RELATO DE EXPERIÊNCIA
TÍTULO: APERFEIÇOAMENTO DA EQUIPE PARA IMPLANTAR O ACOLHIMENTO NA UBS NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO, EM INDIAROBA (SE)
ESPECIALIZANDO: SONIA EGLIS PINEIRO RODRIGUEZ
ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO
O SUS, sim duvida, e atualmente um dos maiores exemplos de política publica no Brasil. Esse sistema, fruto de debates e lutas democráticas na sociedade civil e nos espaços institucionais do Estado brasileiro, sobretudo do movimento da reforma sanitária (“um movimento de movimentos”), foi afirmado na constituição de 1988, alicerçado na premissa de saúde como direito de todos e dever do Estado e em princípios e diretrizes como a universalidade, equidade, integralidade, descentralização e controle social. A organização do processo de trabalho da equipe é uma atividade gerencial, na qual todos os componentes da equipe possuem atribuições e responsabilidades no desempenho de suas atividades. Na saúde não existe um profissional autossuficiente e o acolhimento só acontece se o trabalho se realizar em equipe e quando o acolhimento depende do trabalho de todos envolvidos. (BRASIL, 2001)
A atenção básica, enquanto um dos lixos estruturante do SUS vive um momento especial ao ser assumida como uma das prioridades do Ministério da Saúde e de governo federal. Entre os seus desafios atuais, destacam-se aqueles relativos ao acesso e acolhimento, a efetividade e resolutividade das suas praticas, ao recrutamento, provimento e fixação de profissionais, a capacidade de gestão, coordenação de cuidado e, de modo mais amplo, as suas bases de sustentação e legitimidade social (BRASIL,2015)
O Ministério da Saúde caracteriza o acolhimento como o usuário sendo sujeito na produção de sua saúde, como uma ação que envolve técnica e assistência, apostando na mudança relacional entre profissional de saúde e usuário, em uma rede social que se estabelece nesse binômio por meio de fatores técnicos, éticos, humanitários e de solidariedade. Outro aspecto de destaque está voltado para os processos de trabalho e a forma de operacionalizá-los prestando atendimento a todos que procuram os serviços de saúde por meio do primeiro gesto que e o da escuta, ouvindo os pedidos que eles têm que fazer. Aponta a postura profissional como o grande diferencial (BRASIL,2006)
As equipes de saúde da atenção básica, seus trabalhadores, tem que estar abertos para perceber as peculiaridades de cada situação que se apresenta, buscando agenciar os tipos de recursos e tecnologias (leves, leves_duras e duras) que ajudem a: aliviar o sofrimento, melhorar e prolongar a vida, evitar ou reduzir danos, (re) construir a autonomia, melhorar as condições de vida, favorecer a criação de vínculos positivos, diminuir o isolamento e abandono. A dinâmica cotidiana da vida das pessoas no território exige a necessidade de a equipe e outros trabalhadores da UBS se apropriarem de saberes e capacidade a respeito (FORTES, 2004).
É preciso qualificar os trabalhadores para recepcionar, atender, escutar, dialogar, tomar decisão, amparar, orientar. É o direito e a defensa da vida, ofertando serviços qualificados, profissionais capacitados e equipe humanizada, realmente empenhada em proporcionar melhor qualidade de vida aos usuários. A postura acolhedora de cada profissional `e primordial para que se estabeleça o acolhimento (SOUZA et al, 2008).
O modo da realização o acolhimento na minha UBS leva a refletir que nossa equipe de saúde tem dificuldade para a execução do acolhimento. Esse foi motivo da realização do micro intervenção A experiência a relatar foi desencadeada com a equipe de saúde, com o objetivo de capacitar a cada uns dos membros para fortalecer e incorporar conhecimentos tendo em conta o que trabalho em equipe e a capacitação profissional (técnica e emocionalmente) são imprescindíveis para a realização dum adequado acolhimento no atendimento do dia a dia. Efetivamos reunião com a equipe de saúde e também convidamos ao pessoal da recepção, componente essencial para levar a cabo um adequado acolhimento, de sinalizarem dificuldades na estratificação de risco e vulnerabilidade. Percebeu-se a necessidade da equipe se apropriar de saberes e conhecimentos na avaliação do usuário em relação à vulnerabilidade e nível de risco e assim garantir a organização das agendas de trabalho, estabelecer prioridade para o atendimento e lograr um sistema eficiente de comunicação.
