23 de julho de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

Aluno: Wendy Gutierrez Cruz

Facilitador: Tulio Felipe Viera de Melo

tulo: “ Planejamento reprodutivo, intervenção na equipe de saúde 3, município Afonso Bezerra”

Introdução

A atenção à saúde da mulher vem sendo construída no Brasil a partir de sucessivas políticas públicas de saúde. Até a meados dos anos 70, a saúde da mulher era considerada numa dimensão pro-criativa, priorizando os cuidados no ciclo gestação-puerpério, enfatizando a visão da mulher como mãe. 1,2.  A saúde reprodutiva não era priorizada na agenda nacional, isso permitiu que os métodos contraceptivos orais, principalmente, espalharem-se pelo pais sem diretrizes oficias a traves da propaganda do setor farmacêutico e agências internacionais.3

                Desta forma não houve ações de saúde encaminhadas as mudanças de comportamentos sexuais e reprodutivos na população, o planejamento reprodutivo estava enfatizado só na contracepção propriamente dita, pelo que ainda persistem muitos desafios na assistência á contracepção e o planejamento reprodutivo.4Com o processo de redemocratização brasileira, ocorreram várias discussões envolvendo profissionais de saúde, sanitaristas, sindicalistas, pesquisadores e feministas que lutavam por uma reforma da saúde brasileira, sustentada nos princípios da universalidade, equidade e integralidade. 1,2

            Os profissionais de saúde devem informar aos usuários para que conheçam todas as alternativas de contracepção e possam participar ativamente da escolha do método. Estes profissionais devem desenvolver necessariamente 3 tipos de atividades: educativa, aconselhamento e atividades clínicas.

            As atividades educativas tem como objetivo oferecer conhecimentos para a população alvo, neste caso a que se encontra em idade fértil, para que possam participar de forma ativa na escolha da contracepção adequada. O aconselhamento pressupõe a identificação das necessidades, dúvidas e medos da pessoa ou casal, avaliação do risco individual ou do casal segundo as experiências vividas. As atividades clínicas são encaminhadas para a promoção, proteção e/ou recuperação da saúde. O que inclui anamnese, exame físico enfatizando no sistema ginecológico, assim como a análise da escolha e prescrição do método anticoncepcional.

            Com o objetivo de organizar, melhorar e garantir um atendimento de qualidade aos usuários que procuram a unidade de saúde para a consulta de planejamento reprodutivo apresentamos o seguinte projeto:

Informe

Para a realização deste projeto reunimos a equipe de saúde para explicar a atividade que íamos ter no mês, utilizamos uma lista de questões para refletir sobre o tema em análise:

  1. Promovemos ações educativas, para homens e mulheres, sobre a decisão de ter filhos ou não? A maioria da equipe concordou que sim, realizamos atividades educativas de promoção sobre a decisão de ter filhos, porém estes não são suficientes, muito poucas no trimestre considerando a importância do tema em questão, além de não incluir a participação de homens.
  2. Ofertamos métodos contraceptivos básicos à população? Abordamos adequadamente a necessidade de utilizá-los? Os métodos contraceptivos básicos as vezes estão em falta no estoque de medicamento, no último ano tivemos instabilidade com o abastecimento, várias mulheres em idade fértil ficaram sem o contraceptivo pois nossa população é uma área de baixos recursos, nesse período 5 adolescentes que faziam uso deste medicamento terminaram com uma gravidez não planejada.
  3. Discutimos conteúdos sobre diversidade sexual, relações de gêneros e prevenção de HIV/AIDS e outras DSTs? As discussões sobre diversidade sexual são quase inexistentes. São muitos mais frequentes as atividades educativas sobre a prevenção de HIV/AIDS e outras DTS, mais a falta de preocupação da população jovem pelas DST é preocupante, em sua maioria procuram a USF com dúvidas sobre a gestação mas sem questionar as DST.
  4. A equipe realiza notificação e encaminhamento adequados dos casos diagnosticados de HIV? Realizamos pesquisa ativa da população mais vulnerável uma vez ao mês, todos casos diagnosticados com HIV são notificados e encaminhados.
  5. Tratamos adequadamente as DSTs diagnosticadas?  Todas as DTS diagnosticadas são tratadas adequadamente segundo os protocolos vigentes.
  6. Discutimos saúde sexual em grupos (jovens, gestantes, idosos)?  Nossas atividades educativas incluem pessoas de todas as faixas etárias, porém os idosos quase nunca participam.

 

 

 

Identificação dos problemas

Atividades educativas sobre a decisão de ter filhos insuficientes e com pouca participação dos homens;

Instabilidade dos métodos contraceptivos básicos no estoque do SUS;

Discussões sobre diversidade sexual, relações de gêneros insuficientes;

Pouca participação de homens e idosos nas atividades educativas cobre saúde sexual;

Falta de preocupação da população jovem pelas DST;

Muitas grávidas nos primeiros anos da adolescência.

