23 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TULO III: Acolhimento e Ação Solidaria à Gestante fora de área e desassistidas

ESPECIALIZANDO: Wlysses Jhonatas Abreu Tavares

ORIENTADOR: Túlio Felipe Vieira de Melo

 

Com a descoberta da gravidez a gestante vive um turbilhão de sentimentos como alegria, medo, insegurança, ansiedade, angustia portanto a atenção obstétrica e neonatal deve ter como características essenciais a qualidade e a humanização. É dever dos serviços e profissionais de saúde acolher com dignidade a mulher e o recém-nascido, enfocando-os como sujeitos de direitos. Considerar o outro como sujeito e não como objeto passivo da nossa atenção é a base que sustenta o processo de humanização (BRASIL, 2005).

O principal objetivo da atenção pré-natal e puerperal é acolher a mulher desde o início da gravidez, assegurando, no fim da gestação, o nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem-estar materno e neonatal. Uma atenção pré-natal e puerperal qualificada e humanizada se dá por meio da incorporação de condutas acolhedoras e sem intervenções desnecessárias; do fácil acesso a serviços de saúde de qualidade, com ações que integrem todos os níveis da atenção: promoção, prevenção e assistência à saúde da gestante e do recém-nascido, desde o atendimento ambulatorial básico ao atendimento hospitalar para alto risco (BRASIL, 2005).

Muitas vezes o atendimento pré-natal passa a ser o primeiro contato da cliente com o sistema de saúde. Geralmente ele se inicia quando a mulher procura o serviço de saúde com medos, dúvidas, angústias, fantasias ou simplesmente curiosidade de saber se está grávida. Nesta oportunidade o enfermeiro solicita o exame laboratorial de dosagem do hormônio gonadotrófco coriônico (beta HCG). Com o resultado positivo, inicia-se a assistência pré-natal” (GUERREIRO et al.2012).

Ressalta-se, ainda, que o Ministério da Saúde vem atuando em diversas frentes para assegurar que as políticas de saúde estejam em consonância com as diretrizes de promoção da igualdade racial, étnica, de gênero, de geração e de orientação sexual. Na perspectiva de enfrentamento a toda forma de discriminação, muitas ações afirmativas vêm se desenvolvendo no sentido de buscar concretizar o princípio da equidade no SUS (BRASIL, 2013).     

A assistência pré-natal é um serviço considerado do tipo “porta-aberta” do Sistema Único de Saúde(SUS). Com à falta de investimentos na área da saúde, muitas Unidade Básica de Saúde(UBS) encontram-se sem funcionamento em Natal no Estado do Rio Grande do Norte, aumentando a demanda de atendimentos nas unidades em funcionamento. A maioria dessas gestantes desassistidas encontram-se em situação de vulnerabilidade e se deslocar-se para a UBS torna-se um agravante por questões socioeconômicas.

Na UBS Parque dos Coqueiros, estamos com uma demanda de 39 gestantes e  dessas 26 são gestantes fora de área. Ao longo das consultas observamos a maior dificuldade, da gestante fora de área, ter um número de consultas adequadas do pré-natal na UBS, por questões sociais e econômicas de mobilidade. Observando uma nova demanda de gestantes desassistidas na UBS Jardim Progresso, que encontra-se sem equipes pra atender a população no momento.

Foi então realizado reuniões com todas as equipes da unidade e evidenciamos a necessidades de idéias inovadoras para que possamos atender essas gravidas de maneira eficiente. À partir disso, implementamos a ideia de uma intervenção através de uma Ação Solidaria, a fim de atender essas gestantes, um sábado por mês, em conjunto com outros médicos e as enfermeiras da unidade, para fazermos os atendimentos destas gestantes na Unidade de saúde do seu bairro, Jardim Progresso. Ansiamos com isso, uma melhor adesão dessas gestantes ao pré-natal e assim prestarmos uma assistência pré-natal de qualidade, reduzir o número de gestantes que abandonam o pré-natal e não sobrecarregar os atendimentos da UBS Parque dos Coqueiros. 

No momento, foram realizados três dias de atendimentos de pré-natal à essa população carente de assistência à saúde. Com a execução desta ação, observamos uma dificuldade de disponibilidade de veículo pela prefeitura, para conduzir com segurança a equipe até a unidade, que fica em um bairro com alto nível de criminalidade. Devido essa fragilidade, se fez necessário um rodÍzio nos veículos próprios dos profissionais para condução até o local. Também foi colocado como um fator agravante para a realização da ação, além do riscos da vulnerabilidade, a questão do gastos financeiros com a gasolina, nessas situações em que a prefeitura não disponibilizou o veículo.

Contudo, ficou evidente a importância de ações como essas para melhorar o acesso e a qualidade do atendimento à populações tão vulneráveis socialmente.

 

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada – manual técnico/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas – Brasília: Ministério da Saúde, 2005.

 

GUERREIRO, E.M. et al. O cuidado pré-natal na atenção básica de saúde sob o olhar de gestantes e enfermeiros. REME-Revista Mineira de Enfermagem. v.16, n.3, 2012. Brasil.

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde sexual e saúde reprodutiva / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 1. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013.

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