graves de usuários em sofrimento psíquico ou dependentes de álcool, crack e outras drogas. Então a primeira coisa a fazer foi a elaborar um instrumento (Anexo V) mediante o qual pudéssemos ter um registro destes pacientes, os tratamentos que eles usam e também as frequências das consultas feitas tanto com nossa equipe (medico clinico geral e enfermeira) como com os outros especialistas (psicólogo e psiquiatra), o seja que também ficara registrado das frequência de atendimentos destes pacientes e as próximas agendas deles com a equipe ou com outro especialistas. Além disso fizemos um cronograma para visitar nos domicílios conjuntamente com a psicóloga do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) que atende nossa área de abrangência, aos pacientes mais graves não só para avaliar eles também para brindar apoio para a família e incrementar o vínculo do paciente com está e com a sociedade sempre que fora possível.
Realmente em nossa cidade existe um muitas pessoas com doenças mentais e dependentes de álcool ou outras drogas que precisam de um adequado seguimento pelas Equipes de Saúde da Família mas também por os outros especialistas como psicólogo e psiquiatra. Lamentavelmente em nosso município somente contamos com dois tipos de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), estes são o Centros de Atenção Psicossocial para dependentes de álcool e outras drogas (CAPS AD) e Centros de Atenção Psicossocial Infantil (CAPS I) que presta atenção as crianças e adolescentes até os 18 anos o seja que não contamos com CAPS para realizar atendimento aos adultos, o que constitui uma debilidade na rede de saúde já que os adultos que precisarem atendimento e internação pelo CAPS tem que ser encaminhados para que sejam atendidos na capital do estado.
O resto dos pacientes que não precisam de internação são encaminhados ´para ser avaliados por uma psiquiatra que brinda consulta só duas vezes na semana em uma das Unidades Básicas de Saúde (UBS) de nosso município, consulta que ainda é insuficiente com relação as demandas destes pacientes, daí a importância de incrementar os conhecimentos dos professionais de saúde nas UBS para brindar um atendimento com qualidade e valorar minuciosamente os casos que precisarem ser encaminhados. Aliás, determinamos conjuntamente com a psiquiatra e a psicóloga fazer pelo menos uma vez ao mês palestras onde participarem os médicos clinico geral das equipes, para abordar sobre diferentes temas de saúde mental, priorizando as doenças mentais mas frequentes em nosso município.
As intervenções em saúde mental devem promover novas possibilidades de modificar e qualificar as condições e modos de vida, orientando-se pela produção de vida e de saúde e não se restringindo à cura de doenças. Isso significa acreditar que a vida pode ter várias formas de ser percebida, experimentada e vivida. Para tanto, é necessário olhar o sujeito em suas múltiplas dimensões, com seus desejos, anseios, valores e escolhas. Na Atenção Básica, o desenvolvimento de intervenções em saúde mental é construído no cotidiano dos encontros entre profissionais e usuários, em que ambos criam novas ferramentas e estratégias para compartilhar e construir juntos o cuidado em saúde. (BRASIL, 2012)
A adolescência é um momento especial na vida do indivíduo. Nessa etapa, o jovem não aceita orientações, pois está testando a possibilidade de ser adulto, de ter poder e controle sobre si mesmo. É um momento de diferenciação em que “naturalmente” afasta-se da família e adere ao seu grupo de iguais. Se esse grupo estiver experimentalmente usando drogas, o pressiona a usar também. Ao entrar em contato com drogas nesse período de maior vulnerabilidade, expõe-se também a muitos riscos. O encontro do adolescente com a droga é um fenômeno muito mais frequente do que se pensa e, por sua complexidade, difícil de ser abordado. (PETTA ET AL, 2000)
Aproveitando que já tínhamos criado um grupo de adolescentes pertencentes a nossa comunidade determinamos abordar para eles palestras com temáticas como o uso de álcool, crack e outras drogas e as consequências fatais para as pessoas. Para desenvolver esta atividade contamos com o apoio da psicóloga do NASF quem foi de muita ajuda para todos nos. Foi um dos momentos mais interessantes mediante a escuta das experiências e opiniões dos adolescestes.
Um exemplo de uma paciente atendida pela nossa equipe trata-se de J.C.S de 46 anos de idade, feminina, com antecedentes de saúde, que há um mês e meio após da perdida de seu filho e esposo num acidente de transito, ficou muito triste, com apatia, desinteresse de fazer atividades, anorexia, perda de peso, insônia e ansiedade. Ela mora com os pais e uma irmã os quais ficarem muito preocupados com essa situação e falarem para o ACS. No momento que o ACS nos falou sobre o caso planejamos uma visita domiciliar nas primeiras 48 horas e convidamos a psicóloga do NASF para que nos acompanhasse. Então, fomos lá e avaliamos a paciente, diagnosticando um Síndrome Depressivo Ansioso, prescrevi tratamento com ansiolíticos e antidepressivos, além de psicoterapia para a paciente e também terapia grupal com a família. Aliás, procuramos uma consulta com a psiquiatra do município e ficou agendada para a semana seguinte da visita. Explicamos para a paciente e familiares sobre o seguimento que devia ter ela com a equipe e também com a psiquiatra até considerar a alta medica.
Sem dúvidas, o desenvolvimento desta microintervenção foi de muita ajuda para nossa equipe. Com a criação do instrumento nosso trabalho ficou mais organizado, trazendo benefícios não só para nós sino também para os pacientes com doenças mentais o dependentes de álcool ou outras drogas, permitindo ter um controle destes e garantindo um melhor seguimento pela equipe e pôr os outros especialistas. Foi gratificante poder compartir experiências e conhecimentos com outros colegas de trabalho. Além disso achamos muito interessante os critérios emitidos pelos adolescentes durante as palestras com a psicóloga.
Sabemos que ainda temos muito trabalho a fazer e que existem dificuldades nas Redes de saúde mental de nosso município mas acredito que após das ações feitas pela equipe em conjunto com os outros especialistas (psicóloga e psiquiatra) os pacientes serão atendidos com maior qualidade; além de continuar trabalhando para perfeiçoar nosso trabalho.
REFERENCIAS:
Anexo
Instrumento dos pacientes com doenças mentais o consumidores de álcool u outras drogas da equipe 001:
ACS |
Nome e sobrenome |
Idade |
Endereço |
Doença Mental |
Tratamento |
Uso de álcool e outras drogas |
Seguimento (medico, enfermeira, psicólogo e Psiquiatra) |
Encaminhamento (NASF, CAPS, Hospitalar) |
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