31 de julho de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TITULO: COMPORTAMENTO  DA DEMANDA  ESPONTÂNEA E PROGRAMADA NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE  ALTO BONITO.

ESPECIALIZANDO: YULIET DIAZ MARTINEZ

ORIENTADOR: MARÍA HELENA PIRES ARAUJO BARBOSA.

 

          A Política Nacional de Humanização (PNH) prioriza “a participação coletiva no processo de gestão e fomenta a autonomia e protagonismo dos sujeitos envolvidos”. Desta forma, o compromisso da atenção primária está principalmente ligado à comunidade, mas também leva em consideração as condições de trabalho dos profissionais e dos atendimentos realizados nas equipes de saúde da família.

 

            Como sendo uma política pública, a PNH transcorre em todos os níveis de complexidade e, especificamente na atenção básica. Ela tem como diretrizes a elaboração de projetos que contemplem o individual e o coletivo, considerando as políticas intersetoriais e as necessidades de saúde. Incentivando sempre as práticas promocionais de saúde e formas de acolhimento e inclusão do usuário que promovam a otimização dos serviços, o fim das filas, à hierarquização de riscos e acessos efetivo aos demais níveis do sistema de saúde.

 

             A sistematização das demandas espontânea e programada na Atenção Primaria à Saúde (APS) de maneira organizada, humanizada e de forma resolutiva, é um dos grandes desafios para as Equipes da Saúde da Família (ESF). Gerir essa agenda, otimizando o acolhimento e direcionado as demandas com efetividade e qualificação é um dos nortes desse serviço (BRASIL, 2011).

 

             Chama-se de demanda espontânea aquele que comparece a unidades inesperadamente, seja por problemas agudos ou por motivos que o próprio usuário julgue como necessidade de saúde. E ela deve ser acolhida na atenção básica por quê: 1) o usuário apresenta queixas que devem ser acolhidas e problematizadas; 2) a atenção básica consegue absorver e ser resolutiva em grande parte dos problemas de saúde; 3) para criação e fortalecimento de vínculos; 4) cria-se oportunidade para intervenção de novas estratégias de cuidado e de reorganização do serviço (BRASIL, 2010).

 

               Friederich e Pieratone (2006) definem como demanda programada aquela que é agendada previamente, ou seja, toda demanda gerada de ação prévia a consulta, sendo um importante instrumento de ação quando se trata de um serviço que compões a rede de APS pautada em ações preventivas. Atende grupos específicos e prioritários, definidos a partir do perfil epidemiológico da população; além de ser caracterizada pela prévia definição de vagas e direcionamentos da agenda dos profissionais para assistir aos usuários cadastrados em programas.

 

            Esse tipo de abordagem é importante porque advêm de rastreamento epidemiológico, por meio do qual se identifica determinantes e condicionantes do processo saúde-doença, que interferem no perfil de morbimortalidade da região. Entretanto, entende-se que tal forma de atuação não deve ser exclusiva, à medida que pode reforçar a rigidez das marcações nos serviços, além de limitar a resolubilidade da ESF (SANTANA, 2011).

 

            É fundamental que haja a integração das demandas programada e espontânea para que as ações de prevenção de doenças e promoção de saúde possam ser elaboradas e realizadas. A necessidade de articulação entre uma e outra é necessária, para que a demanda espontânea seja aproveitada na aplicação de protocolos de diagnóstico e identificação de situações de risco à saúde, assim como para o desenvolvimento de conjuntos de atividades coletivas junto à comunidade segundo Mattos (2001 apud GOMES; PINHEIRO, 2005).

 

             Minha Unidade Básica de Saúde (UBS) está localizada no Povoado Alto Bonito no município Poço Redondo, Estado Sergipe. A zona rural tem sete microáreas que ficam muito longe da UBS, onde a gente faz atendimentos uma vez na semana. Há cinco meses a UBS esta sendo reformada e por isso estamos trabalhando em um local adaptado que não tem as condições estruturais preconizadas pelo Ministério da Saúde.

 

            A equipe de saúde esta composta por uma médica, uma enfermeira, uma técnica de enfermagem, 10 agentes comunitários de saúde com uma população de quase 4000 usuários. O local fica muito pequeno para a quantidade de usuários que procuram a  UBS, seja para atendimento médico, de enfermagem ou para alguma informação que estivessem  necessitando, ficando às vezes muito tempo aguardando na fila.

 

            Nossa UBS ainda não trabalha com acesso avançado, o qual dificulta também um pouco o acolhimento em virtude do tempo que leva para procurar os prontuários nos arquivo. Quando a gente começou a trabalhar nessa UBS, em janeiro, o maior problema identificado foi a quantidade crescente de usuários que procuravam a UBS para consultas de demanda espontânea por queixas agudas e crônicas.

 

            Após observar a necessidade de ter um melhor planejamento do processo de trabalho da equipe, a equipe convocou uma reunião com todo o pessoal da UBS para procurar dar solução e implementar estratégias para melhorar o serviço oferecido para os usuários. Afinal, já que o acesso dos usuários ao serviço ocorria de forma desorganizada e com pouca resolução dos problemas.

 

            As opiniões ficaram divididas quanto aos atendimentos de demanda espontânea e programada, entretanto no final todos concordaram com a ideia de ter um cronograma de trabalho com certa flexibilidade na agenda. Além disso, foi decidido que todo dia haveria espaço na agenda para demanda livre e programada, oferecendo um serviço equânime para todos os usuários.

 

               O atendimento da demanda espontânea foi organizado e utiliza a Classificação de risco no momento do acolhimento. A equipe garante assim boa parte da resolução das queixas dos usuários, já que muitos procuram a unidade de saúde para fazer curativos ou mesmo alguma informação específica.

 

               A classificação de risco é uma forma dinâmica de organizar a demanda espontânea com base na necessidade de atendimento, sobretudo nos casos de urgência e emergência. Por meio da classificação de risco o profissional de saúde avalia e direciona os usuários que procuram atenção para forma de atendimento mais adequada e equânime (BRASIL, 2010). Por isso, uma das estratégias foi sensibilizar o pessoal da UBS a fazer um melhor acolhimento, obtendo uma escuta mais qualificada e o conhecimento do cronograma de trabalho da equipe.

 

                Nossa UBS tem uma maior prevalência de demanda espontânea, por isso a agenda foi organizada com 50% das vagas para demanda programada e 50% para demanda espontânea.  Para a demanda espontânea sempre são priorizados aqueles casos com queixas mais agudas. Na demanda programada a gente pactuou que a daria-se prioridade de horários para os usuários que moram nas microáreas mais distantes, mesmo no horário de manhã ou da tarde.

 

             Depois de uns meses dá para perceber alguma melhoria, mas às vezes a agenda fica lotada. Todavia temos que trabalhar mais para oferecer um serviço ótimo e equânime para todos, sendo o acolhimento a melhor ferramenta que temos para realizar um trabalho de qualidade, de forma organizada e planejada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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