17 de julho de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TÍTULO: ACOLHIMENTO NA ATENÇÂO BÁSICA: UM NOVO DESAFIO

ESPECIALIZANDA: KENIA DEL CARMEN CESPEDES SANCHEZ

ORIENTADOR: MARIA BETÂNIA MORAIS DE PAIVA

COLABORADORENFERMEIRA: ANTONIA ROMILLA FILGUEIRA

 

O acolhimento surgiu no Brasil vinculado à Política Nacional de Humanização (PNH). Naquele momento, a gestão federal do Sistema Único de Saúde (SUS) reconheceu que a atenção primária não estava absorvendo toda a demanda em saúde gerada dentro dos núcleos populacionais. As emergências de hospitais e pronto-atendimentos se encontravam lotadas diuturnamente e, com exceção de algumas instituições pioneiras, o atendimento ao usuário era procedido por ordem de chegada (BRASIL, 2004). O acolhimento foi inserido primeiramente no contexto hospitalar como uma tecnologia leve no cuidado ao paciente, com possibilidade de humanização, sensibilização e de prezar pelos usuários que se encontram no serviço tendo um impacto importante nos processos de trabalho (ROSSI, 2005).

Acolhimento é um arranjo tecnológico que busca garantir acesso aos usuários com o objetivo de escutar todos os pacientes, resolver os problemas mais simples e/ou referenciá-los se necessário. A acolhida consiste na abertura dos serviços para a demanda e a responsabilização por todos os problemas de saúde de uma região. Prevê plasticidade, que é a capacidade de um serviço adaptar técnicas e combinar atividades de modo a melhor respondê-los, adequando-os a recursos escassos e aspectos sociais, culturais e econômicos, presentes na vida diária. Ao sentir-se acolhida, a população procura, além dos seus limites geográficos, serviços receptivos e resolutivos. O acolhimento na saúde deve construir uma nova ética, da diversidade e da tolerância aos diferentes, da inclusão social com escuta clínica solidária, comprometendo-se com a construção da cidadania. O acolhimento deve resultar das relações no processo de atendimento, o que ocorre após ultrapassada a etapa do acesso. Nesse encontro entre profissionais e usuário, dá-se uma negociação visando a identificação de suas necessidades, uma busca de produção de vínculo, com o objetivo de lhe estimular a autonomia quanto à sua saúde. (SCHIMITH,2004)

O objetivo da microintervenção é fazer a reorganização do processo de trabalho e o acolhimento na unidade básica, para implantar práticas e processos de acolhimento visando a melhorar a acessibilidade do usuário e a escuta dos profissionais, é importante que todos os profissionais da UBS tenham conhecimento de como fazer um bom acolhimento

Minha UBS Dr. Pedro Diógenes Junior situada no Município Pau Dos Ferros do Estado Rio Grande Do Norte, é formada por uma equipe de saúde, que atende a uma área muito grande, além de fazer atendimentos a pacientes fora de área, por falta de médico no município, tendo em conta o número de pacientes, o acolhimento não estava sendo feito. Foi realizada uma reunião com a equipe para implantar o acolhimento.

Primeiro falamos de como está sendo o atendimento no serviço, qual o caminho do usuário percorre desde que chega ao serviço de saúde, quem o recebe, como o recebe, quem o orienta, quem o atende, para onde ele vai depois do atendimento, enfim todas as etapas que percorre é como é atendido em cada uma dessas etapas, depois de fazer análises observamos as coisas que podem ser mudadas para que o usuário seja mais bem acolhido.

Se traçaram ações para a implementação: A recepção, que é o primeiro contato do paciente. A recepcionista deve ter toda a informação para orientar ao usuário, se existe atividade agendada, se encaminha para os agendados, se precisa de atendimento especifico de rotina, se encaminha para o setor requerido, (coleta de exame, farmácia, sala de vacina, sala de procedimento) e se o usuário vem por demanda espontânea, é encaminhado para o espaço que foi criado para a escuta, onde se faz definição e ofertas de cuidado com base na necessidade de saúde.

Essa primeira escuta é realizada pela enfermeira, que faz classificação de risco de acordo ao problema classificando-o como atendimento imediato, prioritário ou no dia. Na UBS contamos com prontuário eletrônico o qual é de muita ajuda, pois contribui para a organização do processo de trabalho da equipe. Realizar consultas de demandas livres e por agendamentos a pacientes do grupo de Hiperdia, crianças, gestantes e visitas domiciliares semanalmente. A enfermeira faz a triagem e o médico fica aguardando.

 Para evitar que os usuários fiquem esperando em frente a unidade, para o atendimento da tarde, se orientou a repartir as fichas. No horário da manhã, se entrega um total de 12 fichas em cada sessão. Dessa forma a população ficam melhor atendida evitando as brigas e queixas.

Existiram algumas dificuldades na implantação do acolhimento, uma delas é o desconhecimento dos profissionais sobre as atribuições nesse processo de reorganização do trabalho. A implantação de um local para fazer a escuta inicial, que não existia na unidade e a adaptação da população as novas mudanças, já que nos primeiros dias haviam muitas queixas.

Depois da implantação do acolhimento podemos observar que os pacientes ficaram com um alto de grau satisfação, porque desde que chegam ao posto o atendimento é satisfatório.

Com uma boa orientação na recepção, diminuiu as filas de pacientes para pegar fichas na madrugada, também as queixas e brigas entre eles, as crianças e gestantes tem um dia certo para suas consultas, assim como as visitas domiciliares, com a classificação de risco para aqueles pacientes que precisem ser atendidos de imediato, não tem que aguardar na fila. De forma geral, a população fica feliz, pois é responsabilidade da equipe pelo cuidado continuado de pessoas em seus territórios de vida.

Esperamos seguir dando continuidade, realizando reuniões mensalmente com a equipe para trabalhar no aperfeiçoamento do acolhimento. 

 

BIBLIOGRAFIA

CRUZ, Likmayer da; BORDIN, Ronaldo. Satisfação do usuário diante do acolhimento nas Unidades Básicas de Saúde: uma revisão, 2004-2014. Gestão em saúde no Rio Grande do Sul: casos, análises e práticas (v. 2). p. 49-80, 2017.

SCHIMITH, Maria Denise; LIMA, Maria Alice Dias da Silva. Acolhimento e vínculo em uma equipe do Programa Saúde da Família. Cadernos de Saúde Pública, v. 20, p. 1487-1494, 2004.

Ministério da Saúde. A Construção da Política Nacional de Informação e Informática em Saúde. Brasília, 2003. Disponível em: . Acesso em: 20 fev. 2017.

Ministério da Saúde. Perguntas frequentes da estratégia e-SUS AB. BRASILIA, DF, 2015. Disponível em: . Acesso em: 20 fev. 2017.

Ministério da Saúde. Caderno de atenção domiciliar. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. (2 volumes).

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA – CFM. Código de Ética Médica, C CANTALE, C. R. História Clinica Orientada a Problemas. [S.l.]: University of Southern California, 2003.

 

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