RELATO DE EXPERIÊNCIA
TÍTULO: ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL, UM DESAFIO PARA NOSSA EQUIPE NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE.
ESPECIALIZANDO: OSCAR MACÍAS GUTIÉRREZ.
ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO
Não é um segredo para ninguém, que um dos desafios maiores que apresentam as equipes de saúde na Atenção Primária à Saúde (APS) é a atenção integral à saúde mental, porque o nível de complexidade é maior devido a muitos pacientes apresentarem doenças crônicas não transmissíveis de forma concomitante com dependências a medicamentos controlados do tipo (drogas), bem como o problema das “polifarmácias”.
“A atenção primária à saúde (APS) como primeira porta de entrada à saúde, é definida como o nível do sistema de saúde responsável por oferecer à população os cuidados necessários para os seus problemas de saúde mais prevalentes, incluindo medidas preventivas, curativas, de reabilitação e promoção de saúde, com capacidade resolutiva para cerca de 80% destes problemas, caracterizando-se, sobretudo, pela continuidade e integralidade da atenção, além da coordenação da assistência dentro do próprio sistema, da atenção centrada na família, da orientação e participação comunitária, e da competência cultural dos profissionais” (WENCESLAU; ORTEGA, 2015, p.1123).
A atenção à saúde mental é um desafio muito grande para a Atenção Primaria de Saúde (APS), sobre todo para as equipes de saúde que trabalham em função de melhorar o modo de vida da população.
Para nossa equipe de saúde, é um reto muito grande mudar todas aquelas condutas que dificultem o bom desenvolvimento da atenção à saúde mental. É por isso que para alcançar nosso objetivo é preciso que todas as forças do município participem e conhecer suas políticas e estratégias de trabalho.
Para fazer uma abordagem ao tema que nos preocupa, é preciso conhecer como é que funciona as principais unidades de saúdes mental do município, suas forças, e a interação com a Unidade Básica de Saúde (UBS). Também quais são nossas debilidades e potencialidades como equipe.
É por isso que nós como equipe de saúde realizamos uma reunião, e com ajuda do AMAQ identificamos nossos problemas principais da atenção à saúde mental, e como seria nossa intervenção como equipe para melhorar o atendimento. Conhecer papel do Núcleo de apoio à saúde da família (NASF) e Centro de Atenção Psicológica (CAPS) na APS que nos permita desenvolver um melhor atendimento para todos os pacientes adoecidos com transtornos psiquiátricos.
Conformamos uma estratégia de intervenção onde nosso objetivo principal é a atenção integral da saúde mental aos pacientes com transtornos psicológicos e psiquiátricos. Segue abaixo, uma matriz de planejamento:
Estratégia para alcançar os objetivos. |
Atividades a serem desenvolvidas. |
Recursos necessários para o desenvolvimento das atividades. |
Resultados esperados. |
Responsáveis. |
Prazo. |
Mecanismos e indicadores para avaliar o alcance dos resultados. |
Realizar um registro geral dos pacientes com transtornos mentais. |
Identificação de todos os pacientes com transtornos mentais. |
Recurso humano. Caneta. Folhas. Corretivo. Notebook. |
Registrar o 100 % dos pacientes com transtornos mentais. |
ACS. Medico. Enfermeira. |
30/julho |
Registro geral. |
Cronograma de atividades da equipe. |
Entregar a todos os membros da equipe o cronograma, e publica-lo na recepção |
Recurso humano. |
Que todos pacientes conheçam as atividades programadas para cada mês. |
Enfermeira. |
30/julho |
Reunião de avaliação da equipe. |
Avaliação integral e especializada cada ano aos pacientes |
Negociar com a gestão e coordenador da UBS reunião com coordenadores do NASF e CAPS. |
Recursos humanos. Caneta. Folhas. |
Estabelecer um programa de consultas e atenção integral e especializada. |
Enfermeira. Medico. |
25/julho |
Ata da reunião. |
Acompanhamento pela área de saúde. |
Estabelecer um dia para consultas de pacientes com transtornos mentais. Visita domiciliar. |
Recurso humano. Caneta. Corretivo. Registro de visitas. Prontuários. |
Mudar o modo de vida dos pacientes com problemas mentais. Identificar novos riscos. |
Medico. Enfermeira. ACS. |
Cada segunda na tarde. |
Registro de visitas. Prontuários. Registro geral. |
Sobre as debilidades, o principal problema identificado na equipe de saúde foi a não confecção de um registro geral de todos os pacientes com transtornos mentais. Os pacientes não tinham acompanhamento pelo médico da área de saúde. Muitos pacientes pegavam as receitas dos remédios controlados para doenças psiquiátricas por meio dos ACS, passando mais de um ou dois anos sem acompanhamento especializado. Também identificamos o pouco uso da medicina natural. Para começar a mudar todas as coisas erradas que na época eram feitas, o primeiro foi a realização de um registro geral em Exel, onde iremos a preencher todos os dados dos pacientes, assim como melhor controle sobre eles.
