23 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TITULO: REPRODUÇÃO FEMININA NA ZONA RURAL 

ESPECIALIZANDO: Indira González Boan

ORIENTADOR: Maria Betânia Morais de Paiva

Nossa Unidade Básica de Saúde (UBS)conta com uma sala de espera onde os usuários aguardam para serem atendidos. Há salas de consulta de enfermagem e de aferição dos sinais vitais, odontologia, farmácia e consultas médicas. Minha equipe de trabalho é composta por um enfermeira, uma técnica de enfermagem, um dentista com sua auxiliar, 5 Agentes Comunitários de Saúde (ACS)que garantem a cobertura para 100% dos usuários de nossa área, uma administradora, um agente de serviço e amédica cubana. Contamos também com o apoio do Núcleo Ampliados em Saúde da Família (NASF), integrado por psicóloga, nutricionista, assistente social e fisioterapeuta.

 

Ainda é importante destacar o trabalho do Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) que é integrado por enfermeiro, psiquiatra, psicólogo e assistente social, para o qual são encaminhados todos os usuários que precisam do atendimento especializado desses profissionais. Com minha chegada nesta UBS o trabalho foi organizado da melhor maneira para obter um bom atendimento a população. Foram colocados em prática projetos e objetivos principais da Atenção Primária à Saúde (APS) promovendo prevenções, tratamento e reabilitações. Esta UBS presta assistência para várias comunidades e assentamentos, denominados: Santa Terezinha, Amarelão e Serrote de São Bento.

 

Nossa área de atuação é considerada de difícil acesso para população em razão da distância. O total de pessoas atendidas em nossa UBS é de 2008 pessoas, distribuídas em 849 famílias. Atualmente, temos um total de 349 mulheres em idade fértil, 140 adolescentes, 209 adultas, 22 grávidas, dessas 3 são adolescentes, e 1 puérpera.

 

Tomando o Programa de Melhora de Acesso e Qualidade (PMAQ) como ponto de partida e principal estratégia que tem como objetivo geral a melhoria da qualidade da Atenção Básica, nossa equipe se reúne mensalmente com a finalidade de avaliar os resultados do trabalho realizado no período, identificando potencialidades e fragilidades na atenção básica e planejando ações visando à melhoria dos serviços prestados à comunidade. Nesta reunião analisamos o que diz respeito à saúde reprodutiva, planejamento familiar e risco reprodutivo. Chamou nossa atenção a alta incidência de gravidez em mulheres multíparas e com Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), a equipe não realiza adequadamente ações de planejamento familiar e há pouco conhecimento nos membros da equipe para acompanhar mulheres com risco reprodutivo.

 

Conhecendo as deficiências foi necessário desenvolver ações com o objetivo de ajudar os casais e indivíduos a satisfazer os seus objetivos reprodutivos, evitar a gravidez não desejada, diminuir os casos de gravidez de alto rico, morbidade e mortalidade.Inicialmente a equipe foi treinada através de videoconferências sobre o tema de risco reprodutivo e planejamento familiar, depois cada ACS realizou o registro das mulheres identificadas com risco reprodutivo na área abrangente seguindo os seguintes critérios: pacientes em idade reprodutiva com DCNT, espaço de nova gravidez menor de dois anos, histórico de óbito fetal ou neonatal,adolescentes desnutridas, obesas, portadoras do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).

 

Os métodos contraceptivos mais conhecidos e usados pelas pacientes são as pílulas orais e contraceptivas injetáveis além dos preservativos masculinos e femininos que são menos usados. A falta de métodos contraceptivos básicos na unidade de saúde, muitas vezes é causa da falha no controle reprodutivo. Como partes da microintervençao também se desenvolveram palestras e rodas de conversas dirigidas aos adolescentes nas escolas e população assistidas na UBS.

 

A Atenção Básica deve ser a porta de entrada prioritária da mulher no Sistema Único de Saúde (SUS) além de coordenar o cuidado das redes de atenção.Possibilitar ações de promoção,prevenção,diagnóstico precoce,tratamento,reabilitação e coordenação do usuário na rede são responsabilidade das equipes que atuam nesse nível de atenção.

 

Planejamento Familiar é um conjunto de ações que auxiliam homens e mulheres a planejar a chegada dos filhos, e também a prevenir gravidez indesejada. Todas as pessoas possuem o direito de decidir se terão ou não filhos e o Estado tem o dever de oferecer acesso a recursos informativos, educacionais, técnicos e científicos que assegurem a prática do planejamento familiar (BRASIL, 2013).

