23 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

 

TÍTULO: AVALIAÇAO DE QUALIDADE DA ATENÇAO PRENATAL   NA ÁREA DA EQUIPE DE SAÚDE 115 NA UBS DR SALEM DUARTE.

ESPECIALIZANDO: DR JUAN DE DIOS MIRANDA  RIEUMONT.

ORIENTADOR: MARIA BETÂNIA MORAIS DE PAIVA.

Colaboradores.

  Enfermeira: Aldenora Fernandes de Queiroz .

  Técnica de enfermagem: Maria Luzanira Viana de Oliveira .

  Dentista: Kelly Patrisa Oliveira.

   Auxiliar de saúde Bucal: Antonieta Fernandes de Queiroz.

  Agente de saúde comunitária: Cosma Nunes da Silva Medeiros.

  Agente de saúde comunitária: Emmanuele Tayana dos Santos.

  Agente de saúde comunitária: Maria Alcineide Ferreira Duarte de Meneses.

  Agente de saúde comunitária: Maraia das Dores Lopes Duarte Cavalcante.

  Agente de saúde comunitária: Maria da Gloria Silva.

 Agente de saúde comunitária: Juana Fernandes da Silva.

  Agente de saúde comunitária: Maria Ubiracilda Linhares.

 Agente de saúde comunitária: Zoraide Pinheiro de Andrades.

 

Essa microintervenção irá mostrar como ocorre o atendimento ao pré-natal e puerpério na UBS Salem Duarte, através de ações programadas para a realização da abordagem as gestantes atendidas pela Unidade Básica de Saúde (UBS).

Em relação à demanda atendida pela UBS Salem Duarte, pode-se dizer que é formada em sua maioria por gestantes, hipertensos e diabéticos. Dessa forma, a escolha do problema se deu durante o trabalho como médico na unidade, onde tenho verificado que as mães pouco têm aderido ao ato de amamentar ou desmamam muito antes do período preconizado pelo Ministério da Saúde (MS), que é de por volta de 1 ano e 6 meses a 2 anos.

Muitas dessas mães estão inseridas ao grupo da população de baixa renda, com pouca escolaridade e com grandes influências culturais, assim decidem acrescentar na alimentação da criança já no primeiro mês, chás, água, leite em pó, leite de vaca, entre outros. Essas mães se justificam em acrescentar esse tipo de alimentação à dieta do bebê, pois afirmam que o leite não vai sustentar, ou ainda, muitas recebem a ajuda das avós, com seus conhecimentos culturais em plantas medicinais, oferecem chás ao bebê.

A maioria dessas mães e gestantes, por serem mães de primeira viagem, ou por terem pouco conhecimento sobre amamentação, é influenciada pelos familiares e que essas influências são devido à cultura, herança, costumes, crenças que são passadas de geração a geração e afetam a vida dessas mulheres, inclusive no período de amamentação.

Assim, diante de todas essas situações vivenciadas no dia-a-dia ao longo do trabalho na UBS, surgiu o interesse e mais do que isso, a urgência de realizar essa microintervenção para auxiliar na ampliação do conhecimento de gestantes e mães sobre a importância do aleitamento materno e sua continuidade até os 2 anos de idade.

Em minha UBS, o número de consultas de pré-natal está condizente ao preconizado pelo MS, ou seja, superior a 6 (seis) e assim a atenção especial deverá ser direcionada para as grávidas com maiores riscos. As consultas deverão ser mensal até a 28 semanas, quinzenais entre 28 e 36 semanas e quando o parto não ocorre, até 41 semanas, será necessário encaminhar a paciente para do bem estar fetal, para colher informações do índice do líquido amniótico e monitoramento cardíaco fetal, para definir a conduta, fazer trabalho de parto ou realizar uma cesária, observando menor risco de morte neonatal em pacientes submetidas a indução do parto com 41 semanas.

A nossa equipe promove ações educativas, para homens e mulheres, sobre a decisão de ter filhos ou não, mais não são suficientes para garantir uma consciência permanente na população assistida, pois muitos adolescentes chegam à consulta em estado de gestação avançado, sem uma prévia informação com relação  os métodos contraceptivos básicos que estão disponíveis na UBS.

Com relação aos métodos anticonceptivos, a equipe realiza a abordagem a respeito da necessidade de utilizá-los e como utilizá-los. Na nossa área de abrangência  o método mais utilizado é a anticoncepção oral, desse modo, explicamos às pacientes que os comprimidos são menos efetivos, pois ocorre o risco de esquecimento.

O levantamento periódico das gestantes do bairro sempre é realizado pelas Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) e nessa averiguação encontramos gestantes fazendo pré-natal em serviço privado. Os exames complementares recomendados durante gestação são avaliados adequadamente com orientações em cada consulta acerca dos cuidados nutricionais e sua importância, já que tem uma relação muito perto com doenças que trazem complicações nas gestantes e nas crianças.

