11 de agosto de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

Amamentação, um desafio real a ser enfrentado pelos profissionais nas Unidades Básicas de Saúde.    

 

Especializanda: Ariagna Zaldivar

Orientadora: Juliana Ferreira Lemos

 

         Como parte do serviço de assistência médica nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), referente aos temas planejamento reprodutivo, pré-natal e puerpério, são muitos os desafios que os profissionais enfrentam com o único objetivo de melhorar a qualidade de vida da população brasileira. O tema referente a amamentação ainda gera conflitos e insatisfações em muitos momentos do atuar dos profissionais, gerado principalmente pelas falsas crenças e pela ausência de conhecimento das mulheres que amamentam.                                                  

          O período da infância é uma etapa do ser humano que requer de cuidados e o aleitamento materno forma uma base importante desses cuidados. Aquelas crianças que são amamentadas têm menor risco de doenças digestivas e no futuro terá maior desenvolvimento das potencialidades humanas. O aleitamento é a forma de nutrição mais sensível para as crianças e com ele se logra uma redução considerável da morbimortalidade infantil.                                                                                               

           Muitas são as ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno que vem desenvolvendo o brasil durantes anos, para desta forma aumentar as taxas de amamentação no país. Os exemplos hoje são o funcionamento dos bancos de leite, alojamento conjunto no âmbito hospitalar e a implementação da iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC). Nas UBS, muitas são as ações de promoção desenvolvidas por parte dos profissionais para elevar os índices e reverter resultados negativos[jf1]  ( BRASIL, 2012).                                                                                                              

            O planejamento reprodutivo, pré-natal e puerpério são pilares importantes no atendimento das UBS, por isso, é de suma importância fazer com frequência a análise reflexiva referente a este tema para assim ter conhecimentos de nossas fragilidades e potencialidades. Para, uma vez que descobrirmos as fragilidades como equipe, fazer frente aos problemas que denigrem a qualidade do atendimento.                                                       

           Para ter melhores resultados em relação ao planejamentos reprodutivo, são muitas as ações educativas que nós desenvolvemos para homens e mulheres dirigidas a tomada de  decisão de ter filhos, ofertamos métodos contraceptivos básicos e abordamos adequadamente a necessidade de utilizá-los para que assim possam escolher o momento adequado que querem ter filhos  em dependência da situação de cada casal, fazendo sempre ênfase na utilização da camisinha, já que protege não só da gravidez, mas também das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Os temas sobre diversidade sexual e relações de gêneros geram ainda muita polêmica pela existência de tabus, mas sempre tentamos dar a melhor orientação e sobre tudo aprofundar na proteção contra DSTs.                                                                                                       

           Sempre fazemos adequadamente notificação e encaminhamento dos casos diagnosticados de HIV e tratamos adequadamente as DSTs, para evitar futuros casos de contágio, minimizando complicações. A discussão de saúde sexual em grupos (jovens, gestantes, idosos) é importante, realizamos atividades para fornecer melhor percepção de riscos, porém, ainda como profissionais e equipe podemos fazer mais.                                                                                                                                       

           A mulher grávida precisa de muitos cuidados pelos riscos que a gravidez traz sobre a futura mãe e o bebe, por isso, uma prioridade dos profissionais é ter controle nessa etapa e assim evitar possíveis complicações. No período de gravidez e puerpério nossa equipe desenvolve um conjunto de medidas, como a busca ativa das gestantes da Unidade, priorizando as adolescentes. Fazemos também o levantamento das gestantes da localidade e incluímos aquelas que fazem pré-natal em serviço privado. A parte do puerpério leva atenção pelo que sempre encaminhamos atividades dirigidas a brindar seguimento à puérperas e recém-nascido. O preenchimento da caderneta pelos profissionais e de relevância já que os dados do pré-natal da gravida são precisos em diferentes momentos e etapas do período de gravidez sobre tudo pelos profissionais que não fazem acompanhamento direto com a gravida.                         

           Durante o período pré-natal a solicitação, por parte dos profissionais, de exames complementares recomendados, forma uma base importante para o desenvolvimento futuro sem complicações da mãe e bebê, já que nos permite diagnosticar um número de doenças e permite perceber alguns riscos, portanto, damos prioridade a isso durante o atendimento efetuado no pré-natal. As DSTs trazem incontáveis riscos para as grávidas e futuros bebês, como por exemplo, recém-nascido prematuro e baixo peso, uma vez diagnosticadas, deve ser iniciado o tratamento para evitar complicações.                      

            O período de gravidez demanda um aumento considerável das necessidades metabólicas do organismo da mulher, por isso, é importante uma boa ingesta de alimentos durante o dia sobre tudo de maneira equilibrada, portanto, orientamos sobre os cuidados referentes a nutrição para que a gestante possa adotar um hábito de vida saudável. O período de puerpério requer de controle pelas possibilidades de complicações que podem acontecer, para isso, orientamos sempre o retorno da puérpera a consulta.

             A amamentação é uma etapa de suma importância tanto para a mãe como para o bebê, mas são muitas as causas que levam a não acontecer de forma certa e de maneira prolongada, já que o desmame precoce é uma realidade visível durante nosso trabalho. Para os profissionais das equipes de saúde continua sendo um desafio e para nossa equipe não é diferente, portanto é uma necessidade lutar contra este problema, chegando, assim, a melhores resultados. Esta análise reflexiva com o posterior desenvolvimento de uma microinterveção para a melhoria dos resultados referente a amamentação, foi feita pela equipe # 9 da UBS Muciano Cabral.

