16 de julho de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

 

TÍTULO: PROPOSTA DE INTERVENÇAO PARA UMA ADEQUADA ALIMENTAÇAO ORIENTADA PARA IDOSOS.

ESPECIALIZANDO: DRA. ISNAYEISI BERNAL RODRIGUEZ

ORIENTADOR: MARIA BETANIA MORAIS DE PAIVA.

Estudos de maior abrangência no campo da saúde coletiva enfatizam preocupações com a qualidade de vida dos idosos brasileiros e mostram resultados semelhantes a pesquisas internacionais onde está presente a valorização de hábitos de alimentação saudável, bem-estar, condição financeira estável, entre outros.1,2

No Brasil, peculiaridades devem ser consideradas, uma vez que o país é historicamente marcado por fortes desigualdades sociais por diferentes fatores da sociedade como: a educação, alimentação, saúde, segurança ainda longe de serem atendidos por problemas profundos e complexos com a vasta população idosa, ainda não satisfatoriamente encaminhada.3,4

Este tema é de muita importância, pois permite contextualizar a realidade por meio da identificação das dificuldades na equipe de atenção básica e assim, estimular mudanças para a superação de problemas.

São diversas as dificuldades encontradas que favorecem a aparição do problema como o alto índice de pacientes com doenças crônicas (Hipertensão Arterial, Diabetes Mellitus, Hipercolesterolemia, Obesidade, Dislipidemias) e também, outros fatores de risco colaboram para o desenvolvimento da mesma, como, por exemplo: o baixo nível cultural, a realização de poucas atividades educativas sobre uma alimentação saudável e alimentação inadequada.

Foi indispensável a utilização do instrumento de auto avaliação que auxilia no planejamento de ações da equipe, os problemas devem ser trabalhados, assim como as ações de intervenção que devem ser implementadas.  

A auto avaliação é um processo continuo e tem caráter pedagógico, reflexivo e problematizador nas equipes e na gestão, além de que é um ponto de partida de melhorias da qualidade dos serviços, sendo um processo necessário e continuo nas ações de monitoramento e acompanhamento pelos gestores, professionais e equipes.5

A análise se baseou nos princípios e diretrizes da atenção básica no Brasil com um total de quatro dimensões distribuídas em 14 subdimensiones que apresentam padrões correspondentes em termos de qualidade para a atenção básica e para a equipe.

O conjunto de padrões foi definido pela relação direta com as práticas e competências dos atores envolvidos, coordenação e equipe de atenção básica, embora os dois componentes centrais estejam organizados de maneira equivalente, deve-se considerar que a componente gestão é corresponsável por parte das condições e oportunidades que permitem a componente equipe acontecer.

O principal objetivo desta microintervenção foi elaborar uma proposta de intervenção para contribuir a diminuir os fatores de risco na população em questão, além de gerar um estilo de vida saudável com uma melhor qualidade de vida. Tanto os integrantes da equipe como eu, aprenderam que de forma organizada e com supervisão sistemática podemos identificar os principais problemas que afetam a população e contribuir para uma solução.

Nossa equipe tem objetivos bem definidos na proposição das mudanças neste sentido, além de que o trabalho depende de toda equipe desde a recepcionista na sua função de informar e satisfazer as dúvidas dos pacientes da unidade, o agente de saúde, profissionais da enfermagem, médica, os componentes do Núcleo de Apoio ao Saúde da Família (NASF), representantes da secretaria de saúde, enfim toda uma equipe trabalhando em função de uma saúde com qualidade.

Minha equipe realizou a auto avaliação no ano passado levando em consideração um conjunto de padrões e qualidades que revelam quais são os padrões com mais problemas que devem ser enfrentados pela equipe com o objetivo de qualificar o processo de trabalho e a atenção oferecida aos usuários. Em nossa equipe usamos o AMAQ por meio físico do caderno impresso.

Iniciamos o processo realizando um encontro com a equipe no qual analisamos e avaliamos as dimensões e subdimensões permitindo identificar o maior problema ou desafio mais crítico e assim, orientar nossas prioridades para a melhoria dos mesmos.   

A unidade básica de saúde se localiza no sitio Lagoa Limpa no município Nova Cruz, Rio Grande do Norte prestando assistência na área rural a mais de 2200 pessoas. Temos uma população com recursos escassos onde a maioria dos usuários são trabalhadores da agricultura.

Minha unidade básica de saúde corresponde ao Porte I com algumas dificuldades identificadas que extrapolam a governabilidade dos membros da equipe. Após fazer o reconhecimento da área de abrangência e suas particularidades a equipe percebeu vários problemas que afetam a população, entre os destacamos como prioritários, a alta incidência de pessoas sedentárias em virtude da ausência da prática de exercício físico, alta prevalência de pacientes hipertensos, mas o problema principal se encontrou na inadequada alimentação da população, sobretudo nas pessoas idosas.