Em relação às potencialidades, nosso município, dentro de seu sistema de assistência à saúde, conta com CAPS e NASF, que têm como objetivo promover a inserção social dos usuários por médio de ações intersectarias que envolvam educação, trabalho, esporte e cultura, permitindo a criação de estratégias para enfrentar os problemas de saúde mental. Os usuários do CAPS têm atividades individuais diárias, e de grupo, semanalmente. Eles desenvolvem atividades agrícolas, culinárias, de artesanato e pintura, além de atividades culturais de dança e música, e encontros esportivos. O ambiente do CAPS é acolhedor e tem horário acessível para todos os usuários. Além disso desenvolvem atividades de psicoterapia de apoio e dinâmica de grupo. São acompanhados integralmente pelo psiquiatra, psicólogo, assistente social, enfermagem etc. A meta do CAPS é inserir a maior quantidade de usuários na vida cotidiana.
Quanto ao NASF, há atendimento à família. A cada segunda, o dia todo, são atendidos os pacientes encaminhados pelo médico, de forma que existe uma boa comunicação entre as equipes de saúde e os componentes do NASF (Nutricionista, Psicóloga, Fonoaudióloga, Terapia Ocupacional, e Educador Físico). Sua função principal é a de promoção e prevenção, realizam palestras de acordo com as necessidades das equipes.
A situação escolhida pela a equipe, é de uma criança de 12 anos com diagnóstico de esquizofrenia com traços de autismo. É avaliado pela fonóloga, psicóloga e psiquiatra. Apresenta, no âmbito educacional, transtorno de linguagem e de comportamento, associado ao diagnostico medico de transtorno global do desenvolvimento. Durante a avaliação especializada o mesmo apresenta resistência física demonstrando agressividade, relações de conflitos e pouca interação social.
Foi identificado dificuldades em utilizar a linguagem como função comunicativa envolvendo todos os aspetos linguísticos como: fonológico, semântico-lexical, sintático, morfológico e pragmático. Demostra compreender comando verbais em nível simplificados. Após de uma caracterização certinha do paciente, vai nos permitir o tipo de estratégia de trabalho para melhorar sua atenção.
Apresenta acompanhamento médico programado cada 3 meses, do mesmo jeito especializado com psiquiatra, psicóloga, fonoaudióloga e começou com a nutricionista. Está vinculado ao CAPS, também ao Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) que proporciona uma ajuda significativa no âmbito social, além da compra dos remédios que deve tomar todos os dias direitinho.
Se mudou o ambiente familiar da criança, assim permitiu a assistência as consultas programadas. Só nos falta continuar trabalhando e fiscalizando o desenvolvimento das atividades planejadas no cronograma. Além de isso levar a estratégia a todos os pacientes de nossa área de saúde com transtornos mentais, para garantir um equilíbrio biológico, psíquico e social. Também que possa prestar nossa experiência para as outras equipes da UBS.
Referência
WENCESLAU, L. D.; ORTEGA, F. Saúde mental na atenção primária e Saúde Mental Global: perspectivas internacionais e cenário brasileiro. Interface (Botucatu), Botucatu, v.19, n.55, p.1121-1132, 2015 .
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