CAPÍTULO V: DANDO UMA FORÇA PARA O ZÉ GOTINHA
DANIELLE BARBOZA ARAÚJO
CLEYTON CÉZAR SOUTO SILVA
O Desenvolvimento Infantil é uma interação entre herança genética e influências do meio na qual a criança está exposta, sendo que os primeiros anos de vida, incluindo o período intra-uterino, são de extrema importância, pois é a fase de formação das conexões cerebrais que darão suporte para o aprendizado dos anos vindouros (SHONKOFF et al, 2012).
Em 2015, houve a aprovação da Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Criança (PNAISC) através da Portaria nº 1.130, na qual apresenta sete eixos estratégicos com o intuito de:
“orientar e qualificar as ações e serviços de saúde da criança no território nacional, considerando os determinantes sociais e condicionantes para garantir o direito à vida e à saúde, visando à efetivação de medidas que permitam o nascimento e o pleno desenvolvimento na infância, de forma saudável e harmoniosa, bem como a redução das vulnerabilidades e riscos para o adoecimento e outros agravos, a prevenção das doenças crônicas na vida adulta e da morte prematura de crianças” (Brasil, 2015).
Durante a reunião para responder o questionário norteador das ações desenvolvidas na saúde da criança, visualizamos alguns pontos que precisam melhorar, como aumentar as taxas de acompanhamento de Crescimento e Desenvolvimento das nossas crianças, pois muitas apresentam apenas consultas esporádicas, sem o acompanhamento ideal de puericultura, porém temos uma alta taxa de natalidade na área, fazendo que o componente humano para esse acompanhamento seja restrito; outro ponto é ausência de registro na cardeneta de consultas anteriores quanto ao crescimento infantil.
Devido ao grande público infantil que temos em nosso território e a puericultura incompleta, alguns quadros como baixo peso e cartão vacinal atrasado não são identificados, limitando a realização da busca ativa dessa clientela. Porém nas consultas de pediatria por mim realizadas foi identificado o aumento da frenquencia de caderneta vacinal atrasada por falta das vacinas quando a mãe procurava o serviço, sabendo a importância da vacinação e com a campanha de vacinação contra sarampo e poliomelite, minha equipe e eu fizemos uma ação com o objetivo de atualizar os cartões das crianças do nosso território.
O Programa Nacional de Imunizações está inserido nesse cuidado holístico a criança, porém correntes anti-vacinas disseminam informações questionando a importância e a segurança destas, além de alguns desabastecimentos de vacinas poderem fragilizar a adesão de pais e responsáveis. Na minha cidade (Macapá/AP), esse fenômeno também está presente. No início do ano faltaram vacinas de pneumocócica, meningocócica fazendo com que muitas crianças tivessem seus calendários vacianais atrasados.
Com antecedência fizemos outra reunião com os ACS para repassar a importância da vacinação e reforçar a data do Dia D da vacinação que estaríamos fazendo esta ação na Unidade, além de solicitar uma relação das crianças que não pudessem se locomover ao posto para a vacinação em domicílio. Não nos foi apresentado nenhuma criança com impossibilidade de vim ao posto.
Os ACS foram orientados para que durante as visitas revisassem os cartões das crianças e reforçassem a necessidade de vacinação. No Dia D, nossa equipe estava auxiliando na Unidade e fazendo a atualização dos cartões.
Tivemos uma boa participação, mas um pouco aquém das expectativas, alguns pontos levantados para esse efeito era a vacinação prévia em dias anteriores devido a proximidade da nossa área e a UBS ou a procura por unidade com menores filas de espera. Como nosso Estado não apresenta surto de Sarampo, alguns pais acreditam que “não correm perigo se não vacinarem seus filhos aqui”.
Durante as consultas de Crescimento e Desenvolvimento também observei que as crianças com atraso vacinal são principalmente oriundas do Interior do Estado e que vem esporadicamente procurar atendimento médico e depois retornam, sendo este grupo de difícil acompanhamento.
Um ponto discutido foi a possibilidade de no próximo ano realizar a vacinação em domicílio das famílias com maior vulnerabilidae social com o objetivo de aumentar as taxas de cobertura vacinal e será discutido no ano que vem para pensar na sua viabilidade operacional.
A equipe gostou da experiência que discutimos mais sobre a vacinação e sua importância, muitos ACS relataram que terão mais cuidado para avaliar as cardernetas das crianças. Apontamos algumas falhas no nosso seguimento e que vamos trabalhar para saná-las ao máximo possível.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria no 1.130, de 05 de agosto de 2015. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2015/prt1130_05_08_2015.html. Acesso 15/09/2018
Shonkoff, J.P et al. The Lifelong Effects of Early Childhood Adversity and Toxic Stress. Pediatrics. 2012;129(1):232-46.
Ponto(s)