 

            Depois da identificação dos problemas realizamos a matriz de intervenção para a resolução dos mesmos (Anexo 1).

            Quando começamos a realização da matriz de intervenção observamos que nossa equipe não tinha a organização necessária para oferecer este serviço com a qualidade requerida nem a preparação suficiente para o acolhimento e o resto das atividades a realizar, pelo que antes de por em prática o projeto foi necessário uma preparação no tema em questão.  Ao finalizar o processo pude ver um crescimento profissional importante na equipe, a utilização de matérias de aulas que remetem muito a vivencia na unidade básica de saúde, facilitou muito nosso trabalho. De forma clara, objetiva e com conteúdos novos, conseguimos atualizar a informação com protocolos, artigos e vídeos.

 

Referencias

1. Costa AM, Aquino EL. Saúde da mulher na reforma sanitária brasileira. In: Costa AM, Merchán-Hamann E, Tajer D, organizadores. Saúde, eqüidade e gênero: um desafio para as políticas públicas. Brasília: Editora da Universidade de Brasília; 2000. p. 181-202.

 2. Costa AM. Desenvolvimento e implementação do PAISM no Brasil. In: Giffin K, Costa SH, organizadoras. Questões da saúde repr/odutiva. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 1999. p. 319-35

3. Pedro JM. A experiência com contraceptivos no Brasil: uma questão de geração. Revista Brasileira de História 2003; 23:239-60.

 

 

Anexo 1. Matriz de intervenção

Descrição do padrão: A equipe 3 do município de Afonso Bezerra não tem organização respeito ao atendimento do planejamento reprodutivo

Descrição da situação problema para o alcance do padrão:

Existe falta de organização na equipe de saúde respeito ao planejamento reprodutivo pelo que as consultas e as atividades educativas são insuficientes, temos um alto índice de gestação indesejada, gravidez nos primeiros anos da adolescência.

Objetivo/meta

Intervir no planejamento familiar da área da ebregancia da equipe de saúde 3 do município Afonso Bezerra

Estratégias para alcançar os objetivos/ metas

Responsáveis

Prazo

1 – Reunião com a equipe para a discussão sobre planejamento familiar (responsável (R) a equipe toda) (prazo: primeira semana do junho)

2 – Revisão da bibliografia sobre o tema (R: médica) (prazo: primeira semana de junho)

3- Capacitação da equipe sobre o planejamento familiar (R: Médica) (prazo: segunda semana de junho)

4- Atualização da agenda do uso dos métodos contraceptivos pelas usuárias (R: enfermeira, ACS e técnicos de enfermagem) (prazo: primeira e segunda semana de junho)

5- Criação de grupos por faixas etárias para a realização das atividades educativas (R: médica, enfermeira, ACS, técnico de enfermagem) (prazo: terceira semana de junho)

6- Realização de atividades educativas sobre planejamento reprodutivo. (R: médica e enfermeira) (prazo: terceiro e quarto trimestre do ano)

Atividades a serem desenvolvidas (detalhamento da execução)

  1. Discussão pela equipe na reunião mensal sobre o tema planejamento reprodutivo. Avaliação do trabalho até o momento e o que falta por fazer. Reflexão sobre os problemas da equipe respeito ao atendimento do planejamento reprodutivo
  2. Organizar a agenda da equipe para fazer as atividades de capacitação. Palestra sobre o planejamento reprodutivo (acolhimento, população alvo, métodos contraceptivos, mas usados no SUS, DST mas frequentes)
  3. Revisão dos prontuários para atualizar a agenda com as assuarias que usar métodos contraceptivos
  4. Criar grupos de adolescentes, adulto jovem, população risco de DST para a realização de atividades educativas.
  5. Realização de atividades educativas (palestras, aulas) sobre saúde sexual, diversidade de género, planejamento reprodutivo.

Recursos necessários para o desenvolvimento das atividades

– Material didático, salão para reuniões e atividades educativas, prontuários de pacientes para revisão, equipamento multimídia, pasta para arquivar matérias do grupo, livro ata para reuniões e participantes do grupo, boletim de atendimento coletivo, folhas e canetas para a criação de cartazes,

Resultados esperados

– Estimular o aumento da percepção do risco dos jovens pelas DST.

– Atualização do registo das usuárias com métodos contraceptivos

– Fomentar uniformidade das informações fornecidas aos usuários

– Maior adesão das atividades sobre planejamento reprodutivo promovidas pela equipe.

– Organizar a agenda da equipe para a programação do atendimento ao planejamento reprodutivo

Mecanismos e indicadores para avaliar o alcance dos resultados

Mecanismos

– Prontuários dos usuários.

– Registro e usuários com uso de métodos contraceptivos.

– Livro ata de reuniões de grupo e equipe

Indicadores 

– Diminuição das DST na população risco

– Aumento da demanda das consultas por DST

– Aumento da procura de camisinha

– Diminuição de gravidez não planejada

– Diminuição do índice de gestação na adolescência

 

 

 

 

 

 

 

 

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