As estratégias desenvolvidas no micro intervenção foram: definir quem vai receber o usuário, ensinar ao pessoal da equipe (abrangem ao pessoal da recepção) como avaliar o risco e a vulnerabilidade do usuário e como organizar a agenda dos profissionais.
Com a execução do micro intervenção conseguimos encher de conhecimentos e de ferramentas para levar a cabo um acolhimento organizado, estabelecendo prioridades para os problemas de saúde. A partir dai achamos que tendo as ferramentas necessárias para desencadear um adequado acolhimento, vai garantir reorganizar o processo de trabalho para se tornar mais humanizado e resolutivo.
A avaliação dos seguintes indicadores: o tempo médio de espera para agendamento/realização de consulta, proporção entre as diferentes ofertas de agendas (%de pessoas de ações programáticas ou de agudos atendidos); e proporção de dias/turnos em que a quantidade de vagas para agudos `e insuficiente e em que “estoura” a agenda da equipe e proporção de faltosos ‘as consultas agendadas não programáticas; permitiram redefinir o modo como as agendas estão organizadas e assim melhora a qualidade de atendimento aos usuários.
A capacidade de acolhida e escuta das equipes aos pedidos, demandas, necessidades e manifestações dos usuários no domicilio, nos espaços comunitários e nas unidades de saúde e um elemento chave. É importante que a demanda apresentada pelo usuário seja acolhida, escutada, problematizada, reconhecida como legitima, `e fundamental que as unidades de atenção estejam abertas e preparadas para acolher o que não pode ser programado, as eventualidades, os imprevistos.
O acolhimento passa pela pratica que tem como princípios a solidariedade, a compreensão e a generosidade no trato com os usuários dos serviços de saúde, fazendo com eles se sintam benvindos e a vontade no grupo que os acolheu. Poderão desenvolver a confiança, a autoestima e a cooperação na melhoria de sua saúde e de sua qualidade de vida. Representa a escuta qualificada com a proposta de classificação de risco e a resolutividade dos problemas e ou necessidades identificadas (CASTRO, 2006).
Em síntese, para se realizar o acolhimento, é fundamental que as equipes de saúde reflitam sobre um conjunto de elementos que vão desde os saberes que subsidiam o atendimento individual em saúde ate a maneira como interagem na organização do processo de trabalho em equipe.
Entretanto, o desafio de organizar adequadamente o acolhimento em a unidade de saúde exige a agregação de novos sujeitos capazes de se envolver com a gestão do cuidado. Articular os diferentes setores em uma questão compartilhada que responda aos usuários com acolhimento, vinculo e resolubilidade.
A força do ideário e do conjunto de atores e instituições construtores do SUS, tornando-o um verdadeiro patrimônio publico, que, como tal, deve ser bem cuidado. O SUS precisa ser “protegido” e “cultivado” não apenas para evitar retrocessos ao grande pacto social do qual e resultado, mas também porque ainda há muito que fazer para consolidar esse sistema e, assim, possibilitar que todo brasileiro se sinta cuidado diante das suas demandas e necessidade de saúde.
Referências
BRASIL. Ministério de Saúde. Gestão Municipal de Saúde: textos básicos. 20 ed. Rio de Janeiro. 2001.
BRASIL. Ministério de Saúde. Cartilha da PNH: Acolhimento com classificação de risco. Brasília: Ministério de Saúde, 2006.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. (Cadernos de Atenção Básica n.28, Volume I).
CASTRO, A. J. R: SHIMAZAKI, M. E. Protocolos clínicos para unidades básicas de saúde. Belo Horizonte: editora Gutemberg. 2006.
FORTES, P. A. C. Ética, direitos dos usuários e políticas de humanização da atenção à saúde. Saude soc., São Paulo, v.13, n.3, p.30-35, 2004.
SOUZA, E. C. F. et al. Acesso e acolhimento na atenção básica: uma análise da percepção dos usuários e profissionais de saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.24, supl.1, p.s100-s110, 2008.
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