15 de julho de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

 

TÍTULO: SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE CAMPO REDONDO/RN

 Especializando: Álvaro Rodrigues de Freitas

Orientadora: Maria Helena Pires Araujo Barbosa

 

            A assistência em planejamento reprodutivo é parte integrante do conjunto de ações da equipe de saúde da Unidade Básica de Saúde (UBS) Centro, município de Campo Redondo/Rio Grande do Norte, e são direcionadas à mulher, homem, casal e família. E essas ações estão em consonância com as diretrizes de promoção da igualdade racial, étnica, de gênero e orientação sexual visando a superação de iniquidade e exclusão.

            As ações em planejamento reprodutivo da UBS englobam atividades clínicas, aconselhamento e atividades educativas com o objetivo de garantir aos seus usuários informações, assistência e acesso aos recursos disponíveis para a saúde sexual e reprodutiva. Com relação à infecção pelo vírus HIV, os casos diagnosticados são notificados e tratados.

            No referente à saúde reprodutiva, o objetivo do acompanhamento pré-natal é garantir o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna. O Ministério da Saúde recomenda o número mínimo de seis consultas para uma gestação a termo, com o início do pré-natal no primeiro trimestre e a realização de alguns procedimentos, tais como: exames clínicos, obstétricos e laboratoriais (BRASIL, 2013).

            A Unidade Básica de Saúde deve ser a porta de entrada preferencial da gestante no Sistema Único de Saúde (SUS). A equipe de saúde desses serviços deve estar preparada para acolher essas mulheres de forma integral, desde a recepção da usuária com escuta qualificada e a partir do favorecimento do vínculo e da avaliação de vulnerabilidades de acordo com o seu contexto social, entre outros cuidados (BRASIL, 2013).

            Para garantir um atendimento de qualidade a todas as gestantes, desde a confirmação da gravidez até os dois primeiros anos de vida da criança, foi instituído o Programa Rede Cegonha. Este programa tem como objetivo assegurar à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e ao desenvolvimento saudáveis (BRASIL, 2011).

            Além do que foi citado acima, acrescenta-se aos objetivos do acompanhamento pré-natal atividades educativas e preventivas. O Programa Nacional de Humanização no Pré-Natal e Nascimento preconiza algumas intervenções qualitativas para melhor adequação pré-natal. Esse programa tem como objetivos o desenvolvimento de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde de gestantes e recém-nascidos, promovendo a ampliação do acesso a estas ações, o incremento da qualidade e da capacidade instalada da assistência obstétrica e neonatal, bem como sua organização e regulação no âmbito do SUS (BRASIL, 2000).

            Para uma assistência pré-natal efetiva deve-se garantir, entre outros aspectos, a realização de práticas educativas, abordando as seguintes temáticas: incentivo ao aleitamento materno, ao parto normal e aos hábitos saudáveis de vida; identificação de sinais de alarme na gravidez e o reconhecimento do trabalho de parto; cuidados com o recém-nascido; importância do acompanhamento pré-natal, da consulta de puerpério e do planejamento reprodutivo; os direitos da gestante e do pai e; os riscos do tabagismo, do uso de álcool e de outras drogas, e o uso de medicações na gestação (BRASIL, 2013).

            Reconhecendo a importância da educação em saúde para a qualidade da atenção pré-natal, a UBS Centro implantou e implementou um grupo de gestantes com a finalidade de promover um intercâmbio de conhecimentos e experiências entre os profissionais de saúde e usuárias. Os objetivos desse grupo são acolher as mulheres durante o período gestacional, esclarecer as questões fisiológicas e emocionais relacionadas à gestação, fornecer conhecimento sobre a gestação, o parto e pós-parto e, permitir a expressão de sentimentos relacionadas à maternidade.

            Houve um trabalho intenso por parte da equipe da unidade para mostrar às mulheres a importância da participação no grupo de gestantes. O dia e horário dos encontros foram escolhidos de acordo com o funcionamento da UBS, mas levando-se em consideração as necessidades das usuárias, ficando estabelecido uma reunião mensal. As reuniões acontecem em forma de “roda de conversa” para favorecer a escuta qualificada e a troca de conhecimento entre os participantes do grupo. 