           Logo que refletimos sobre nossas  fragilidades e descobrimos aqueles problemas que interferem negativamente em nosso desempenho como profissionais de saúde, passamos a escolher o problema prioritário a ser enfrentado, para isso, levamos em conta a urgência, importância, habilidades para lidar, recursos, necessidades para enfrentamentos e liquidação final ou médio prazo, assim como nos atributos, classificação tendo em conta a importância, os enfrentamento, urgência e capacidade.                               Desta forma, chegamos à conclusão que desenvolveríamos o problema referente a amamentação, pois foi o problema com a pontuação mais baixa e factível.                        

           Após escolhido o problema, passamos a fazer a matriz de intervenção. Como estratégia para alcançar os objetivos e metas foi determinado aumentar o conhecimento sobre a amamentação a mulheres grávidas e em idade fértil, mediante uma técnica educativa. Atividade a ser desenvolvida: determinamos que fosse uma palestra. Recursos necessários para o desenvolvimento: fazer uma lista com os nós críticos selecionados e com a solução de cada um deles. Necessidade de um computador, assim como de um local com condições adequadas para desenvolver nossa atividade educativa.

           Nossa equipe determinou como nó crítico #1, falta de orientação sobre amamentação, na operação determinamos levar informações adequadas sobre técnicas e melhor posição para amamentar, a amamentação deve ser prazerosa para a mãe e o bebê. A cabeça do bebê deve ficar de frente para o peito e o nariz bem na frente do mamilo. Só colocar o bebê para sugar quando ele abrir bem a boca.                                    

           Nó crítico # 2, produção insuficiente de leite, determinamos que para manter uma boa quantidade de leite, é importante que a mãe amamente com frequência. A sucção é maior estimulo a produção de leite. Quanto mais o bebê suga, mais leite a mãe produz, é importante também dar tempo ao bebê para que ele esvazie bem o peito em cada mamada. Nó crítico # 3, o menino não quer pegar o peito, como operação determinamos que no momento da amamentação, é importante que a mãe converse, faça carinho e dê atenção a criança. Nem todo choro do bebê é de fome. A criança chora pois quer aconchego ou sente algum desconforto, sabendo de disso, não deixar que ideias falsas atrapalhem a amamentação. Adotar uma posição adequada e confortável para a mãe e o bebê no momento da amamentação.     

           Nó crítico # 4, dor e rachaduras nos mamilos, na operação foi determinado que as rachaduras podem ser sinal de que é preciso melhorar o jeito do bebê pegar o peito. Se o peito rachar, a mãe pode passar seu leite na rachadura. No crítico # 5, só amamentar em um único peito, deixando cheio o outro, provocando ingurgitamento, foi determinado que se dermos um único peito, na próxima tomada devemos oferecer o outro peito, se dermos os dois seios, no próximo, devemos oferecer o peito que levou o último, para manter a produção em ambos seios.         

          Nó crítico # 6, fadiga de amamentação como operação foi determinada que é bom para a mãe e o bebê aliviar o cansaço da mãe, então procure o apoio de sua família e tire algum tempo para descansar, como tirar uma soneca com seu bebê e aliviar a fadiga em vez de fazer tarefas domésticas enquanto o bebê está dormido. Nó crítico # 7, extração mecânica do leite materno produz dor, a mãe deve estar confortável e em um lugar livre de distrações. Para obter um bom reflexo de ejeção do leite, também pode ser útil para estar perto do bebê, pensar no bebê. Massagear as mamas com a ponta dos dedos, fazendo movimentos circulares no sentido da parte escura (aréola) para o corpo.

         Nó crítico # 8, ficar muito tempo amamentando, foi determinado que cada bebê tem seu próprio ritmo de mamar, o que deve ser respeitado. Deixe-o mamar até que fique satisfeito, espere que ele esvazie bem a mama e então ofereça a outra, se ele quiser. Solicitar uma avaliação do crescimento do bebê.                                                                       

          O resultado esperado é diminuir em 10% o desmame precoce. Como responsáveis estão os gestores e profissionais. O prazo é de 30 dias. Mecanismos e indicadores para avaliar o alcance dos resultados, foi determinado que fosse as fichas das crianças.       

          A realização de microintervenções por parte dos profissionais de saúde é uma experiência enriquecedora, já que fornece ferramentas que nos permitem dar soluções a problemas que interferem em ter um bom funcionamento do trabalho. Como equipe, aprendemos que refletir sobre nosso trabalho é importante já que permite identificar onde temos fragilidades e atuar sobre elas de forma correta. Uma técnica educativa é uma forma cordial e amena de levar conhecimento para os usuários e sua realização não cria tantas travas para os profissionais, o principal desafio para nós como equipe foi a participação dos usuários, no caso as mulheres, já que a participação das mesmas não foi na quantidade esperada.                                                                                                                

           Como profissional de saúde, o que mais gostei da microintervenção foi o interesse e atenção apresentado pelas mulheres com este tema. Mas nosso maior descontentamento foi observar uma menor quantidade de mulheres do que esperávamos. Porém, como é uma técnica educativa que podemos continuar praticando, ela vai continuar fazendo parte de nosso trabalho.

         

 

 


 [jf1]Citar as referências bibliográficas no texto

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