18 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

Título: Atenção e controle dos usuários com Doenças Crônicas Não Transmissíveis na Unidade Básica de Saúde Clemildo Amâncio dos Santos, do município de Umbaúba, no estado Sergipe.

Especializando: Lieni García Martín

Orientador: Maria Helena Pires Araújo Barbosa

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são um problema de saúde global. São doenças de causas multifatoriais que se desenvolvem no decorrer da vida e por longos períodos de tempo, que podem ou não ter resolutividade e não são transmissíveis de pessoa para pessoa. Na atualidade as DCNT são o motivo de consulta mais frequente no cotidiano da Unidade Básica de Saúde (UBS) Clemildo Amâncio dos Santos, do município de Umbaúba/SE, sendo um desafio para o trabalho da atenção primária à saúde.

A equipe no processo de organização do trabalho mensal realizou um cronograma para ter o acompanhamento organizado e programado das consultas dos usuários com DCNT, como a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e a Diabetes Mellitus (DM), embora exista a possibilidade do atendimento da demanda espontânea e por agendamento.

Quando há notificação de um caso novo de usuário com diagnóstico de HAS e/ou DM, seja pela contrarreferência de outro médico (particular ou do SUS) ou por ser usuário novo na área, o tempo de espera para a primeira consulta na unidade de saúde é de no máximo 7 dias. Nesse tempo o cliente recebe o atendimento médico para conseguir manter um bom controle da patologia e assim como evitar possíveis complicações.

A equipe utiliza protocolos para estratificação de risco dos usuários com hipertensão, o escore de risco de Framingham para doenças cardiovasculares e dessa forma os indivíduos são classificados como baixo, moderado e alto risco. Os principais fatores de risco para essas doenças são a hipertensão arterial, a dislipidemia, tabagismo e diabetes. Ademais, é utilizada a ficha de cadastro, além do prontuário individual de cada usuário, que está em acompanhamento na nossa unidade de saúde (pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes mellitus).

A equipe realizou uma reunião para autoavaliação utilizando como base os itens constantes no Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), que auxilia no planejamento de ações da equipe, conforme quadro 1. Foram identificados os nós críticos que devem ser trabalhados, assim como, as ações de intervenção que devem ser implementadas. A autoavaliação é o ponto de partida para as ações de melhoria e qualidade dos serviços.

Quadro 1: Questionário para avaliação do acompanhamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis na UBS Clemildo Amâncio dos Santos do município de Umbaúba, no estado de Sergipe.

 

 

Em relação às pessoas com HIPERTENSÃO ARTERIAL

Em relação às pessoas com DIABETES MELLITUS

QUESTÕES

SIM

NÃO

SIM

NÃO

A equipe realiza consulta para pessoas com hipertensão e/ou diabetes mellitus?

 

X

 

X

 

Normalmente, qual é o tempo de espera (em número de dias) para a primeira consulta de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes na unidade de saúde?

 

7 Dias

 

7 Dias

 

A equipe utiliza protocolos para estratificação de risco dos usuários com hipertensão?

 

X

 

 

 

A equipe avalia a existência de comorbidades e fatores de risco cardiovascular dos usuários hipertensos?

 

X

 

 

 

A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?

 

 

 

X

 

A equipe utiliza alguma ficha de cadastro ou acompanhamento de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes mellitus?

 

 

X

 

X

 

A equipe realiza acompanhamento de usuários com diagnóstico de doença cardíaca para pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial?

 

X

X

 

 

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com hipertensão arterial sistêmica em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

 

X

 

 

 

A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?

 

 

X

 

 

A equipe coordena a fila de espera e acompanhamento dos usuários com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes que necessitam de consultas e exames em outros pontos de atenção?

 

 

X

 

X

A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção?

 

 

 

 

X

 

X

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com diabetes mellitus em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

 

 

 

X

 

A equipe realiza exame do pé diabético periodicamente nos usuários?

 

 

 

X

 

A equipe realiza exame de fundo de olho periodicamente em pessoas com diabetes mellitus?

 

 

 

 

X

EM RELAÇÃO À ATENÇÃO À PESSOA COM OBESIDADE

 

QUESTÕES

SIM

NÃO

A equipe realiza avaliação antropométrica (peso e altura) dos usuários atendidos?

X

 

Após a identificação de usuário com obesidade (IMC≥ 30 kg/m2), a equipe realiza alguma ação?

X

 

Se SIM no item anterior, quais ações?

