30 de julho de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

RELATO DE EXPERIÊNCIA II

 

TÍTULO: A DEMANDA ESPONTÂNEA: UM CAMINHO, UM DESAFIO

ESPECIALIZANDO: RAPHAEL ALMEIDA SANTIAGO DE ARAUJO

ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO

 

Demanda espontânea é todo atendimento não agendado, é uma demanda momentânea do paciente e perpassa de uma simples informação ao atendimento de urgência e emergência. Configura também, um desafio para a gestão da clínica médica, da saúde da família, da comunidade e dos órgãos gestores da saúde pública. Não existe a possibilidade de ordenar o atendimento a demanda espontânea sem que antes ocorra o controle dos fatores limitantes tais fatores são: demanda das consultas agendadas, acolhimento eficiente dos pacientes vide demanda espontânea, compreensão do espaço de trabalho pela equipe de saúde do Posto de atendimento.É necessário compreender que o acolhimento está além da triagem e ele tem como função a humanização do atendimento ao paciente, dialogando com um conceito ampliado de saúde, não apenas focado no conceito arcaico de doente versus não doente, trata-se da promoção da saúde mental e social de cidadão e reverbera na comunidade com um acolhimento mais humanizado (BRASIL, 2013).

Ficou evidente, após muitas reuniões com a equipe de saúde, que tanto o espaço físico quanto a não determinação de um modelo de triagem eficiente corroboram para a manutenção da situação indesejada. Conversamos em reunião como difícil é a gestão da demanda espontânea sem antes estabelecer nosso modelo de gestão dos pacientes e o quanto ouvir os pacientes integrantes da comunidade facilita a criação de uma modelo conscientizador de profilaxia, tendo como resultado a prevenção de problemas que resultariam no surgimento de demanda espontânea.

Foi pedido para avaliarmos a formatação atual e percebemos que nessa formatação a equipe de saúde ficava impossibilitada de acolher a demanda espontânea em detrimento da demanda agendada de pacientes, além disso, ficou evidente após observação que o acolhimento à demanda espontânea tem função primordial para o bom funcionamento daUBS,e que a classificaçãode risco, da demanda espontânea, no momento da triagem, é de grande valia para a mudança dessa conjuntura.

Por fim, observamos em uma dinâmica de grupo a necessidade do atendimento domiciliar. O atendimento domiciliar reduz e previne o surgimento de demanda espontânea pois problemas que envolvem profilaxia simples e conscientização, são feitos in loco sem necessariamente a participação da equipe de saúde diuturnamente na comunidade.

Em síntese, a compreensão do quadro geral que impossibilita e retarda a possibilidade de acolhimento à demanda espontânea nos desafia como equipe de saúde e nos mostra alguns caminhos para reduzir essa problemática. Sendo assim, é necessário saber quais medidas interventivas devem ser tomadas, são elas: reestruturação do atendimento domiciliar, estabelecer um modelo de acolhimento eficiente que se comunica com os problemas espaciais da UBS e estabelecer diálogo entre demanda agendada e demanda espontânea.

Para resolução dessa problemática, ficou claro a necessidade de mudança na postura da equipe de saúde, observamos o problema e criamos um modelo de gestão mais eficiente para o acolhimento e para lidar com a demanda espontânea, desde a recepção à triagem propriamente dita, tendo como resultado um acolhimento à demanda espontânea eficaz sem comprometimento do atendimento agendado e como subproduto a redução deste. Para isso em primeiro plano, criamos um modelo de acolhimento na forma de fluxograma como se pode observar abaixo.

 

 

Após a criação do fluxograma fizemos uma capacitação interna, usando-o como referência, e conseguimos reduzir a quantidade de consultas agendadas, aumentamos tanto a qualidade do acolhimento quanto a qualidade das consultas por demanda espontânea.

Em segundo plano, determinamos reuniões recorrentes com os ACS, visando compreender os problemas locais, tendo em vista contemplar a demanda sobre conscientização tocante às medidas profiláticas simples que previnem e reduzem a demanda espontânea, todo esse processo perpassa pela conscientização e responsabilização da equipe saúde e comunidade.

Referente a isso o controle e a revisão dos prontuários se mostrou importante ferramenta para reduzir ainda mais essa problemática, o uso da classificação S. O. A. P. guia e facilita a compreensão do paciente pela equipe e deve ser usado como ferramenta. Sendo assim, ficou ainda mais claro que precisamos ouvir com mais frequência o paciente, compreender suas mazelas e aliviar o sofrimento. Dessa forma, compreendemos que o comprometimento da equipe de saúde em tornar-se e tornar o paciente agente ativo na comunidade e percebemos que é de grande valia o uso do prontuário e a escuta atenta ao paciente para a sua criação.

É válido ressaltarque a mudança, mesmo que lenta e gradual, a qual as equipes de saúde passam após a compreensão desse tema, é  relevante, no que se trata a gestão da clínica e gestão do problemas da comunidade assistida.Dessa forma, a tríade: gestão da UBS, comunicação com a comunidade e modelo de gerenciamento que se comunica com os órgãos competentes, tem forte possibilidade de otimizar, humanizar e prosperar o acolhimento da demanda espontânea, cumprindo o anseio de promoção de saúde.

 

Referências

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Acolhimento à demanda espontânea. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. (Cadernos de Atenção Básica; n. 28, V. 1).

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