TÍTULO: A SAÚDE MENTAL EM NOSSA EQUIPE DE TRABALHO.
ESPECIALIZANDO: Islaydy López Hernández
ORIENTADOR: Maria Betânia Morais de Piva
COLABORADORES: Cayo Martins, Denice Vicente, Relva, Silvana, lucia
A atenção básica, através da Estratégia de Saúde da Família (ESF), configura um campo de práticas e de produção de novos modos de cuidado em saúde mental, na medida em que tem como proposta a produção de cuidados dentro dos princípios da integralidade, da interdisciplinaridade, da intersetoralidade e da territorialidade. A Atenção Primária em Saúde (APS) deve ser também, o primeiro contato na rede assistencial dentro do sistema de saúde, caracterizando-se, sobretudo, pela continuidade e integralidade da atenção, além da coordenação da assistência dentro do próprio sistema, da atenção centrada na família, da orientação e participação comunitária e da competência cultural dos profissionais (STARFIELD, 2004).
Atualmente, a articulação entre a Política de saúde mental e atenção básica é um desafio a ser enfrentado. Isso porque, depende da efetivação dessa articulação a melhoria da assistência prestada e a ampliação do acesso da população aos serviços, com garantia de continuidade de atenção. Na Reforma Psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil, destaca-se que as equipes de atenção básica, por sua proximidade com famílias e comunidades, se apresentam como um recurso estratégico para o enfrentamento de importantes problemas de saúde pública, como os agravos vinculados ao uso abusivo de álcool, drogas e diversas outras formas de sofrimento psíquico (BRASIL, 2005).
O campo de intervenção da Equipe de Saúde da Família (ESF) é sempre composto pelas pessoas, famílias e suas relações com a comunidade e com o meio ambiente. Nessas relações a questão de saúde mental também se apresenta, trazendo para a um novo contexto de atuação antes restrito a família, ao tratamento médico e a internação psiquiátrica. Existe a necessidade de refletir sobre as questões de saúde mental na dinâmica das equipes de saúde, o que pode ocorrer por meio da discussão de casos, da organização coletiva de atendimento humanizado a essa demanda e do trabalho em equipe. Para tanto, a capacitação contínua do profissional é necessária, pois é de suma importância para as práticas de saúde, especialmente quando se leva em conta que a chegada de usuários com sofrimento psíquico nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) é bastante frequente e a ESF é quem dá a atenção, fazendo o primeiro diagnóstico (BRASIL, 2003).
O profissional que atua na APS encontra-se em muitas situações de saúde mental, por exemplo, o abuso de comprimidos ansiolíticos. Pela quantidade de pessoas em consumo, nossa equipe fez a microintetvenção abordando em esse tema. O abuso de substâncias ansiolítica não afeta somente a uma pessoa, mais afeta também as famílias, pode criar conflitos pela dependência, pode trazer como consequência suicídio.
Minha equipe em parceria o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) e os componentes do Núcleo Ampliado em Saúde da Família (NASF) do município João Câmara constitui uma equipe multiprofissional que procurar estabelecer uma aproximação na questão da saúde mental, a fim realizar melhor trabalho e prestar um atendimento humanizado. Todos os profissionais e equipamentos envolvidos zelam pelo cuidado e manutenção do indivíduo em seu ambiente social em estruturas que favoreçam a desmistificação do sofrimento psíquico, promovam a inclusão social e o consequente, aumento do poder de contratualidade social do usuário e o melhor tratamento para o paciente doente.
Com relação à proposta da microintervenção de selecionar um caso de pessoa atendida na minha área de abrangência que necessite de uma atenção integral em saúde mental na perspectiva de elaborar uma linha de cuidado, identifiquei a situação que se segue:
M.C.F 55 anos, agricultor, casado, pai de dois filhos menores de idade, reside no povoado de Ladeira Grande, zona rural do município de Joao Câmara e área do PSF 12. O paciente é quem sustenta a casa, pois a sua esposa não trabalha. Ele chegou à consulta queixando-se de muita ansiedade porque foi demitido do trabalho há aproximadamente 1 mês e que não conseguia dormir. Então, a sua esposa deu a ele um comprimido de Clonazepam e só assim, conseguia dormir. Desse modo, solicitou que fizesse uma receita do remédio, pois estava convencido que só assim ficaria bom. Durante a avaliação o paciente se apresentava muito ansioso. Foi prescrito chá de camomila e remarcamos outra consulta para dentro de dois dias. Fiz uma reunião com a ESF informando do que estava acontecendo e que precisava da cooperação de todos para ofertar o melhor acompanhamento possível. Após a reunião ficou decidido que iriamos solicitar apoio ao NASF e ao CAPS. E assim foi feito, porém, não obtivemos o devido apoio, pois a grande demanda de psicologia e psiquiatria impediu que o paciente tivesse um rápido acesso a estes profissionais. Após um grande período de espera o paciente foi atendido pelos profissionais de saúde mental, do NASF e do CAPS, e assim, obteve melhora no seu quadro clínico.
Depois de feita a microintervenção a equipe ficou mais preparada na atenção o e acompanhamento de pacientes com doenças mentais. Foi um grande desafio para a equipe e identificamos a necessidade de melhorar o controle e atenção de pacientes com uso abusivo de ansiolíticos na comunidade local, em virtude da longa espera do apoio de profissionais da saúde mental. A experiência abriu espaço para a exploração de novas possibilidades, técnicas e intervenções nas famílias que tem um paciente com esse tipo de transtorno. O caminho para alcançar este objetivo só é possível em curto prazo e de maneira sustentável, por meio de uma atenção primária forte, que integrada a uma rede de saúde mental organizada e com recursos especializados, fortaleça o cuidado em saúde mental na perspectiva da integralidade.
No momento em que o significado atribuído ao ansiolítico for reconstruído, ou seja, quando ele não for mais visto como “a força” que elas precisam para suportar os seus sofrimentos cotidianos, é possível que os usuários possam mudar de posição em relação à percepção dos seus sofrimentos. Isso significaria uma tomada de consciência, no sentido de entender e procurar alternativas para os problemas que os fazem adoecer, tornando-se verdadeiros sujeitos de mudanças e de transformação.
REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental : 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília, novembro de 2005.
Ministério da Saúde. Saúde Mental e Atenção Básica: o vínculo e o diálogo necessário. Coordenação Geral de Saúde Mental e Coordenação de Gestão da Atenção Básica. Brasília, DF. Brasil, (2003). Acesso: de http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/.
STARFIELD, B. Atenção Primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: Unesco Brasil, Ministério da Saúde; 2004. 24
Ponto(s)