TÍTULO: NOVA PERSPECTIVA DE SAÚDE PSÍQUICA NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE.
ESPECIALIZANDO: Jose Luis Hernandez Guerra
ORIENTADOR: Maria Betânia Morais de Paiva
Na saúde mental, a integralidade da atenção objetiva permitir o contato e o acolhimento do sofrimento psíquico, apresentando respostas diferentes daquelas orientadas pelo modelo biomédico, que tem a doença como foco de intervenção. O desafio que se coloca é romper como a visão linear para ações de saúde e abarcar uma gama plural de outros profissionais para uma prática clínica que exige individualização do sujeito para que sua subjetividade seja escutada(LYRA, 2007).
A noção de integralidade pode ser considerada, também, como um eixo norteador de práticas e saberes que não estão restritos à organização de serviços ou à criação de modelos ideais, sendo essa noção compreendida como acesso e equidade. Para tanto, não basta a criação de novas unidades assistenciais, mas, sim, a ruptura com os valores segregadores de uma cultura psiquiátrica centrada no manicômio(AMARANTE,GULJOR;2005).
Além do mais, a Lei Federal nº 10.216, de abril de 2001, redireciona o modelo assistencial em saúde mental e dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais. Destaque-se que nessa lei está previsto o atendimento integral ao sujeito em sofrimento psíquico com serviços médicos, psicológicos, ocupacionais, de assistência social e de lazer(BRASIL, 2004).
Assim, a compreensão da integralidade da atenção está permeada pelo entendimento de que o sujeito é um ser de amplas e diferentes necessidades que não podem ser abordadas de forma isolada e, por vezes, descontínua. Ao contrário, para que se possa planejar e garantir a promoção e o exercício da saúde como qualidade de vida é fundamental gerar o máximo de interfaces possíveis, sejam entre as diferentes pastas e serviços do campo da saúde, sejam entre outros campos(SILVA, 2004).
A nova concepção de saúde mental, que visa priorizar o indivíduo e não a doença, oferecendo-lhe tratamento humanizado e de qualidade, resultou na criação de novos mecanismos e espaços de tratamento que provocam para a necessidade de uma ação intersetorial com as demais políticas sociais e de um trabalho pautado no fortalecimento e atuação em rede, que possibilite uma intervenção integrada, visando à integralidade no atendimento ao usuário (BREDOW; DRAVANZ, 2010).
A intersetorialidade na saúde mental coloca o usuário em uma nova concepção, não como doente, mas como pessoa que necessita ser um indivíduo humanizado e reconhecido dentro da sociedade e, para isso, foi preciso fortalecer as redes e trazer com elas as políticas sociais que intervêm visando a integralidade do usuário (SEVERO ,DIMENSTEIN, 2011).
No município de Mossoró a Rede de atenção à saúde mental, tem como porta de entrada as Unidades Básicas de Saúde (UBS), onde os usuários devem receber o primeiro atendimento, onde é avaliado de forma geral e se necessário, encaminhamento ao UPA, (Unidade de Pronto Atendimento), onde será reavaliado por especialista, psiquiatra, que decidirá a conduta e possíveis encaminhamentos a outros serviços, como Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Hospital São Camilo de Lellis, ou mesmo, retorno para a própria UBS de origem.
Em caso de surto o usuário deverá ser atendido primeiramente na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Santo Antônio, a qual é referência para urgência psiquiátrica, daí o paciente segue para o Hospital Regional Tarcísio Maia, Hospital Geral com leito psiquiátrico, onde o mesmo receberá os devidos cuidados para sair da crise e retornar a Unidade Básica de Saúde para encaminhamento ao especialista, e seguir o fluxo de atendimento.
Na UBS pela equipe 103, mensalmente são atendidos, cerca de 20 pacientes em sofrimento psíquico, esses usuários são cadastrados e acompanhados pelos Agentes Comunitários de Saúde(ACS), tendo consultas e ou visitas agendadas, trimestralmente. Realizam-se grupos de saúde mental como promoção ecomo forma de interação e socialização desses pacientes e seus familiares, através de palestras, rodam de conversas realizadas pela Equipe de Saúde da Família (ESF) e profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF).
Com base nas discussões e estudos a cerca do tema de saúde mental, foi visto a necessidade da confecção de um instrumento, capaz de sintetizar as informações necessárias sobre o paciente com sofrimento psíquico, bem como medicações e encaminhamentos realizados. PLANILHA. (Anexo I).
O instrumento foi apresentado à equipe em reunião semanal, sendo apresentada e discutida, quanto a sua importância e funcionalidade, feitas correções e adequações sugeridas pela equipe, levando em consideração as necessidades do paciente.
