23 de julho de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

Relato de Experiência I

Discente:Michelle Albano Ferreira

Orientadora: Daniele Vieira Dantas

Unidade de Saúde: Unidade de Saúde da Família Bom Pastor

 

O questionário da Autoavaliação para Melhoria do Acesso e da Qualidade de Atenção Básica (AMAQ) realmente é bem abrangente e complexo. Nesse momento de avaliação é possível enxergar detalhes que no nosso dia-a-dia acabam passando despercebidos. Muitos detalhes fundamentais a saúde de forma ampliada por vezes são deixadas de lado e completamente esquecidas.

Ao preencher o questionário foi possível relembrar diversos pontos que precisam ser trabalhados. No caso de nossa equipe muito foi falado de pontos referentes a gestão, principalmente no tocante monitoramento das ações desenvolvidas. Além disso, no tocante a insumos e medicamentos também houveram pontos negativos. Por se tratarem de questões bem abrangentes, que não teríamos força suficiente pra modificar, principalmente por depender de fatores externos a equipe, optamos por não escalar tais problemas em nossas prioridades.

Alguns pontos que foram avaliados como deficientes no atendimento da equipe, portanto passiveis de pronta mudança foram: Acompanhamento de pacientes com síndromes epiléticas; Acompanhamento dos casos de hanseníase; Atenção a pessoas com sofrimento psíquico; Usuários de álcool e drogas; Ações voltadas a usuários de tabaco.

A partir desses pontos foi eleito como intervenção mais necessária no momento o Desenvolvimento de Ações Para Pessoas com Sofrimento Psíquico visto que a demanda por tal atendimento é significativa, conforme a Matriz de Intervenção abaixo.

MATRIZ DE INTERVENÇÃO

Descrição do padrão:

A equipe de Atenção Básica desenvolve ações para as pessoas com sofrimento psíquico em seu território

Descrição da situação-problema para o alcance do padrão:

Falta de controle da demanda de pacientes e pacientes sem diagnósticos confirmados

Objetivo/meta:

Identificação da população portadora de patologias psíquicas

Estratégias para

alcançar os

objetivos/metas

 

 

Atividades a

serem

desenvolvidas

(detalhamento

da execução)

Recursos

necessários para

o desenvolvimento

das atividades

 

Resultados

esperados

Responsáveis

Prazos

 

Mecanis-mos e

Indicado-res para

avaliar o alcance

dos resultados

 

Busca ativa dos pacientes em tratamento

 

Colaboração dos ACS realizando a busca ativa durante as visitas domiciliares

 

 

Recurso Humano

Captação do maior número possível de pacientes para reavaliação

 

ACS

 

3 meses

 

Percentual de atendi-mento em Saúde Mental

 

Reavaliação das patologias em tratamento

 

Durante as consultas, em domicilio ou Unidade, reavaliar a real condição patológica

 

Recurso Humano

 

Prontuário

 

Confirma-ção/exclu-são de diagnósti-cos

 

Médico

 

5 meses

 

Percentual de diagnósti-cos estabeleci-dos

 

Abordagem de cuidadores/familiares de pacientes susceptíveis

Orientar cuidadores/ familiares quanto a sinais e sintomas de patologias mentais

 

 

Recurso Humano

 

Identificação dos pacientes ainda sem diagnósti-co

Toda equipe (ACS, técnico de enfermagem; enfermeira; médica)

 

5 meses

 

Percentual de atendi-mento em Saúde Mental

 

Os outros pontos citados também eram importantes serem trabalhados, no entanto alguns impasses inviabilizaram como por exemplo no caso do tabagismo, a falta de medicamento para tratamento, sendo possível apenas trabalhar abordagens não medicamentosas.

Com relação a abordagem dos usuários de álcool e drogas, existe a dificuldade de acesso a tal população o que tornaria a intervenção menos proveitosa. Outra questão muito importante que estamos deixando a desejar é no tocante a Saúde na Escola. Como mais uma vez seria um atividade que envolveria múltiplos atores e ambiente externo a Nossa Unidade, não tínhamos garantido a possibilidade de execução das atividades, portanto deixamos pra um segundo plano.

O nosso alvo escolhido se deu em grande parte pela alta demanda, porém ainda não organizada. Durante os atendimentos médicos, por várias vezes foi observado que boa parte dos pacientes não haviam tido um diagnóstico adequado ou encontravam-se em tratamento desnecessário devido a falta de acompanhamento.

Além disso, muitos desconhecem a importância de acompanhar seu quadro de saúde, isso se traduz pelo imenso número de pacientes que comparecem a Unidade apenas para “renovar receita”. Portanto, antes mesmo de definir ações voltadas ao grupo específico, é importante definir o grupo, identificar corretamente as pessoas a serem incluídas no grupo de pacientes portadores de doenças mentais, excluir aqueles que por ventura vieram a possuir um diagnóstico equivocado ou até apresentavam uma condição passageira (depressão pós traumática) possibilitando assim que as ações de saúde sejam direcionadas ao público que realmente será beneficiado.

