1 de agosto de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TÍTULO: A linha de cuidado em Saúde Mental, em Rosário Do Catete Estado de Sergipe.

ESPECIALIZANDO: Yadisleydi Fonseca Guerrero.

ORIENTADORA: Maria Helena Pires Araújo Barbosa.

Reconhece-se o grande número de pessoas consumindo, fazendo uso nocivo das mais diversas substâncias e entrando no processo de dependência química, podendo acarretar problemas graves de saúde e de comportamentos, além dos riscos de acidentes e mortes no trânsito. (CARMO, 2003).

Segundo Nogueira (2009), é possível constatar “que os tratamentos de dependentes químicos que incluem a participação e o envolvimento da família obtêm maior possibilidade de sucesso do que aqueles que trabalham apenas no indivíduo”. Sendo assim, existem vários fatores que contribuem para que o tratamento de um dependente químico seja realizado com sucesso, entre estes fatores está o desejo do próprio sujeito em querer mudar a sua situação de dependente químico. Outro fator fundamental seria a participação ativa dos familiares apoiando, motivando e muitas das vezes modificando antigos valores e hábitos que possam contribuir para o sucesso do tratamento do dependente químico, somando alguns cuidados integrados e articulados em rede com equipamentos sociais, de saúde, de educação e a sociedade como um todo.

Na Estratégia de Saúde da Família (ESF) em que atuo, o atendimento a pessoa com transtorno mental é realizado mediante cadastrado. Sendo assim é preenchida uma ficha para ter acompanhamento integral, onde coletamos os dados principais do indivíduo, como é mostrado no quadro 1. Essa ficha contém lacunas com data de consulta, nome completo do indivíduo, endereço, agente comunitário de saúde que o acompanha, tratamento com benzodiazepinas, psicotrópicos e anticonvulsivantes, e se tem ou não seguimento com psiquiatra. Quando há o acompanhamento com o psiquiatra o diagnóstico CID 10 é anotado.

 

Cadastro de pacientes com transtorno mental, PSF I, Rosário Do Catete, SE.

 

Data de consulta

 

Nome completo do Usuário

 

Endereço

Agente Comunitário de Saúde

Tratamento com Benzodiazepinas

(Qual)

Antipsicóticos (Qual) e o Anticonvulsivante

Seguimento por Psiquiatra

Diagnóstico

CID 10

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Fonte: Elaborado pela própria autora.

 

            Em nossa unidade de saúde não existe Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), e por isso só existem consultas agendadas por psicólogo e psiquiatra. Os usuários muitas vezes não são encaminhados pela primeira vez por um médico da atenção básica e não existe contra-referência dos especialistas para dar continuidade do tratamento controlado e contínuo.

            Não existe uma rede de saúde mental no município. Seria importante que existisse porque permitiria realizar discussões de casos clínicos, possibilitaria o atendimento compartilhado entre profissionais, tanto na unidade de saúde como nas visitas domiciliares, permitiria a construção conjunta de projetos terapêuticos de forma que ampliasse e qualificasse as intervenções no território e na saúde de grupos populacionais.

            Para contextualizar como ocorre a atenção integral em saúde mental na unidade em que atuo, a equipe escolheu um caso para que fosse construía uma linha de cuidado. O indivíduo tem 68 anos e é hipertenso e diabético há 20 anos. Mora sozinho, é divorciado e tem dois filhos. Gostava de beber muito, sem moderação, quase todos os dias da semana. Se alimentava mal, não se preocupava com a saúde e estava sem salário fixo há 4 anos porque perdeu o emprego. Há um ano ele sofreu Acidente Vascular Cerebral (AVC) estando sozinho em casa onde e foi levado pela filha a emergência.

            Uma vez diagnosticado e tratado, voltou para a casa sozinho novamente, sem ajuda da família. Como ele percebeu que não teve melhora por causa das complicações da doença (hemiplegia direita), dificultando as atividades domésticas, agora ele precisa de ajuda. Ele não se entendia com a ex-esposa porque existiam conflitos familiares. O filho dele às vezes ajudava até que ele aceitou a ajuda dos filhos. Neste momento ele mora na casa da ex-esposa e dos dois filhos, está fazendo o tratamento medicamentoso correto e fisioterapia.

            O indivíduo deseja voltar para casa, embora ainda não esteja em condições para retornar. Sente uma melhora física e persistems os conflitos familiares. Atualmente está muito deprimido, chora todos os dias porque quer recomeçar uma nova vida sozinho, mas não tem capacidade para se manter sozinho. Por existir conflito conjugal, ele não se sente à vontade, está com apetite diminuído, sente-se deprimido, não consegue dormir bem, e agora aumentaram os sintomas da depressão.

            Fizemos uma visita domiciliar e o encaminhamos para psicólogo e psiquiatra. Nossa equipe está acompanhando-o e aguardando o seguimento dos especialistas para dar continuidade ao tratamento medicamentoso e continuar com tratamento de fisioterapia.

            Esta microintervenção foi muito importante para nossa equipe porque contribuiu para um melhor acompanhamento para este usuário. E se nós fizessemos esse acompanhamento com cada indivíduo com transtorno de saúde mental obteríamos resultados satisfatórios para melhorar a qualidades de vida dos sujeitos. Além disso, foi importante pois ampliamos nossos conhecimentos sobre os principais problemas de saúde mental para obter um melhor serviço e estar mais preparada para ajudar os usuários com essas doenças e prestarmos um melhor atendimento aos insdivíduos com problemas de saúde mental.

 

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