Em relação à saúde mental temos algumas fragilidades, em minha UBS, observamos muitos usuários em consumo elevado de psicotrópicos, sem avaliação periódica por especialista, o consumo das medicações se apresenta de forma permanente e viciosa, não havendo melhora evidente, pelo contrário ás reações à ingestão desmedida é freqüente. Exemplo:
(Paciente: GGGGG, 47 anos de idade, sexo feminino, acompanhado pela equipe 103, ACS XXX, com CID: F.32.0, diagnosticado por especialista psiquiatra, mais sem segmento a algum tempo, fazendo uso de Fluoxetina, Citalopram, Amitriptilina, três antidepressivos, dois com igual efeito (Inibidores da receptação da serotonina), mais um antidepressivo tricíclico. A paciente vem mostrando adversidades a medicação, apresentando efeitos indesejável, como falta de sono, perca de atenção e concentração, precisando uma avaliação imediata. A primeira avaliação foi feita por o equipe de saúde de UBS e encaminhada a especialista, mais com a dificuldade em retorno de consulta psiquiatra, vem apenas, sendo avaliada de forma geral pelo clinico da equipe com consultas e visitas domiciliares, sem toda via, avaliação necessária, do especialista, para adequação da medicação e consumo dos remédios controlados, dosagem, freqüência de ingestão dos mesmos. A equipe tem realizado atendimento constante, mas não se percebe melhora em seu quadro, tendo em vista, que a referida paciente que tem um CID que necessita que acompanhamento e reavaliação psiquiatra a curto prazo para ajusto de dosagens e ou mesmo substituição de medicamentos. Percebemos que, mesmo com toda atenção por parte da equipe de forma integral e acompanhamento por o médico de UBS , continua pendente sua avaliação por psiquiatria, para avanço e controle adequado de sua patologia.
A saúde mental no município tem dificuldade por a falta de médicos especialistas em psiquiatria e psicologia, provocando demoras nas avaliações de pacientes que necessitam mudar o tratamento o reforçarem a dosagem.
É necessário, em alguns casos, realização de visita domiciliar, com a equipe de estratégia de saúde da família enfermeira e o médico da equipe, pois, há alguns pacientes sem condição de ir a UBS, para a avaliação e acompanhamento devido. Precisamos garantir um acompanhamento especializado, pois existem casos de patologias, que necessitam de atendimento e/ou consultas especializadas de forma sistemáticas, mais sem perder o olhar e atenção da equipe de estratégia de saúde a qual esse usuário este vinculado.
Nessa perspectiva, vemos a necessidade da construção de uma nova forma de atender as pessoas com sofrimento psíquico, em seu próprio território, verificando os problemas e necessidades e adotando estratégias de apoio, principalmente, através do matriciamento realizado pelas às equipes da atenção básica, desenvolvendo atividades de educação permanente sobre saúde mental em parceria com os profissionais do NASF por meio de atendimento em conjunto, em situações complexas e visitas domiciliares, ou seja, a responsabilidade compartilhada dos casos. Só assim poderemos vislumbrar um caminho para a verdadeira mudança na saúde mental de nossa população.
REFERÊNCIAS:
AMARANTE, P;GULJOR, A.P. Reforma Psiquiátrica e Desinstituicionalização: a (Re) construção da Demanda no corpo Social. In: Pinheiro R., Mattos R.A., organizadores. Construção Social da Demanda: direito à saúde, trabalho em equipe, participação e espaços públicos. Rio de Janeiro (RJ): IMS/UERJ/CEPESC/ABRASCO; 2005. p. 65-76.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Secretaria de Atenção à Saúde. Legislação em Saúde Mental 1990 – 2004. 5ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2004. 340p. Série E. Legislação de Saúde Brasil, 2004.
BREDOW, SULEIMA GOMES; DRAVANZ, GLÓRIA MARIA. Atuação do Serviço Social na saúde Mental: entre os desaos e perspectivas para efetivação de uma política interse‑torial, integral e resolutiva. Textos & Contextos, Porto Alegre, v. 9, n. 2, p. 229‑243,ago./dez. 2010
DIMENSTEIN, M.; SALES, A. L.; GALVÃO, E.; SEVERO, A. K. Estratégia da Atenção Psicossocial e participação da família no cuidado em saúde mental. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 20 [ 4 ]: 1209-1226, 2010.
LYRA, M.A.A. Desafios da saúde mental na atenção básica. Cadernos IPUB. Saúde Mental na Atenção Básica. IPUB/UFRJ, 2007;13(24):66.
(PDF) Saúde mental, intersetorialidade e questão social: um estudo na ótica dos sujeitos Availablefrom: https://www.researchgate.net/publication/275677804_Saude_mental_intersetorialidade_e_questao_social_um_estudo_na_otica_dos_sujeitos [accessed Aug 20 2018].
SILVA, P.L; BRASIL, C.S. FAIT, C.S; MARCOLLA, G.R.S. WOYCICKI, J.R; MAYER, R.T.R. A interface Saúde Mental e Atenção Básica. Bol Saúde. 2004 jan/jun; 18(1): 141-55.
ANEXO I.
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Planilha de Acompanhamento Saúde Mental |
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DATA |
NOME DO USUÁRIO |
ACS |
CID |
MEDICAMENTO |
DOSAGEM |
TEMPO DE CONSUMO |
ACOMPANHAMENTO |
ENCAMINHAMENTO |
CONTRAREFERENCIA |
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Fonte: Proprio autor.
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