QUESTÕES

SIM

NÃO

Realiza o acompanhamento deste usuário na UBS

X

 

Oferta ações voltadas à  atividade física

X

 

Oferta ações voltadas à alimentação saudável

X

 

Aciona equipe de Apoio Matricial (NASF e outros) para apoiar o acompanhamento deste usuário na UBS

X

 

Encaminha para serviço especializado

X

 

Oferta grupo de educação em saúde para pessoas que querem perder peso

 

X

 

Das 5600 pessoas da nossa área de abrangência, 1006 indivíduos (17,96%) estão cadastrados como portadores de HAS. Esse número é resultado do trabalho em equipe, visto que foi um problema priorizado em virtude do baixo índice de usuários cadastrados.

Na reunião foi avaliado que a equipe possui um registro de cadastro de usuários com HAS e/ou DM. Desta forma foi feita a proposta para a ampliação desse registro com os usuários com essas doenças que tenham maior risco/gravidade, com a finalidade de especificar no registro os clientes que precisam ser encaminhados para outro ponto de atenção. O objetivo é garantir o registro atualizado de todos os usuários hipertensos e diabéticos do território e viabilizar o atendimento oportuno de acordo com as necessidades de saúde dos indivíduos com DCNT.

Outro elemento que não favorece a população da área de abrangência, é que o pessoal da equipe não coordena a fila de espera e o acompanhamento dos usuários com HAS e/ou DM que necessitam de consultas e exames em outros pontos de atenção. Essa atividade é feita a nível municipal na secretaria de saúde, com sistema automatizado.

Os dados foram coletados das seguintes fontes: registros da UBS, de fontes secundárias como Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), sala de situação, entrevistas com informantes-chave da comunidade utilizando questionários curtos e observação ativa da área pelos membros da equipe, especialmente os agentes comunitários de saúde. Foi necessário trabalhar com folhas de papel, canetas, laptop, como material de apoio.

Como dificuldade na realização da reunião, destaca-se que não tive 100% de assistência dos ACS, uma vez que eles estavam ausentes por 1 estar de férias, 1 licença maternidade e 1 atestado médico. Os principais fatores que dificultaram o controle dos usuários com DCNT foram, em grande parte, relacionados a situações desgastantes do dia a dia, à falta de enfrentamento da doença pela desinformação e à desorganização do processo de trabalho do serviço de saúde.

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com HAS e DM em função da estratificação dos casos e de elementos considerando ao usuário como um ser biopsicossocial. O acompanhamento é feito pelas recomendações do Ministério de Saúde para a atenção ao usuário com diagnóstico de HAS e DM, mas de acordo com cada demanda apresentada, os profissionais da equipe podem planejar o acompanhamento mais frequente.

Os usuários tem atendimento integral nas consultas na UBS e é realizado o exame do pé diabético periodicamente nos usuários. E caso seja necessário, a equipe realiza os curativos no domicílio, quando o usuário não consegue se movimentar até a instituição, e o material é fornecido pelos gestores municipais.

A equipe não realiza exame de fundo de olho em pessoas com diabetes mellitus nem com outras doenças, pois não tem o instrumento para fazer essa avaliação. Sendo assim, é preciso encaminhar o usuário para o oftalmologista e avaliar assim a existência ou não de complicações.

A equipe realiza avaliação antropométrica (peso, altura, IMC) dos usuários atendidos nas consultas programadas, agendadas e de demanda espontânea.  Após a identificação do usuário com obesidade (IMC≥ 30 kg/m2), a equipe realiza ações individuais para conseguir uma mudança no modo e estilo de vida do usuário, no acompanhamento que é feito vai desde exame físico, solicitação de exames complementares, atenção especializada na atenção secundária, assim como uma interrelação com o Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF – AB) e/ou Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), conforme as demandas identificadas pela equipe.

No município existe a Academia da Saúde, com atividades diárias propostas para os diferentes tipos de usuários e com diferentes opções no horário de atenção aos clientes. Além disso, os educadores físicos tem uma programação que é feita na UBS como oferta de ações voltadas à atividade física. Frequentemente são realizadas atividades coletivas na unidade em apoio das ações voltadas à alimentação saudável, com a finalidade de propiciar a adesão à modificação do estilo e modo de vida dos usuários.

A dificuldade identificada pela equipe durante a reunião realizada para esta microintervenção foi a ausência de um grupo de educação em saúde para pessoas que querem perder peso. Isso seria importante, pois a atenção primária tem como objetivo reduzir morbimortalidade por doenças e agravos não transmissíveis por meio de ações de promoção e educação em saúde, detecção precoce, tratamento e acompanhamento das pessoas com diagnóstico ou que apresentem fatores de risco para DCNT no território adscrito.


 

 

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