As dificuldades esperadas estão basicamente pautadas na resistência dos pacientes na mudança terapêutica, tanto para aceitação de uma doença como na exclusão de um diagnóstico tendo em vista que por vezes o paciente encontra-se na dependência de medicamentos e não imagina sua vida sem tal tratamento. Além disso, precisaremos contar com ajuda de cuidadores e familiares quando paciente tiver condições limitantes, e infelizmente muitos desses facilitadores não possuírem grau de instrução adequado para um bom entendimento e repasse das informações uteis a Equipe de Atenção Básica.

Por fim, elaboramos, conforme abaixo, um Instrumento de Controle de Indicador de Saúde, atividade essa que  também nos fez refletir bastante quanto a assistência realizada. O Indicador escolhido para ser trabalhado foi “Percentual de encaminhamentos para serviço especializado” o qual encontra-se inserido em “Resolutividade da Equipe de Atenção Básica”.

Instrumento de Controle de Indicador de Saúde

Indicador: Percentual de encaminhamentos para serviço especializado.

Atendimento Médico

 

Maio

Jun.

Jul.

Ago.

Set.

Out.

Nov.

Dez.

Consultas Realizadas

 

 

 

 

 

 

 

 

Encaminhamentos Realizados

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Especialidades Médicas (encaminhamentos)

 

Maio

Jun.

Jul.

Ago.

Set.

Out.

Nov.

Dez.

Ginecologia

 

 

 

 

 

 

 

 

Urologia

 

 

 

 

 

 

 

 

Oftalmologia

 

 

 

 

 

 

 

 

Cardiologia

 

 

 

 

 

 

 

 

Pneumologia

 

 

 

 

 

 

 

 

Oncologia

 

 

 

 

 

 

 

 

Cirurgia Geral

 

 

 

 

 

 

 

 

Dermatologia

 

 

 

 

 

 

 

 

Otorrinolaringologia

 

 

 

 

 

 

 

 

Proctologia

 

 

 

 

 

 

 

 

Gastroenterologia

 

 

 

 

 

 

 

 

Hematologia

 

 

 

 

 

 

 

 

Outros

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Justificativas para encaminhamentos

 

Maio

Jun.

Jul.

Ago.

Set.

Out.

Nov.

Dez.

Elucidação Diagnóstica

 

 

 

 

 

 

 

 

Refratariedade a tratamento instituído

 

 

 

 

 

 

 

 

Retorno com especialista (avaliação de exames e tratamento)

 

 

 

 

 

 

 

 

Tratamento especializado

(p.ex. necessidade de tratamento cirúrgico)

 

 

 

 

 

 

 

 

Realização de exame especializado

 

 

 

 

 

 

 

 

À pedido do paciente

 

 

 

 

 

 

 

 

Outras

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sabemos que a Referência é um dos fatores que mais tem quebrado com princípio da longitudinalidade tão almejado na Atenção Básica.  A referência nos moldes de sua criação com certeza só viria a fortalecer a atenção básica, beneficiando o usuário. No entanto, atualmente a realidade é bem diferente do idealizado. A dificuldade na marcação de consultas é tremenda, pacientes em situação de urgência precisa aguardar meses para ter acesso a um especialista. Não bastasse isso, o serviço de contra referência é falho por demais. O paciente que consegue consulta volta pra Atenção Básica sem um registro legal do que foi estabelecido (diagnóstico, tratamento, orientações, como acompanhar) prejudicando a continuidade da assistência à saúde do usuário.

Pensando nessas fragilidades, desenvolvemos instrumento na intenção de ao final do monitoramento, avaliar a real necessidade dos encaminhamentos realizados.

O presente instrumento buscou relacionar as consultas realizadas aos encaminhamentos solicitados, buscando demonstrar o grau de resolutividade das consultas na Atenção Básica sem necessidade de encaminhamento. Além disso, elencamos alguns motivos de encaminhamento, que servirão para uma posterior reflexão sobre a real necessidade de tal encaminhamento, visto que alguns casos necessitam obrigatoriamente de encaminhamento (por exemplo, pacientes com exames de imagem sugestivos de patologias oncológicas) e outros casos por vezes são encaminhados por mera insistência por parte do paciente. Com isso pretendemos não só avaliar se nossa atividades estão sendo eficazes, mas poderemos enxergar o que fazer pra melhorar nosso atendimento a fim de reduzir constantemente a quantidade de paciente encaminhados a atendimento especializado, principalmente sem necessidade.

Por fim, essas atividades serviram pra mostrar como o processo de avaliação e monitoramento são ferramentas fundamentais na manutenção de uma assistência de qualidade. É preciso muita vigilância para que não tornemos nossas atividades em mero automatismo. As ferramentas disponíveis são de extrema qualidade, basta fazermos uso.

 

 

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