Realizamos então a reunião com a equipe de saúde, e assim, demos início a micro intervenção abordando a questão citada acima relativo a alimentação inadequada dos idosos da área de abrangência que contribuem para a incidência e incremento de doenças crônicas já mencionadas. Os agravos foram detectados através de avaliações dos exames laboratoriais nas consultas agendadas e provenientes da demanda espontânea, e também, pelo cálculo do índice de massa corporal (IMC): peso em kg entre altura em metros) nos pacientes com idade maior de 65 anos e a repercussão desses fatores na saúde da pessoa.

Com a realização desta microintervenção em nossa unidade, constatou-se uma quantidade importante de pessoas idosas com alimentação inadequada. Também foi observado a ausência do acompanhamento e uma correta avaliação clínica das doenças   por outras especialidades da medicina (cardiologista, geriatra, endocrinologista, clínico geral e nutricionista).

Apresentamos dificuldades ao confeccionar esta matriz porque não contamos com 100% de toda a população afetada, pois ainda se está trabalhando na pesquisa por faixa etária, atendimentos e fatores de risco, mas os dados levantados até o momento já revelam que o valor é considerável com mais de um 40% da população idosa. Embora a equipe tenha conhecimento das fragilidades, também sabemos das potencialidades que existem e com elas vamos potencializar nosso processo de trabalho. Nesse sentido, a ação dos agentes comunitários de saúde é fundamental, realizando uma correta triagem na unidade e colaborando ainda mais com atividades educativas, orientadoras de promoção e prevenção de saúde além de todo o trabalho da equipe.

A matriz de intervenção foi proposta e levada a todos os integrantes da unidade após da exposição do problema. As estratégias para alcançar os objetivos foram mostrar através da exposição de cada alimento em questão a participação deles na saúde utilizando como recurso o próprio alimento e explicando as propriedades nutritivas e importância de seu consumo na saúde geral. Os resultados esperados consistem em melhorar o quadro de saúde referentes à alimentação dos idosos da comunidade. Os responsáveis são a equipe de saúde e o especialista em nutrição com prazo estabelecido de um mês para avaliar o indicador e o alcance dos resultados. Espera-se com isso, promover a diminuição de índices dos resultados de exames alterados devido a inserção de práticas alimentares aprendidas na unidade.

Outra estratégia para alcançar as metas foi formular uma apresentação na unidade focando nos alimentos saudáveis e nos prejudiciais à saúde, as atividades desenvolvidas foi montar na unidade uma estrutura para a realização, o recurso que se usaram foram mesas e alimentos para a demonstração. O resultado esperado foi a conscientização do público quanto as práticas de uma alimentação saudável sendo os responsáveis a equipe e o especialista em nutrição, com prazo correspondente para 4 meses e o mecanismo e indicador para medir o alcance são os usuários colocando em prática os ensinamentos aprendidos na unidade básica de saúde.

Outra atividade foi reunir a comunidade com dias específicos e realizar debates sobre problemas identificados na alimentação, usando um local adequado para a execução do plano e como resultado, pretende-se traçar estratégias para superar os problemas identificados, sendo responsável pela a ação a equipe de saúde em um prazo de 6 meses. Como mecanismo para medir e avaliar o indicador foi o planejamento frequente com os agentes comunitários de saúde e líderes comunitários.

Temos outra estratégia desenhada que se baseou em procurar repetir essa exposição para grupos variados como as crianças, gestantes com a escolha dos alimentos essenciais para uma alimentação saudável. Para a elaboração da ação espera-se a participação do público alvo, sendo tanto a equipe como o nutricionista os responsáveis, estabelecendo um prazo de 6 meses para realizar um relatório da experiência como mecanismo de avaliação do alcance da ação.

E, finalmente, contamos com outra estratégia que tem como principal objetivo realizar avaliações médicas no processo saúde –doença para orientar e informar as consequências de uma  alimentação  inadequada na saúde da comunidade, através de  palestras, panfletos ilustrativos, exame físico e laboratoriais buscando a conscientização e redução da morbidade nos pacientes mais afetados, sendo a equipe a  responsável com prazo de 4 meses e realizando relatórios na etapa final com os resultados alcançados.

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS:

1-Neri AL, organizador Qualidade de vida na velhice: enfoque multidisciplinar. Campinas: Alina, 2007,300 p.

2-Diogo MID, Neri AL, Cachioni M, organizadores. Saúde e qualidade de vida velhice. 1.ed. Campinas: Alínea,2003. V.1.236 p.

3-Camarano AA, organizador. Muito além dos 60: os novos idosos brasileiros. Rio de Janeiro, IPEA,1995.

4-Veras RP, Caldas PC. Promovendo a saúde e a cidadania do idoso: o movimento das universidades da terceira idade. Cien Saúde Colet. 2004:9(2):423-32.

5-Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.Autoavaliacao para melhoria do acesso e da qualidade da atenção básica: AMAQ (recurso eletrônico). Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Básica à Saúde, Departamento de Atenção Basica.Brasilia: Ministério da Saude,2017.164 p 1. Disponível em:<http:bvsms.saude.gov.br. bvs.publicacoes.autoavaliacao_acesso_qualidade_atencao_basica_eletronica_1ed.pdf>_

 

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