 

 De acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de 120 milhões de mulheres em todo o mundo desejam evitar a gravidez. Por isso, a Lei do Planejamento Familiar foi desenvolvida pelo governo brasileiro, com o intuito de orientar e conscientizar a respeito da gravidez e da instituição familiar. Nossa unidade possui medidas que auxiliam no planejamento, como a distribuição gratuita de métodos anticoncepcionais, distribuição de camisinhas, além de expandir as ações educativas sobre a saúde sexual e a saúde reprodutiva tanto pra homens como pra mulheres (BRASIL, 2013).

 

As ISTs afetam homens e mulheres de todas as idades, etnias e classes sociais. Adolescentes e adultos jovens são os mais acometidos, pois eles têm relações sexuais mais frequentemente, com parceiros variados e ainda não estão cientes da importância de preveni-las com o uso da camisinha. Nossa unidade tem a característica de ter uma população com pouca capacidade intelectual e nossa equipe realizaintervenção com toda a população independentemente de idade e sexo sobre diversidade sexual, relação de gênero e prevenção de todas ITS. Nessas intervenções falamos sobre temas diversos entre os quais destacamos:retardo do início da vida sexual que quanto mais jovem a pessoa tem sua primeira relação sexual, terá mais chances de contrair ISTs. O risco se eleva com o tempo, à medida que a quantidade de parceiros sexuais aumenta. Retardar o início da vida sexual ativa pode ajudar a evitar IST.

 

Usar preservativo sempre que tiver relação sexual é uma das medidas mais importantes de prevenção para IST. O preservativo não oferece proteção completa, porém diminui a chance de contraí-las. Outros métodos anticoncepcionais como diafragma, pílula anticoncepcional, Dispositivo Intra Uterino (DIU) e implantes hormonais não protegem contra IST. Nossa equipe realiza exames a toda pessoa com vida sexual ativa, especialmente se tiver mais de um parceiro sexual, para o diagnóstico precoce de ISTs. Quanto mais cedo ela for detectada, mais fácil será o tratamento. É feita notificação, tratamento adequado e encaminhamento pra serviços especializado a todo caso diagnosticado de HIV e outras ITSs.

 

Pré-natal e Puerpério constitui outro problema a tratar na atenção básica de saúde e em nossa unidade é considerada uma das atividades mais importantes de tantas outras realizadas pela equipe. Realizamos atividades educativas para disseminar informações, pois um bom acompanhamento da gestante e a puérpera resultam na melhoria direta de um dosindicadores de saúde que o país tanto luta para melhorar: mortalidade materna e infantil.

 

Os ACS fazem levantamento periódico das gestantes de sua área inclusive adolescentes,as consulta da gestante são realizadas pela médica e enfermeira com preenchimento adequado da caderneta de gestante, são solicitados os exames complementares, tratamos as ISTs quando são diagnosticadas e orientamos e planejamos próximas consultas. O pós-parto trata-se de um momento delicado que envolve o cuidado do bebê e as mudanças físicas e emocionais tanto no cotidiano quanto nas relações sociais.

 

Nós realizamos a visita da puérpera na primeira semana da sua chegada a nossa comunidade pra avaliar seu estado de saúde, orientar e apoiar a família para a amamentação, orientar os cuidados com o Recém Nascido (RN), identificar situações de risco ou intercorrências e conduzi-las, orientar o planejamento familiar e planejar a próxima consulta.

 

A execução da microintervençao permitiu que a equipe fornecesse informações para uma grande parte da população sobre os métodos disponíveis para o planejamento familiar. Foram organizadas as agendas visando oferecer o acompanhamento adequado as pacientes com risco reprodutivo. Além disso, permitir melhorar a capacitação da equipe toda com relação ao acompanhamento as pacientes com risco reprodutivo e planejamento familiar. No posto o equipe faz diferentes atividades educativas com gestantes, mulheres em idade fértil, planejamento reprodutivo para homens e mulheres. Foram realizados visitas nas escolas e debates educativos com os estudantes. Tivemos acompanhamento com as grávidas e os casal e tivemos capacitação sobre o puerpério e suas complicações.

 

REFERÊNCIAS:

 

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Politica Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher: princípios e diretrizes. Brasília, DF, 2004. Ministério da Saúde: Cadernos de Atenção Básica, Saúde Sexual e Reprodutiva. Serie A. Normas e Manuais Técnicos.Cadernos de Atenção Básica, n 26. Brasília, DF 2010.

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