9 de novembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

Micro intervenção IV

Título: Atenção à Saúde Mental em na Atenção Primaria de Saúde.

Tema :Análise dos serviços de saúde mental em nosso território.

 

A Atenção Básica tem como um de seus princípios possibilitar o primeiro acesso das pessoas ao sistema de Saúde, inclusive daquelas que demandam um cuidado em saúde mental.

Entendemos que a saúde mental não está dissociada da saúde geral. E por isso faz-se necessário reconhecer que as demandas de saúde mental estão presentes em diversas queixas relatadas pelos pacientes que chegam aos serviços de Saúde, em especial da Atenção Básica. Cabe aos profissionais o desafio de perceber e intervir sobre estas questões (BRASIL, 2013).

Com a seguinte micro intervenção realizada em conjunto com minha equipe de saúde, pretendemos demostrar como é o acompanhamento e cuidado de todas as pessoas que tem doenças mentais e aquelas com o uso de medicamentos psicotrópicos.

Na primeira etapa de nosso micro intervenção, o presente estudo buscou conhecer como vem se configurando as práticas em saúde mental na atenção básica, através da equipe de Estratégia Saúde da Família (ESF), a fim de que novas reflexões sejam despertadas acerca da temática.

A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas e individuais, com dez profissionais da equipe de ESF. A partir da análise dos dados foram identificadas as seguintes práticas: atendimento diferencial, os grupos e visitas domiciliares, a responsabilização da família e a medicalização.

Logo, analisamos como os serviços de saúde mental em nosso território estão organizados, como funciona a clínica ampliada e apoio matricial, como ocorre à referência e contra referência.

O município de São Domingos conta com um centro de atenção psicossocial (CAPS) modalidade I, por se tratar da modalidade I, no mesmo é prestado atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas.

A referência, geralmente, é feita por algum profissional da equipe de saúde da família do preenchimento de um formulário de encaminhamento, onde é descrita a necessidade e o motivo pelo qual está encaminhando o usuário para o determinado acompanhamento.

Após o encaminhamento do usuário ao CAPS o mesmo é acolhido e assistido por uma equipe multiprofissional. Essa equipe desenvolve um plano terapêutico para cada usuário, conforme as necessidades e potencialidades de cada um, uma vez que, no CAPS são desenvolvidas diversas atividades com finalidade terapêutica, como por exemplo, atendimento individual e coletivo, atividades expressivas, atividades corporais, oficinas de geração de renda dentre outras, que tem como base a finalidade terapêutica, buscando sempre a evolução clínica, a interação e reinserção social desses usuários.

A contra referência é um fator primordial para a qualidade da assistência prestada, tanto por parte da equipe de saúde da família quanto por parte da equipe do CAPS, visto que, um usuário que frequenta o CAPS não deixa de ser um usuário que pode deve ser assistido também pela equipe de atenção básica. E a contra referência, serve para fortalecer o cuidado, a assistência prestada, onde é possível trocar informações e fortalecer vínculos.

Uma das vantagens de se trabalhar em municípios pequenos é a proximidade com todos os serviços disponíveis na rede, é conhecer todos os profissionais e assim poder ter um contato bem mais fácil e rápido, sendo algumas vezes por telefone e a grande maioria das vezes sendo pessoalmente (profissional com profissional).

O apoio matricial nada mais é do que um suporte técnico para as equipes de referência desenvolver as suas ações básicas em saúde. Esse apoio se dá da seguinte forma, quando a equipe ou até mesmo um profissional de apoio matricial, sendo que este pode ser tanto integrante do CAPS ou Núcleo de apoio a saúde da família (NASF), se encontra com a equipe de referência, ou seja, equipe de saúde da família(ESF), a fim de auxiliar a ESF na formulação ou reformulação e execução de um projeto terapêutico singular para um usuário, grupo de usuários, que necessita de uma intervenção em saúde efetiva, com a qual a ESF teve dificuldade de lidar.

 Sendo assim, sempre que é necessário realizamos o matriciamento com o propósito de melhorar a qualidade do atendimento prestado.

Em um segundo momento de nosso micro intervenção, realizamos em equipe a construção de um instrumento para registro de todas as pessoas com doenças mental e usuários de outras drogas (quadro 01).

Quadro 01-  Planilha individual de acompanhamento paciente com doença saúde mental.Equipe Saúde: 3. Área: Mangabeira

 Neste modelo coletamos todos os dados necessários que nos permitirão uma melhor organização e gerenciamento desses pacientes.

 

Número de Prontuário

Cartão de SUS

Nome e sobrenome

Data

Nascimento

Idade

CID

Medicação que usa

 

Dosagem

 

Tempo que faze que toma remédio controlado

Usuário de álcool e outras drogas?

Tipo de acompanhamento

(ESF OU CAPS)

 

Data da última consulta com psiquiatra

           

 

 

 

 

Realizamos ainda a discussão e apresentamos o relato do seguinte caso clínico:

R.N.S., 24 anos de idade, sexo masculino, com histórico de alcoolismo. Foi internado diversas vezes devido a crises de alucinações. A última internação ocorreu no Hospital Cirurgia onde o mesmo foi referenciado para o Centro de apoio psicossocial (CAPS I), ele frequentou o CAPS por alguns meses no ano de 2016,porém no ano 2017 a instituição teve suas atividades suspensas, passando a ter suas atividades restabelecidas somente no mês de abril do corrente ano.

Sendo assim, a equipe de saúde da família (ESF) detectou que o senhor RNS necessitava ser acompanhado pelo CAPS mais uma vez.

Este paciente chegou ao CAPS referenciado pela ESF, para que o mesmo tivesse um atendimento especializado. O mesmo ao chegar referiu estar com insônia, com comportamento agressivo em alguns momentos ouve vozes de animais em especial de um gato, o qual ordenava que fizesse determinadas coisas, também apresentava fala desconexas e sinais de descuido em relação a cuidados e higiene pessoal.

O senhor RNS, continua sendo assistido pela equipe multiprofissional do CAPS para o controle e melhora de seus transtornos mentais, e tem sido contra referenciado para a unidade básica de saúde (UBS) para ser assistido pela ESF de sua área para tratar dos assuntos de saúde gerais, sendo essas duas equipes responsáveis por acompanhar toda sua evolução clínica.

Foi muito importante para minha equipe a realização desse micro intervenção, já que nos permitiu alcançar um melhor controle dos pacientes atendidos em consultas de saúde mental, e assim, um melhor apoio e acompanhamento. Além de aumentar o conhecimento sobre a organização e funcionamento do NASF e o CASP e sua importância.

 

 

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno de Atenção Básica: Saúde Mental. Brasília-DF, 2013.

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