 Os fatores sócios econômicos e culturais  influenciam negativamente, mais com um trabalho em equipe alcançaremos resultados  positivos. Em nossa realidade não identificamos gestantes com Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), mais avaliamos as condições de risco e também realizamos orientação sobre os riscos nos casos de exposição a tóxicos ambientais, os riscos do tabagismo e do uso rotineiro de bebidas alcoólicas e outras drogas. Destacamos sobre a importância de retornar para a consulta de puerpério e sobre amamentação durante os primeiros 6 messes de idade.

As  ações educativas que implementamos são realizadas através de palestras no serviços de saúde e em diversos espaços sociais existentes, com uma escuta aberta, sem julgamentos nem preconceitos, de forma que permite à mulher falar de sua intimidade com segurança, fortalece a gestante no seu caminho até o parto e ajuda a construir o seu conhecimento sobre si mesma, contribuindo para que tanto o parto quanto o nascimento sejam tranquilos e saudáveis.

Com relação a realização da microintervenção sobre o problema do desmame precoce, podemos inferir  que, de acordo com Polido et al (2011), em sua publicação sobre vivências maternas associadas ao aleitamento materno, é possível perceber que a amamentação exclusiva é indicada até a criança completar seis meses e a partir daí, deve ser complementada com outros alimentos até a criança chegar aos dois anos de idade, para que possa proteger a saúde da criança.

O Ministério da Saúde (2015), em seu manual do aleitamento materno e alimentação complementar, traz o aleitamento como uma estratégia eficaz que promove além da nutrição da criança, o vínculo entre mãe e filho:

“O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e constitui a mais sensível, econômica e eficaz intervenção para redução da morbimortalidade infantil. Permite ainda, um grandioso impacto na promoção da saúde integral da dupla mãe/bebê e regozijo de toda a sociedade. Se a manutenção do aleitamento materno é vital, a introdução de alimentos seguros, acessíveis e culturalmente aceitos na dieta da criança, em época oportuna e de forma adequada, é de notória importância para o desenvolvimento sustentável e equitativo de uma nação, para a promoção da alimentação saudável em consonância com os direitos humanos fundamentais e para a prevenção de distúrbios nutricionais de grande impacto em Saúde Pública (BRASIL, 2015, p. 07).”

 

Percebe-se que o aleitamento materno é a base da nutrição da criança e sua manutenção exclusiva até os seis meses gera um encontro entre a promoção da saúde e a melhora na qualidade de vida da mãe e do filho.

As Estratégias de abordagem às gestantes ocorreram mediante o acordado pela equipe de saúde, com as ações programadas:

 

  1. Capacitação sobre aleitamento materno para toda a Equipe de Saúde da Família (ESF)  na unidade que acontecerá no período de duas semanas;
  2. Visita domiciliar com ACS para convidar as gestantes e puérperas a participarem da reunião sobre aleitamento materno, no período de duas semanas;
  3. Ação educativa sobre aleitamento materno através de um grupo de conversa para as gestantes e as mães de crianças de 0 a 2 anos, para mostrar os benefícios da extensão e as consequências do desmame precoce, que acontecerá em uma data pré-estabelecida. Esta intervenção acontecerá totalmente no período de um mês;
  4. Iniciar as atividades grupais que serão desenvolvidas por meio de Círculos de Cultura, que são rodas de conversa onde os participantes trocam informações.

  Em reunião com a equipe, identificamos as potencialidades e fragilidades do trabalho em avaliação de qualidade da atenção pré-natal na área de saúde e pretendemos promover através de ações educativas, o aumento dos níveis culturais e responsabilidade da gestante e todas as mulheres em idade fértil. O enfoque educativo é um dos elementos fundamentais na qualidade da atenção à saúde e foi  identificada como uma fragilidade durante o processo.

As fragilidades e dificuldades em realizar essa microintervenção foram destacadas como a falta de mais trabalhos em grupo de gestantes, pois observamos que em grupo o assunto flui melhor.  Não contamos com Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) e há uma demora em apresentar os resultados dos exames de controle durante a gestação.

Essa microintervenção é relevante porque contribuiu para ampliar os conhecimentos da equipe multidisciplinar da Estratégia de Saúde da Família (ESF), pois esta receberá treinamento para melhorar o acolhimento às gestantes que frequentam a unidade, bem como, também contribuirá na qualidade de vida das puérperas e dos bebês.

Acredito que com a continuidade dessa estratégia, o pré-natal e puerpério será melhor abordado futuramente, progredindo para a integralidade e continuidade do cuidado. De uma forma geral, contribuirá para uma maior adesão ao aleitamento materno no bairro e com  maiores alcances, no município.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015.

POLIDO, C. G. et al. Vivências maternas associadas ao aleitamento materno exclusivo mais duradouro: um estudo etnográfico. Revista Acta Paul Enferm, v.24, n.5, São Paulo, 2011.

 

 

 

 

 

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