Título: Acolhimento à Demanda Espontânea e Programada
Especializanda :Aniuska Perez Cárdenas
Orientadora: Romanniny Hevillyn Silva Costa Almino
A implantação do acolhimento a demanda espontânea em minha UBS foi iniciada em abril 2017.
Para o Ministério da Saúde, o acolhimento “não é um espaço ou um local, mas uma postura ética, não pressupõe hora ou profissional específico para fazê-lo, implica compartilhamento de saberes, necessidades, possibilidades, angústias e invenções”. Assim, podemos o diferenciar de triagem, pois ele “não se constitui como uma etapa do processo, mas uma ação que deve ocorrer em todos os locais e serviços de saúde” (BRASIL, 2010, p 19).
Tendo em conta que o acolhimento faz parte de nosso trabalho dia a dia e com a finalidade de que seja desenvolvido o melhor possível, todos os funcionários da Unidade de Saúde assim como os profissionais da equipe, estão preparados e foram capacitados para receber o paciente ,escutar suas dúvidas e interesses, orientar e direcioná-lo, com o objetivo de garantir um maior grau de resolutividade.
O processo de trabalho desenvolvido pela nossa equipe vem sendo reorganizado a partir do acolhimento, o qual não é visto só como uma atividade e sim como uma postura diante do paciente e suas necessidades, respeitando sempre a sua autonomia e seus direitos, depois de iniciada a estratégia de acolhimento, o trabalho e fluxo de atendimento apresenta maior poder de resolutividade para os usuários.
Na Unidade Básica de Saúde – UBS Raiar do Sol, localizada em Boa Vista, capital de Roraima, todo o processo de trabalho gira em torno do acolhimento ,desde o momento que recebemos os usuários na unidade de saúde que pode ser por qualquer funcionário, o paciente é orientado e, posteriormente, é realizada a classificação de risco com os profissionais médicos ou enfermeiros ,onde somos capazes de direcionar as atividades e, consequentemente, otimizar o atendimento ,de forma que o profissional ofereça uma resposta imediata e satisfatória ao problema apresentado.
O atendimento é agendado de acordo com o grau de risco apresentado pelo usuário, e respeita os horários estipulados na agenda de cada profissional e a quantidade de vagas deixando sempre vagas disponíveis para urgências. Se for uma urgência no âmbito de atenção primária, o atendimento ocorre o mais rápido possível. Se ao contrário o paciente está precisando de um atendimento que não é urgente, ele pode ser agendado no horário da tarde ou para outro dia, mas quase sempre nos tratamos de dar solução no mesmo dia para não sobrecarregar a agenda dos outros dias e dar maior resolutividade.
Os usuários que buscam procedimentos de enfermagem, como vacinação, curativo, teste do pezinho, aferição de pressão arterial e outros, geralmente não precisam ficar aguardando, são atendidos quase imediatamente. Diariamente, cada médico da UBS atende 20 consultas, as quais são divididas da seguinte forma: 16 são consultas previamente agendadas ocorrendo paralelamente à classificação de risco e 4 são voltadas às urgências isso acontece em cada turno sendo um total de 40 atendimentos por dia. Vale salientar, que os atendimentos urgentes terão prioridade sobre os demais mesmo que ultrapassem os 04 atendimentos voltados para urgência.
Nas visitas domiciliares, o agente comunitário de saúde ajuda as famílias a encontrarem com mais facilidade o que precisam do serviço de saúde, como também, mantêm toda a equipe informada sobre as dificuldades que as pessoas da comunidade encontram para serem bem recebidas nos serviços de saúde, e terem suas necessidades de saúde cuidadas.
Nesta perspectiva, o agente comunitário de saúde constitui um elo entre comunidade e equipe de saúde da família, exercendo, portanto, um papel de fundamental importância no acolhimento, uma vez que será a partir de suas informações que, tanto a equipe de saúde poderá melhor organizar o processo de trabalho, de forma a atender as atuais e reais necessidades de saúde da comunidade, como também, a comunidade poderá acessar aos serviços de forma mais organizada, evitando idas e vindas.
Os primeiros dias da implantação do acolhimento com classificação de risco foi um pouco difícil, pois os pacientes estavam acostumados a chegar cedo à unidade de saúde nas segundas feiras para agendar as consultas e muitas vezes as agendas ficavam lotadas quase sem vagas para atendimentos de urgências.
Para a implementação dessa nova forma do processo de trabalho, tivemos uma reunião com todos os funcionários da unidade para avaliar essa situação e dar uma solução o mais favorável para os usuários, pois se explicou que qualquer funcionário poderia orientar e encaminhar de forma adequada aos paciente, já que muitas vezes, não era nem atendimento médico nem de enfermagem, mas sim que as pessoas precisavam de uma correta orientação sobre o que deveriam fazer e para onde deveriam se dirigir.
Com o passar dos dias da implementação, o fluxo de pacientes foi melhorando, as agendas não ficavam tão lotadas, pois cada funcionário cooperava com o acolhimento e ajudava a solucionar as situações dos usuários e contamos também com ajuda dos agentes comunitários de saúde que foram explicando nas suas visitas para os pacientes o que era realmente o acolhimento e como funcionava .
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.