A gravidez na adolescência é um sério problema de saúde pública no Brasil. Cerca de 20% dos partos são de mães adolescentes, sendo que a maioria delas não possuem condições financeiras nem emocionais para assumir a maternidade, considerando que a condição clínica e nutricional da gestante pode interferir nos resultados obstétricos, perinatais e clínicos dos recém-nascidos.
O objetivo de refletir sobre este tema através da microintervenção foi principalmente em observar o início da experiência de gravidez na vida emocional da adolescente, considerando a influência do seu contexto familiar e social. Essas novas mães estão diante de dificuldades emocionais, pois o impacto do diagnóstico se traduz em um momento de grandes mudanças físicas e cuidados que exigem atenção e conhecimento em saúde, onde muitas se sentem só e são leigas sobre os cuidados no pré-natal.
A maioria das adolescentes que engravidam acabam cedendo a evasão escolar para cuidar do filho, o que aumenta os riscos de desemprego e dependência econômica dos familiares. Diariamente atendemos em consulta na nossa UBS adolescentes entre 14 e 18 anos, buscando conhecimento sobre a melhor forma de conduzir uma gravidez precoce, são adolescentes que moram com a família e não recebem nenhum tipo de orientação sexual dos pais, pois os mesmos não se permitem falar sobe o assunto que para muitos ainda é um tabu. Algumas dessas adolescentes buscam a gravidez não desejada como forma de libertar-se de suas casas, onde muitas sofrem algum tipo de violência seja ela verbal ou sexual. Por isso, é importante a criação de um grupo de adolescentes, onde podemos modificar os conhecimentos acerca do planejamento reprodutivo. Orientamos sobre a utilização dos métodos contraceptivos ou anticoncepcionais que servem para evitar uma gravidez não programada e/ou prevenir doenças sexualmente transmissíveis (DST), como no caso dos preservativos, explicamos sobre a livre escolha do melhor método e informamos os que estão disponíveis na UBS.
Com a realização do presente trabalho nossa equipe aprendeu a importância da realização dos grupos de adolescentes na área da saúde para diminuir o número de gravidez não planejada. Aprendemos também que o maior número de gravidez não desejada ocorre por falta de orientação sexual, independência da família ou violência sexual.
O maior desafio foi orientar essas adolescentes, pois são difíceis de motivar, muitas faltavam as atividades programadas do grupo formado, gerando a necessidade de abrir novos horários para as ausentes. Outra dificuldade é não ter um local com a privacidade suficiente para realização das reuniões. Além de que, não contamos com o apoio de muitos pais porque não estavam de acordo com os temas das palestras. A cultura do povo onde rodeia nossas adolescentes influi muito sobre elas, outra questão difícil de resolver. Não gostei da falta de interesse de algumas adolescentes o que provocou indisciplina na turma e diminuiu a qualidade de alguns temas de suma importância.
Para obter melhores resultados, pode-se aumentar a disponibilidade dos métodos anticoncepcionais na nossa UBS. Aumentar os números de integrantes nos grupos de adolescentes, seguir trabalhando em equipe tentar modificar o estilo de vida das nossas jovens, capacitar aos ACS sobre planejamento reprodutivo e manter as palestras não especificamente em nossa UBS, como também em escolas e grupos sociais. Também seria positivo incorporar um psicólogo que nos ajude com as palestras e ao convencimento dos pais para que participem das reuniões. Apoiar-nos com o médico ginecologista para que disponibilize um horário de atendimento para os adolescentes encaminhadas a partir desses momentos.
A gravidez na adolescência vem aumentando muito nos últimos anos e cabe a nós, profissionais da saúde, junto com a sociedade, tentar alertar os jovens sobre os riscos vivenciados e apoiá-los, quando procuram métodos anticoncepcionais.
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