12 de novembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

Atenção à saúde da criança

 

             A rede Cegonha instituída em 24 de Junho de 2011 através da portaria nº 1459, foi organizada a partir de quatro componentes, sendo um deles o Puerpério e a Atenção Integral à Saúde da Criança. Seus objetivos perpassam pela organização da rede de Atenção à Saúde Materna e infantil, de forma que estas garantam acolhimento e resolutividade (BRASIL, 2011).

            As ações preconizadas pela Portaria nº1459 voltadas para a atenção à saúde da criança abrangem o aleitamento materno e a alimentação na infância, a visita domiciliar na primeira semana após o nascimento e a busca ativa de crianças vulneráveis (BRASIL 2011).

            O Ministério da Saúde considera a realização da primeira consulta do neonato na primeira semana de vida como de grande importância, pois possibilita auxiliar a família em possíveis dificuldades que estejam encontrando, realizar orientações quanto à amamentação, imunização, higiene e segurança, e avaliar os testes de triagem. Além disso, recomenda o uso da visita domiciliar como instrumento, o que facilita o vínculo com a família e permite avaliar a mãe e o recém nascido em seu ambiente familiar (BRASIL, 2012).

            A partir do estudo do módulo de atenção à saúde infantil, pudemos analisar o as ações da equipe nesse âmbito e identificar as lacunas existentes no processo de trabalho, garantindo melhorias contínuas na atenção a esse grupo.

            Muito ainda deve ser feito para ofertar um seguimento eficiente à população infantil, que vai desde ações de educação da população até organização do trabalho da equipe para garantir maior controle dos riscos e abrangência no atendimento.

            A tentativa de garantir um bom acompanhamento de puericultura, na nossa equipe, inicia ainda no pré-natal, onde no último mês, durante as consultas com a enfermeira e médica, são realizadas orientações sobre a importância do aleitamento materno exclusivo, as potenciais dificuldades nos primeiros dias após o nascimento, a não introdução de alimentos antes dos 6 meses sem antes consultar a enfermeira ou a médica, a importância do acompanhamento nas consultas de puericultura e a frequência dessas consultas no primeiro ano.

            Após o nascimento, pactuamos em realizar as consultas da primeira semana através da realização de visita domiciliar, pois facilita o acesso da equipe ao recém-nascido e à puérpera, que muitas vezes têm dificuldade de acesso à unidade e, por isso, acaba não realizando essa primeira consulta em tempo hábil e permite avaliar a realidade em que a família está inserida.

            Nesse primeiro contato, além da realização do exame físico da mãe e do recém-nascido (RN), é dada ênfase nas dúvidas da família sobre os cuidados com o RN e nas orientações sobre higiene, sintomas comuns, sinais de gravidade, precauções de segurança, dentre outras. Além disso, é feito o agendamento para a próxima consulta do primeiro mês.  Essa conduta foi implantada há pouco tempo e ainda precisa de ajustes, pois por ser uma equipe com grande área de abrangência e número de agentes de saúde (nove micro-áreas), a organização das visitas por vezes é dificultada.

            As consultas subsequentes são realizadas em padrões semelhantes, porém em sua maioria, acontecem na Unidade Básica de Saúde, em regime de agendamento em um dia específico para atendimento infantil. As consultas são agendadas sempre durante a consulta em curso para garantir melhor acompanhamento. São realizadas a cada mês até o 6º mês e a partir de então a cada dois meses até o 12º mês de vida.

            O crescimento é avaliado em toda consulta a partir da aferição dos dados antropométricos e registro na carteira da criança e no prontuário. Também são pesquisados e registrados os marcos de desenvolvimento de cada idade.

            Dentre as principais queixas que são trazidas pelas mães em consultas, a inapetência ganha destaque e, na maioria das vezes, após investigação percebe-se que se trata mais de uma seletividade alimentar da criança do que a falta de apetite em si. Por esse motivo, o tema alimentação na infância é bastante reforçado em todas as consultas infantis, principalmente a partir do sexto mês, quando iniciamos a transição alimentar, a qual requer muito compromisso dos pais e conhecimento do médico a respeito da realidade da sua comunidade. A partir do 3º mês iniciamos sempre a profilaxia para anemia, quadro frequentemente diagnosticado nas crianças acima de dois anos da nossa área.

            Entretanto, apesar das ações acima citadas, a equipe ainda possui muitas dificuldades no cuidado integral à criança, principalmente quando esse cuidado requer realizações de busca ativa. Por exemplo, o cadastramento das crianças não se encontra atualizado e o rastreio de pacientes em situações de risco (vacinação ou consultas atrasadas) não é realizado, em parte por falta de maior comunicação dos agentes de saúde.

            Com o objetivo de corrigir essa lacuna, realizamos uma reunião para pactuar algumas mudanças necessárias. Inicialmente, foi proposta a realização de um recadastramento, em busca de atualizarmos os dados da população adscrita e de redistribuirmos as microáreas em virtude da saída de um dos agentes de saúde, o que deixou parte da área descoberta.

            A equipe concordou em utilizar o momento do recadastramento para realizar atualização dos dados sobre estado vacinal das crianças, sendo estes anotados em fichas espelho, distribuídas pela secretaria de saúde, para posterior acompanhamento. Além disso, objetiva-se também a identificação de crianças vulneráveis. A partir do levantamento desses dados, será elaborado plano de ação para vacinação, seja por meio das visitas domiciliares, ações de saúde coletiva ou apenas orientações de comparecimento à unidade de saúde, a depender de cada caso e para o acompanhamento das crianças de maior risco.

            Será realizada capacitação com os agentes comunitários e técnicas de enfermagem sobre imunização na infância, explanando sobre o calendário vacinal atual, tipos de vacinação, prazo para realização de cada uma e possíveis efeitos colaterais, para que estes estejam aptos a tirar dúvidas e realizar orientação correta da comunidade.

            Dado este passo, conseguiremos ter melhor compreensão dos problemas de saúde infantil da área e elaborar planos de acordo com as demandas levantadas durante o processo. Além disso, conseguiremos um melhor acompanhamento longitudinal, maior cobertura vacinal e assim, maior integralidade na atenção à saúde da criança.

 

REFERÊNCIAS:

1. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde da Criança: Crescimento e Desenvolvimento. Cadernos de Atenção Básica, n. 33. Brasília: 2012.

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