24 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

Aperfeiçoamento da equipe para implantar o acolhimento.

 

A reorganização do processo de trabalho das equipes da Estratégia de Saúde da Família constitui um importante instrumento de humanização da atenção à saúde na medida em que possibilita ampliação do acesso dos usuários aos serviços de saúde.

O acolhimento é um processo tecnoassistencial que infere a modificação da conexão que existe entre o profissional e o usuário e sua rede social através de princípios de solidariedade, técnicos, éticos, e humanitários, considerando ao usuário como o participante ativo no processo de geração de saúde.

No cenário atual de desvio do fluxo para atendimentos de urgência e emergência, nota-se uma piora nos índices de saúde e maior gasto público devido à complicação de comorbidades crônicas ou doenças agudas, que ocupam leitos de atendimento terciário.  Além disso, geram menor vínculo do paciente com a equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF), fazendo-o buscar Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) sempre que necessário.

O acesso avançado é um método de agendamento que permite maior absorção da demanda espontânea e tem como objetivo “fazer o trabalho de hoje, hoje” (São Paulo 2017). Já implantado em minha Unidade Básica de Saúde (UBS), está mostrando um alto índice de sucesso, com aumento do número de atendimentos.

A implementação do sistema de acesso avançado através de nossa microintervenção permitiu o atendimento em demanda espontânea absorvendo a parcela da população não adequada ao atendimento programado além de reduzir os atendimentos desnecessários na emergência e o número de internações.

A implementação do sistema de acesso avançado foi realizada por meio de reuniões com a equipe para orientação; incluindo uma fase de transição para adequação da população. Como resultado da implementação diminuiu o tempo de espera por uma consulta médica, o número de faltas às consultas médicas e aumentou o número de atendimentos médicos da população.

Dentro das principais dificuldades em nossa Unidade Básica da Saúde foram encontradas a formação de filas, antes da abertura da unidade tanto no período da manhã como o período da tarde, de usuários que não conseguiam consulta através do agendamento. Além da inexperiência de alguns profissionais para avaliar e classificar cada paciente de acordo com o risco e assim estabelecer uma adequada ordem de prioridade para receber o serviço médico.

Outras dificuldades encontradas foi a falta de materiais e instrumentos de trabalho para a realização de um adequado acolhimento.

A população também não tem muita percepção do risco em quanto as doenças crônicas não transmissíveis e não tem uma adequada adesão ao tratamento médico imposto pelo que chegam muitos à consulta descompensados de suas patologias, principalmente os hipertensos.

Existe problema também com a identificação da população mais vulnerável pelos agentes comunitários de saúde (ACS), o que dificulta o diagnóstico oportuno e acompanhamento em consulta médica.    

A equipe de saúde se reuniu para discutir as possíveis soluções e a seguir apontamos algumas das sugestões para melhoria na nossa UBS:

  • Escuta qualificada, o estabelecimento da interação humanizada, cidadã e solidária com usuários, familiares e comunidade, bem como o reconhecimento do desempenho em problemas de saúde.
  • Pesquisa e análise dos modos de organização do serviço e dos principais problemas por parte dos próprios profissionais de saúde.
  • Através de palestras, terapias comunitárias, grupos de convivência desenvolver atividades para fornecer conhecimentos à população sobre as principais doenças que afetam nossa comunidade com o objetivo de incrementar a percepção de riscos.
  • Organizar o acolhimento do paciente para assim estabelecer uma adequada ordem de prioridade de acordo à classificação do risco e evitar as filas de espera. Esta ação deverá ser realizada por o enfermeiro.
  • A análise e a produção de estratégias conjuntas para enfrentamento dos problemas administrativos na UBS.
  • Ampliar a participação de diferentes setores da unidade;
  • Aumentar o trabalho dos ACS na comunidade, principalmente, sobre os grupos de risco para assim estabelecer o diagnóstico médico precoce e tratamento rápido e oportuno dos pacientes. 
  • Identificar profissionais sensibilizados para a proposta

O adequado acolhimento por meio das ações de atenção e gestão nas unidades de saúde beneficia o relacionamento e aumenta a confiança dos pacientes com a equipe e os serviços,permite a promoção da cultura de solidaridade e legitimação do serviço público de saúde. Fortalecendo também os laços e aliança entre os trabalhadores, os pacientes e gestores em defesa do Sistema Unico de Saúde como elemento fundamental para a comunidade brasileira.

REFERÊNCIAS:

FERNANDES, S. V. O Acolhimento no Processo de trabalho das Equipes de Saúde da Família. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Federal de Minas Gerais. UFMG–MG, 2013.

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica. Acolhimento à Demanda Espontânea. Cadernos de Atenção Básica, n. 28, Volume I.1ª edição 1ª reimpressão. Brasília – DF, 2013.

 

NEVES, B.A. Implementação do Acesso Avançado na Unidade de Estratégia Saúde da Família VI- Morumbi. Jardinópolis-SP. São Paulo, 2017.

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