23 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

 Ações para tornar mais integral à Saúde Mental na UBS Vista Verde do Município de Natal-RN

Autor: Diogo Nazaré dos Santos

Orientador : Isaac Alencar Pinto

Na Unidade de Saúde em que atuo, há defasagem quanto ao registro dos usuários com demandas de saúde mental. Ao realizar uma reunião de equipe percebemos que não havia controle dos pacientes que utilizam benzodiazepinico nem outro neurolépticos. Além disso, como na minha unidade de saúde ficou muito tempo sem médico, os pacientes estavam mal acostumados a receberem a receita renovada sem que houvesse consulta ou qualquer contato com o médico.

A Rede de Saúde Mental do Município de Natal, conta com CAPS, NASF e CAPS AD. Na Unidade de Saúde Vista Verde contamos com o apoio do CAPS AD, não possuímos como referência CAPS e NASF. Busquei no site a Secretaria de Saúde de Natal um desenho da Rede de Saúde Mental, porém não foi possível encontrar. 

Diante disso, por saber que os medicamentos controlados tem maior risco de dependência, como os benzodiazepínicos, decidimos cadastrar todos os usuários que utilizam remédios de controle especial. Também decidimos que todos passassem por consulta para que fosse verificado se havia diagnóstico fechado, acompanhamento com psiquiatra bem como outros profissionais competentes.

A dificuldade em relação ao cadastro e consultar todos os pacientes seria pelo tempo e inúmeros pacientes em uso de tais medicamentos. Abaixo encontra-se a ficha modelo de controle.

Paciente

Prontuário

Dignóstico

Medicação

Dose

VD

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dessa forma, decidimos deixar um turno durante a semana só para os pacientes que utilizam medicamentos de controle especial, e ao mesmo tempo que registrávamos, aproveitava e contestava/confirmava os diagnósticos que foram feitos há algum tempo. Durante as consultas com os usuários, percebi que havia inúmeros utilizando benzodiazepinicos de forma incorreta, tanto com doses acima do recomendado, quanto por utilizar sem que haja necessidade para a patologia apresentada.

Uma grande dificuldade foi a aceitação dos usuários, pois como trata-se de medicamente com grande grau de dependência, alguns não estavam dispostos a tentar abandonar/substituir a terapia medicamentosa. Tentamos também encaminhar os pacientes com crise de ansiedade, para o grupo de caminhadas que há na região, visando melhorar a interação com outros usuários e também como forma de terapia não medicamentosa.

Havia em nossa área, um paciente que estava usando clonazepam 2mg duas vezes ao dia e também, utilizando diazepam 10 mg, 3 comprimidos por dia. Ou seja, ele utilizava dois medicamentos benzodiazepinicos, e ainda utilizava o diazepam acima da dose recomendada. Tentei contato com o CAPS/NASF, porém a Unidade de Saúde em que atuo tem como referência o CAPS AD. Assim, resolvi por conta própria ir reduzindo as doses e utilizando terapia substitutiva.  

Percebemos que havia muitos usuários abusando dos benzodiazepinicos, e isso a longo prazo traria consequências irreversíveis a saúde mental. Então, tal intervenção foi fundamental para perceber a importância de uma prescrição consciente. A importância de acompanhar os pacientes de uso de medicamentos de controle especial. Percebemos que devido à fragilidade das pessoas, junto à sensação de alivio pela remissão dos sintomas, acabam fazendo com que as mesmas tomem por conta própria e de forma desordenada alguns medicamentos. 

 

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