            O planejamento das atividades realizadas durante os encontros foi discutido entre a equipe e alguns temas foram selecionados para serem abordados, dentre eles: importância do acompanhamento pré-natal, desenvolvimento da gestação, modificações corporais e emocionais, orientação nutricional, atividade sexual e prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)/Aids, sintomas comuns da gestação, sinais de alerta e o que fazer, incentivo ao parto normal, importância do aleitamento materno para o recém-nascido e para mulher, preparo para o parto, sinais e sintomas do parto, cuidados após o parto com a mulher e recém-nascido, direitos da gestante, importância do retorno para a consulta de puerpério, entre outros. No entanto, as gestantes podem sugerir temas para serem discutidos durante esses encontros.

            Além das discussões sobre os temas referidos acima, as gestantes que estão no terceiro trimestre da gestação realizam uma visita na maternidade onde serão realizados os partos, atendendo a Lei Federal nº 11.634/2007 que dispõe sobre o direito da gestante ao conhecimento e a vinculação à maternidade onde receberá assistência no âmbito do SUS (BRASIL, 2007).

            Muito mais do que fornecer informações a cerca dos assuntos relacionados à gestação, o grupo de gestante é mais um espaço onde as usuárias tem a oportunidade de debater sobre seus medos e angústias referentes à gestação e, ainda, esclarecer suas dúvidas. As usuárias da UBS Centro participam de forma ativa nos encontros. Envolvem-se nas dinâmicas, compartilham experiências e mostram interesse nos assuntos abordados.

            Além do grupo de gestante, as mulheres grávidas recebem orientações a cerca do período gravídico-puerperal durante as consultas de acompanhamento pré-natal. As ações desenvolvidas nas consultas são: confirmar a gravidez, determinar a idade gestacional e a data provável do parto, cadastrar a gestante no Sisprenatal, fornecer a Caderneta da Gestante, avaliar os aspectos fisiológicos, sociais, culturais e psicológicos referentes à gestação, solicitar exames complementares, estimular hábitos saudáveis de vida, detectar fatores de risco e intercorrências, avaliar o desenvolvimento e crescimento fetal, adotar medidas preventivas do tétano, detectar tabagismo e dependência química, detectar processos sépticos dentais e encaminhar para avaliação, detectar problemas ginecológicos mais comuns/doenças sexualmente transmissíveis e tratá-las, prevenir e identificar sinais de infecção, avaliar a situação, posição e apresentação fetal, desenvolver práticas sobre o ciclo gravídico-puerperal e cuidados, preencher Caderneta e prontuário, definir calendário de consultas e referenciar a gestante em situação de risco, e encaminhar para a maternidade quando entrar em trabalho de parto.

            Sabe-se que o acompanhamento pré-natal é essencial para garantir uma gestação saudável, assegurando bem-estar materno e neonatal, e a equipe de saúde da UBS Centro realiza levantamento periódico das gestantes de sua área, inclusive das que realizam o acompanhamento na rede privada, e também a busca ativa dessas usuárias. Ademais, a maternidade é um momento único da vida mulher, repleto de dúvidas, medos e insegurança. Tendo isso em vista, os profissionais de saúde da referida unidade utilizam todas as ferramentas disponíveis para ofertar uma assistência pré-natal mais qualificada e resolutiva.

 

REFERÊNCIAS

 BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica: Atenção ao pré-natal de baixo risco. 1. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 318p.

BRASIL. Diário Oficial da União. Portaria nº 1.459, de 24 de junho de 2011. Brasília, 2011.

BRASIL. Diário Oficial da União. Portaria nº 569, de 1 de junho de 2000. Brasília, 2000.      

BRASIL. Diário Oficial da União. Lei Federal nº 11.634, de 27 de dezembro de 2007. Brasília, 2007.

 

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