TÍTULO: ACOLHIMENTO À DEMANDA ESPONTÂNEA E PROGRAMADA NA UBS CENTRO UM, NOVA CRUZ.
ESPECIALIZANDO: ISABEL ZAYAS FERRER
ORIENTADOR: MARIA BETANIA MORAIS DE PAIVA
A atenção básica lida com situações e problemas de saúde de grande variabilidade desde as mais simples até as mais complexas, que exigem diferentes tipos de esforços de suas equipes. Nesse sentido, a capacidade de acolhida e escuta das equipes aos pedidos, demandas, necessidades e manifestações dos usuários no domicílio, nos espaços comunitários e nas unidades de saúde é um elemento-chave.(1)
O acolhimento é uma prática presente em todas as relações de cuidado, nos encontros reais entre trabalhadores de saúde e usuários, nos atos de receber e escutar as pessoas, podendo acontecer de formas variadas. (1)
O acolhimento é um conceito frequentemente utilizado para expressar as relações que se estabelecem entre usuário e profissionais na atenção à saúde. No entanto, não se trata de uma simples relação de prestação de serviço. Mais do que isso, o acolhimento implica uma relação cidadã e humanizada, de escuta qualificada.
Com base nesse conceito, o desenvolvimento do acolhimento como tecnologia essencial para a reorganização dos serviços caracteriza-se como elemento-chave para promover a ampliação efetiva do acesso à Atenção Básica (AB) e aos demais níveis do sistema. O acolhimento relaciona-se, portanto, com o vínculo entre o usuário e o serviço de saúde, com a resolubilidade do atendimento e com a adequação do serviço às necessidades dos usuários. (2)
A organização dos serviços adequadamente ao ambiente e à cultura dos usuários, respeitando sua privacidade, favorece a qualificação da assistência prestada e pode intervir positivamente no estado de saúde do indivíduo e da coletividade.(2)
A Política Nacional de Humanização (PNH) do Sistema Único de Saúde (SUS) estabelece o acolhimento como um dos processos constitutivos das práticas de produção e promoção da saúde.(2)
Uma vertente para análise das ações de acolhimento na Atenção Básica pode ser realizada com base na tríade acolhimento-diálogo, acolhimento-postura e acolhimento-reorganização dos serviços, compreendidas como possíveis dimensões do acolhimento. (2)
O acolhimento aponta para o desafio cotidiano da alteridade e pode contribuir tanto para melhoria das práticas do cuidado, quanto para a legitimação do sistema público de saúde. (2)
É importante destacar que, a despeito de a atenção básica não ser capaz de oferecer atenção integral, isoladamente, em todas as situações, ela pode dar conta de grande parte dos problemas e necessidades de saúde das pessoas e grupos populacionais, Além de ser uma das principais portas de entrada do sistema de saúde, a atenção básica tem que se constituir numa “porta aberta” capaz de dar respostas “positivas” aos usuários. (1)
A atenção básica, para ser resolutiva, deve ter tanto capacidade ampliada de escuta e análise, quanto um repertório, um escopo ampliado de ofertas para lidar com a complexidade de sofrimentos, adoecimentos, demandas e necessidades de saúde às quais as equipes estão constantemente expostas.(3)
Pode-se afirmar que o acolhimento é uma ação que deve existir em todas as relações de cuidado, no vínculo entre trabalhadores de saúde e usuários, na prática de receber e escutar as pessoas e deve ser estabelecido como uma ferramenta que: possibilite a humanização do cuidado; amplie o acesso da população aos serviços de saúde; assegure a resolução dos problemas; coordene os serviços; e vincule a efetivação de relações entre profissionais e usuários. (4)
Existem dois tipos de acolhimento: acolhimento à demanda espontânea e acolhimento à programada. Eu trabalho numa Unidade Básica de Saúde (UBS) porte I de zona urbana no município Nova Cruz onde temos uma alta demanda de pacientes. Nós temos implantada uma estratégia de acolhimento, mas precisamos aperfeiçoá-la com o fim de dar uma melhor atenção à população e provocar mudanças no modo de organização da equipe, nas relações entre os trabalhadores e nos modos de cuidar. É por isso que o presente estudo propõe como objetivoo estudo do perfil da demanda espontânea e programada da minha área.
Organizar-se a partir do acolhimento dos usuários exige que a equipe reflita sobre o conjunto de ofertas que ela tem apresentado para lidar com as necessidades de saúde da população, pois são todas as ofertas que devem estar à disposição para serem agenciadas, quando necessário, na realização da escuta qualificada da demanda. É importante, por exemplo, que as equipes discutam e definam, mesmo que provisoriamente, o modo como os diferentes profissionais participarão do acolhimento. (1)
Quem vai receber o usuário que chega; como avaliar o risco e a vulnerabilidade desse usuário; o que fazer de imediato; quando encaminhar/agendar uma consulta médica; como organizar a agenda dos profissionais; que outras ofertas de cuidado, além da consulta podem ser necessárias etc. Como se pode ver, é fundamental ampliar a capacidade clínica da equipe de saúde, para escutar de forma ampliada, reconhecer riscos e vulnerabilidades e realizar/acionar intervenções. (1)
Na reunião feita pela equipe acordamos como reorganizar o trabalho de cada membro para garantir um adequado acolhimento, responder as perguntas e dúvidas da população; dar soluções que possam ser feitas ou coordenadas pela equipe em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Foi feita uma capacitação para a equipe conhecer quais são as doenças ou situações que precisam uma pronta atenção e quais podem esperar, garantindo a marcação das segundas. Também foram revisados com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) os requisitos e o acompanhamento adequado que precisam ser realizados nas visitas domiciliares.
Ao terminar a micro intervenção, a equipe aprendeu como fazer um melhor acolhimento, mais humano e personalizado. O acolhimento deve ser feito de forma individual, pois as pessoas não apresentam as mesmas características e situações.
Nós encontramos algumas dificuldades tais como, a presença de duas áreas descobertas sem ACS, o que dificulta o acompanhamento das pessoas dessa microárea. Além disso, nossa UBS não conta com prontuário eletrônico; todos os prontuários são manuais, diminuindo o tempo de atendimento de cada paciente.
Também temos potencialidades na nossa UBS. Contamos com a ajuda do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e o apoio da Secretária Municipal Saúde (SMS). Ademais, embora ainda não tenhamos prontuário eletrônico, a digitação dos dados é feita diariamente.
Depois de feita a microintervenção, observamos como melhorou o acolhimento feito na UBS. O resultado obtido foi uma boa resposta da população e um aumento na satisfação das pessoas de nossa área. Embora nós alcançamos uma resposta positiva, devemos continuar melhorando cada dia o serviço fornecido pela Atenção Primária de Saúde (APS).
Referências
Ponto(s)